tag:blogger.com,1999:blog-79364142994208600472023-11-16T05:08:47.201-08:00meu canto além de mimpor Duda FerrazDuda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.comBlogger194125tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-73754001451065001392013-04-02T20:19:00.000-07:002013-04-02T20:19:54.746-07:00Querido Pai,Não sei quem inventou que os pais não são pra sempre. Me contaram que sempre foi assim. Na maior parte das vezes, chega um momento da vida de um filho que ele tem que aprender a viver sem a presença do seu pai. <div>
Eu tinha uns cinco anos quando te apelidei de gigante. Quando uns meninos idiotas começaram a me amedrontar, entrei em casa, te chamei e mostrei a tua mão a todos eles. No mesmo momento eles pararam de me chatear. Foi quando eu descobri que, não importava o tamanho do problema, se eu te chamasse, iria estar tudo bem.</div>
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Mal consigo imaginar como será daqui pra frente. Nesse turbilhão de emoções das últimas semanas, confesso que ainda não comecei a viver, de fato, sem você. Daqui a alguns dias não terá hospital, velório, missa e nem ligações. Não terão pêsames, condolências e sinto muitos. Será minha saudade e eu. Nós duas formando uma dupla imbatível de falta de você. E como você faz falta, pai.</div>
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Sua presença na minha vida ultrapassou os limites da paternidade e nossa relação foi de melhores amigos. Não lembro de só um assunto que não tenha conversado com você. Não lembro de decisão alguma que tenha tomado sem os seus conselhos. Você foi meu norte, meu sul, minha alma gêmea. Foi meu melhor amigo, o homem da minha vida, o alicerce de todas as horas. A minha âncora, a minha paz, a minha guerra. A minha honra.</div>
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O mundo perdeu um pouco da sua graça, da sua cor e do seu sorriso. Não tem mais tanta graça ouvir Chico Buarque, não tem quem corrija meus erros gramaticais e nem me console das ressacas morais. Não tem quem me cubra na hora de dormir, quem me chame de pacotinho e que me ajude com os trabalhos da faculdade com a mesma atenção e carinho das tarefas escolares. Para você, eu nunca deixei de ser 'de menor'.</div>
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Pai, tua voz estridente ainda grita em meu coração. E todas as vezes que o telefone toca, eu penso que é você. Todas as vezes que eu penso em te contar uma novidade, uma piada ou de apenas te pedir que me ensine a lidar com toda essa confusão. Queria ter tido mais tempo.</div>
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Você vai viver dentro de mim. Dizem que também vive nos meus detalhes físicos e na minha personalidade. Mas o que ninguém sabe é que você está vivo no meu coração.</div>
Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-19459761728585280812013-02-19T08:39:00.000-08:002013-02-19T08:39:09.042-08:00A queijadinha.Ele chegava e dizia 'meu fio adora um docinho, que nem eu'. Ele sabia que eu era uma formiguinha, que amava coisa doce, ainda mais doce de coco. Queijadinha foi e sempre será o meu doce favorito. E ele sabia. Sabia porque era o dele também.<br />
No dia que ele morreu ele tinha saído pra comprar queijadinha pra mim, com a minha mãe. Ela me disse que ele falou 'isso aqui é pro amor da gente'. Não sei se ela inventou isso para acalentar meu coração, mas eu acredito.<br />
Passei muito tempo sem comer uma queijadinha na vida. E, das que eu comi, nenhuma chegava aos pés da que ele comprava pra mim.<br />
Hoje levantei me sentindo estranha. Uma sensação de que alguma coisa vai acontecer. No caminho para o trabalho tem uma igreja. Não sou católica nem nada, mas entrei para tentar me sentir melhor. E lá eu tive vontade de chorar, tive vontade de sair correndo. Porque a vida não é nem metade do que a gente sonha. E pedi, silenciosamente, naquele momento que o meu avô cuidasse de mim.<br />
Logo hoje, depois do almoço, encontrei uma queijadinha que tem um gosto igual ao da infância.<br />
Vai saber.<br />
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Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-54806924420582483612013-02-04T17:57:00.001-08:002013-02-04T17:57:17.988-08:00madrugadaEu gosto da madrugada. É ela que guarda todos os sonhos, todos os desejos insanos e desesperados. É a madrugada que guarda o choro no travesseiro e o roçar de pernas na cama. A madrugada que guarda as saideiras, as conversas polêmicas e o silêncio. O silêncio dos culpados e dos inocentes. É ela que abriga todos os segredos. De todos nós que, noite a noite, passamos por ela e a confidenciamos tantas coisas. É na madrugada que eu gosto de viver.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-70443522704346555432013-01-30T18:52:00.001-08:002013-01-30T18:52:26.099-08:00Nós somos jovens.Nós somos jovens. Jovens. Eu não disse aventureiros e nem extrovertidos e nem namoradeiros. Eu disse jovens. E, dentro da imensidão da nossa imaturidade, temos todos os sonhos do mundo. Nós somos jovens. Podemos errar. E erramos! Podemos acertar e somos eleitos heróis. Somos forçados a tomar decisões, mas voltamos atrás. Porque jovens podem mudar de ideia o tempo inteiro. Escolhemos as roupas que vamos vestir, o estilo que vamos seguir e a nova música que vamos curtir. Escolhemos entre ketchup ou mostarda, cerveja ou vodka, direito ou teatro. Somos lindos. Independente de quão feio você é, quando se é jovem é que se é mais bonito.<br />
Nós somos jovens. Jovens. E podemos ser jovens até quando nós quisermos.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-51183979230585248152013-01-28T15:20:00.000-08:002013-01-28T15:20:23.825-08:00Toda vez que alguém fala da tragédia de Santa Maria, parece que eu levo um soco no meu peito. Não consigo mensurar o pavor que bate na minha garganta quando penso que poderia ter sido em qualquer lugar, até mesmo aqui. Até mesmo comigo.<br />
Não sei bem o motivo, mas desde que soube da tragédia, comecei a me lembrar de quando comecei a andar sozinha de casa para o colégio e do colégio para casa. Eu andava rezando para que nada de ruim me acontecesse e com as mãos geladas, com medo da vulnerabilidade de estar ali, sozinha, podendo qualquer pessoa me fazer mal. É assim que eu volto a me sentir hoje. Talvez, por alguns anos, eu e todos os jovens deste país tenhamos achado o que todos os jovens pensam: conosco não vai acontecer.<br />
Enquanto aquelas pessoas se arrumavam para sair, milhares de outros jovens também se embelezavam no sábado à noite. Provavelmente, muitos de nós dançamos as mesmas músicas que tocaram naquela boate e alguns até devem ter passado por situações parecidas. Rimos, cantamos e dançamos. Porque é isso o que os jovens fazem. Nós somos felizes, alegres e extrovertidos. Exatamente como a família da maioria das vítimas descreve os entes queridos que não sobreviveram.<br />
E a mídia expõe os casos mais chocantes. Como o pai que sentiu um pressentimento ruim e foi para a frente da boate. Ou o estudante que tinha mais de 120 chamadas não atendidas no celular. Ou o namorado que mandou uma sms para a amada avisando que não conseguiria sair. Porque o fogo começou a acabar, pouco a pouco, não só com a vida de cada um, mas com a esperança. E nenhum jovem merece viver sem esperança.<br />
O Brasil amanheceu de Luto. Foram mais de um milhão de sonhos cessados. Mais de 200 corpos enterrados. Mais de 100 estudantes feridos. Vidas que se transformaram em um segundo.<br />
Vai passar.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-60241929471459321442013-01-21T18:07:00.000-08:002013-01-21T18:07:08.030-08:00De 5ªEu e essa minha mania de achar que a gente vive num filme. Fico sempre tentando falar frases feitas, colocar a música na hora certa e tirar fotos em ângulos que me favorecem. O que eu nunca tinha me tocado é que não adianta forçar a barra para um romance ser igual nas telonas. As vezes é mais divertido, e até mais sincero, do que isso. Se nós fossemos estrelar um longa, seria um filme de quinta. Quinta categoria.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-11745914758047483722013-01-15T18:20:00.002-08:002013-01-15T18:20:56.842-08:00Terminando com amigos.Quando eu lembrar da gente, quero lembrar da gente rindo.<br />
Acabou tudo. O dia a dia com vocês miou, morgou, já deu. Foram 4 anos da gente se vendo dia e noite, de segunda a sábado, e isso deixou a gente tão parecido um com o outro que ninguém tem noção. Muitas vezes me pego falando expressões e palavras que não são coisas minhas. São de vocês. Porque chega uma hora na vida que, de tão amigos, começamos a nos misturar.<br />
Com a gente não foi diferente. Foi tudo junto e misturado. Foi, de longe, a experiência mais louca da minha vida. Eu não sei como consegui amar tanto e tanta gente em apenas 4 anos. Mas, acreditem em mim, foi amor demais e pra vida toda.<br />
E aí que agora tá batendo a síndrome de Peter Pan. Não estar com vocês significa mais do que não estar com vocês. Significa bola pra frente, carteira assinada, pagar as contas e se ver, uma vez por ano, naquele encontro da faculdade. Também significa que, cada vez mais, o "desce que eu to chegando" vai ficar mais parecido com o 'vamo marcar'. E, é claro, vamos arranjar outros amores diários. Porque o ser humano é assim, sabe? Precisa de amor no cotidiano. Talvez sejam os amigos do trabalho, ou da academia, ou do curso de francês. Mas vai aparecer outra turma, uma hora ou outra, para todos nós.<br />
É claro que não vamos deixar de ser amigos. Somos amigos para o resto da vida. E amigos não têm pressa. Não precisamos ver um amigo toda semana para que ele seja nosso. Mas é tão bom vê-lo sempre que deveria ser obrigatório.<br />
Eu, realmente, não sei como vai ser a minha vida sem vocês. Eu não sei muito bem quem eu sou agora. Não sei se vou ser hippie, atleta ou se vou ser dark. Mas sei que vou sentir saudade.<br />
Eu odeio despedidas. Mas, apesar de ser ruim, a gente sabe que é bom. Eu poderia poupar vocês desse drama ou apenas não expor isso num lugar público. Mas eu prefiro que fique aqui, porque se um dia vocês precisarem saber se são importantes pra alguém, voltem aqui, leiam, e se lembrem que vocês são parte de mim.<br />
Já to morrendo de saudades.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-7679961380753096952013-01-01T19:03:00.001-08:002013-01-01T19:03:27.312-08:00Sobre coragemÉ tão difícil ser sincero que quase ninguém é. ao longo dos anos, desde os nossos mais hipócritas ancestrais, se convencionou que algumas verdades são indelicadas e, portanto, é melhor não dizê-las. Pura bobagem. As verdades são ditas sempre, só que as vezes a gente não diz pra pessoa certa.<br />
Observar o comportamento humano sempre foi o meu hobby favorito. Não acredito que todos somos uma massa, aprecio muito nossas individualidades, mas admito que temos comportamentos bastante comuns. O medo, por exemplo, é quase sempre um passaporte para a fuga.<br />
Quando as coisas não estão indo bem, o que fazemos é fugir. Fugimos porque queremos ficar longe dos problemas. Fugimos porque é mais fácil. Fugimos porque, quase sempre, na fuga também vem a breve sensação de liberdade. A gente confunde muito.<br />
Bom mesmo é enfrentar as coisas, é ser corajoso. É enfrentar o medo. É difícil também, mas a gente começa com um passo.<br />
Por isso, meu maior pedido ao universo em 2013 é coragem.<br />
<br />Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-28227002349992410612012-12-30T15:43:00.000-08:002012-12-30T15:43:07.640-08:002012 - o inacreditável.Em 2011, eu passei a virada com dois amigos em uma festa num alto prédio do centro da cidade do Recife. Olhando os fogos que anunciavam no céu a chegada de 2011, eu só conseguia pedir uma coisa a deus, ao universo, aos bons espíritos ou seja lá quem me ouvisse: ser feliz. Tinha sido um ano muito duro, muito difícil. Eu precisava de descanso.<br />
2012 foi inacreditável. Logo em janeiro, uma dessas coisas que só acontecem em novela, aconteceu comigo. Ganhei um prêmio de 10 mil pilas para redecorar a minha casa. E aí eu, que sempre quis ajudar minha mãe, pude dar a ela uma "casa" novinha em folha. Foi maravilhoso.<br />
Em fevereiro, o menino com os olhos mais curiosos do mundo me encantou. A gente começou a namorar e eu pude, enfim, me sentir viva de novo.<br />
Já em agosto eu fiz 21 anos e, depois de ser considerada adulta no mundo inteiro, decidi que era a hora de ser criança de novo e resolvi pedir demissão do emprego e viver um pouco às custas da minha mãe. Precisei dar alguns passos para trás para poder seguir em frente. Consegui um novo emprego, me reafirmei como profissional e me senti em paz.<br />
Terminei um ciclo que pareceu uma eternidade, mas que ainda nem consigo dimensionar a saudade. A faculdade acabou e a emoção de me formar se confunde com a angústia de perder o contato diário com os meus amigos. Os meus melhores amigos. Coincidência ou não, foi o ano em que mais estivemos juntos, desde o início da faculdade.<br />
Venci um pouco o meu orgulho pedindo desculpas a quem magoei. Tentei ser um pouco menos ríspida com quem amo e, de volta, ganhei muito mais carinho.<br />
Crescer dói e é claro que em 2012 eu também senti dor. Também foi o ano da saudade, dos desencontros, das despedidas. Mas eu também ganhei muita gente, me senti renovada e tive forças para me reinventar. Mudei tudo: o cabelo, as roupas e os sonhos.<br />
2012 foi bom. Foi um ano que eu nunca vou esquecer. Eu fui tão feliz que mal posso acreditar.<br />
<br />Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-59470560343135451602012-12-07T07:00:00.001-08:002012-12-07T07:00:19.584-08:00Dezembro e o frio na barrigaTodo dezembro é a mesma coisa. As luzes iluminam a cidade e esquentam o meu coração. Eu queria viver num mundo que todo mês fosse dezembro. Que todo dia tivesse campanha solidária para juntar agasalho, roupa e comida para os mais necessitados. Que cartões fossem postos junto a presentes e que a gente abrisse o coração pra falar o quanto as pessoas são especiais. E as comidas? Pra mim, nenhuma época do ano é mais feliz.<br />
E eu, de ansiosa que sou, fico com um frio na barriga só de pensar em tudo que acontece em todos os dezembros. As mãos gelam em pensar em rever os amigos, fazer confraternizações e o constrangedor amigo secreto. Mas esse dezembro é especial.<br />
Nos últimos quatro anos, me relacionei com pessoas, fiz amigos e, principalmente, construí uma rotina. E, neste dezembro, tudo acaba. A rotina, a convivência diária, as conversas no meio do corredor com as amigas.<br />
Pode parecer papo colegial, mas a faculdade pra mim foi bem recreio, mesmo. Foi lá que eu conheci tantos amigos e amigas que hoje são os meus melhores. E foi lá que eu aprendi a ser quem eu sou de verdade.<br />
Depois deste dezembro, muita coisa vai mudar. De estudante, vou ser jornalista.<br />
Com saudades antecipadas do meu dezembro, espero os encontros e a despedida com muito frio na barriga.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-4110551783521680942012-11-16T20:03:00.001-08:002012-11-16T20:03:34.053-08:00.Tem que cuidar, proteger e regar. Senão o amor passa, vai embora e o que fica é só um coração vazio, esperando o próximo passageiro.<br />
Tem gente que não se importa em ser mais um. Que não se importa em não fazer a diferença, em não ser marcante. Essas pessoas não levam nada com elas e não deixam nada com a gente.<br />
E tem gente que não sabe a importância de ter alguém ao lado. Não sabe a importância de um cafuné, de um sorriso cúmplice ou dos pés lado a lado.<br />
Talvez um dia alguém entenda a minha sede de romantismo. Até lá, vou vivendo o meu mundo em escala de cinza, mas investindo em colorido sempre.Duda Ferrazhttp://www.blogger.com/profile/10729844905349306576noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-49021935086580448102012-09-24T18:46:00.000-07:002012-09-24T18:46:05.628-07:00O jantarLuciana sentou em uma cadeira que tinha vista para a porta de entrada do restaurante chic. Marcelo perguntou se ela queria frango ou carne bla bla bla, ela disse que sim. O telefone tocou, Marcelo passou mais ou menos dez minutos falando sobre trabalho com o amigo da firma. Luciana olhava ao redor. Um casal constrangia a todos com beijos calorosos, desses indecentes. Os garçons davam risinhos discretos e se entreolhavam, todos abismados com a indelicadeza do casal. A menina com uns 19 anos e o cara quase um trintão. Um senhor, sentado na mesa ao lado, fez 'rum huum' com a garganta, prevendo que a mocinha estava prestes a enfiar a língua na orelha do cara. Marcelo, que acabara de desligar o telefone, comentou "que falta de educação, né? Poderiam se agarrar em outro lugar" e Luciana deu um sorriso amarelo, fez que sim com a cabeça, mas só conseguia sentir inveja da mocinha, das línguas e da orelha.<div>
O garçom trouxe os pratos. Começaram a comer e, a cada garfada, Marcelo tinha mais medo. Medo que Luciana dissesse "que porra é essa", mas ela engolia cada pedaço e parecia pensativa. Ele conseguiu relaxar um pouco e aproveitar o sabor do filé ao molho madeira. Luciana até achou o prato de Marcelo mais bonito que o dela, pensou em pedir pra provar, mas seria indelicado.</div>
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Então ela lembrou daquele dia na casa de Bruno, em que ele cozinhou um cachorro quente muito ruim e os dois se lambuzavam de molho vermelho. Assim, sem se preocupar em parecer bela, educada ou de família, Luciana se sentia à vontade com Bruno como jamais se sentiu com Marcelo. Pena que, além de Luciana, Bruno fazia outras três garotas também se sentirem à vontade e aí o romance não durou. </div>
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Voltando ao filé ao molho madeira, Marcelo continuava a pensar "que porra é essa?" e pensava que Luciana sentia o mesmo. Mas já que ela nada falava, ele também resolvia se calar. Terminaram o jantar. "Sobremesa?" o garçom perguntou, quebrando o silêncio. Luciana disse "eu não quero, você quer?" bla bla bla, foram pra casa.</div>
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Boa noite, meu amor, até amanhã, amo você. E deitados em posições opostas - porque não tinha problema, era bom esticar a coluna e a claridade incomodava Luciana, dormir de conchinha era muito mainstream - dormiram abraçados com o medo de amanhã não conseguirem mais se olhar.</div>
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E ainda dizem que o amor engorda. O que engorda são as garfadas que a gente dá para evitar a conversa, as risadas e os beijos mal educados.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-55561338180201317002012-09-11T21:42:00.000-07:002012-09-11T21:42:19.870-07:00like a boyPedro acordou de um sono pesado. Há dias o vizinho fazia reforma no apartamento, o que impedia que as manhãs fossem silenciosas e as tardes fossem convidativas. Andava sendo difícil trocar a noite pelo dia, como Pedro mais gostava de fazer. Naquela semana, portanto, ele estava dormindo e acordando como a maior parte das pessoas - deitando com a madrugada e acordando com o sol.<div>
Pode ter sido essa mudança drástica de rotina ou a falta do que fazer que andava fazendo a mente de Pedro trair o seu coração e ter sonhos com ela. Betina, que há meses não dava notícias, aparecia em sonhos que não tinham nada a ver, sabe? Uma verdadeira intrusa na imaginação involuntária de Pedro. Ele sonhava que estava jogando futebol e, logo depois, via o sorriso de Betina na imaginária arquibancada. Sonhava que estava em um tiroteio e um dos assaltantes era a própria Betina. Depois sonhou com cartas de baralhos e, deus, quem estava estampada em todas as cartas? Betina, Betina, Betina. </div>
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Desempregado há três meses, as roupas estavam cada vez mais justas. A geladeira só tinha cerveja e água com gás. Mas pensando bem, ele só estava seguindo as regras. Afinal, há algo mais clichê do que um homem abandonado resolver deixar de trabalhar, fazer a barba e ir à academia? É isso que os homens fazem quando sofrem, não é? Bem, pelo menos era assim que Pedro fazia.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-36901075699745686712012-09-01T09:38:00.001-07:002012-09-01T09:38:22.200-07:00E se eu pudesse voltar atrás? E se eu quisesse reviver todos os momentos, voltar a realizar os planos, vestir as roupas, os sapatos do fundo armário? E se eu quiser frequentar aquele bar antigo, tomar aquele vinho barato e ouvir aquela música que foi sucesso na época? Eu posso?<br />
A gente muda o tempo inteiro. E o mundo tira um pouquinho de nós a cada dia. Um pouco da inocência, da delicadeza, da fé, da esperança. As risadas ficam mais longas, mas também ficam mais raras.<br />
Se eu pudesse voltar atrás, eu guardava mais momentos doces comigo. Eu tiraria mais fotos. Eu diria mais palavras sinceras. Eu evitaria brigas, eu seria menos egoísta. Beberia menos, comeria menos também. Talvez não.<br />
As vezes o passado vem para nos salvar de um presente tenebroso. As vezes o futuro. na verdade, era o passado.<br />
Vamos voltar a ser o que realmente faz sentido. Vamos voltar a ser nós.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-77920517485393564432012-08-26T21:22:00.004-07:002012-08-26T21:22:55.279-07:0021Lembro a primeira vez que eu fiquei sozinha em casa. Minha mãe tinha ido me buscar numa festa de aniversário de uma amiga da escola e o carro quebrou na volta pra casa. Voltamos andando e o meu pai voltou até lá com ela para resolver a situação do fiat uno azul metálico (horroroso, por sinal). Chovia muito naquela noite. Fiquei olhando da varanda a esquina da rua da minha casa, esperando que meus pais voltassem. Eles demoraram, no máximo, duas horas, mas parecia uma eternidade.<br />
Outro dia estava no ponto de ônibus e uma menina de uns 3 ou 4 anos me olhava e sorria. Então sorri de volta e ela falou para sua mãe "olha, mãe, a mulher tá rindo". Inconscientemente olhei para os lados, procurando a tal mulher. Acontece que aqui, no auge dos meus 21, eu ainda não tinha reparado que não sou mais uma menina. E, acreditem, aquilo me pegou de surpresa.<br />
Crescer dói. Dói pagar as contas e dói mais ainda arcar com as responsabilidades das nossas escolhas. Precisamos decidir o tempo inteiro. Açúcar ou adoçante, com ou sem leite, molho branco ou bolonhesa, ir de escada ou elevador, casar ou comprar um bicicleta. E todas, todas as nossas escolhas provocam reações. E não afetamos só a nós, afetamos a nossos pais, amigos, amantes, colegas de trabalho. Pessoas que lidam com o nosso mau humor, estresse, TPM e azia.<br />
Então vem esse medo de agir, medo de magoar alguém por agir errado. E as vezes nem o medo nos poupa de sermos imprudentes, impulsivos, extravagantes.<br />
Quando a gente tem medo aos 21 e não pode mais esperar os pais na varanda, o que a gente faz? Bem, eu acho que a gente deve começar a limpar toda a sujeira. Deve ser um bom começo.<br />
A primeira tarefa que eu preciso fazer aos 21, portanto, é essa. Limpar toda a sujeira.<br />
Vamos recomeçar. Com medo, é verdade. Mas quem tem medo também tem fé.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-69300379746543070222012-07-10T19:33:00.000-07:002012-07-10T19:33:19.118-07:00A ruaAna agarrava Jorge dentro do banheiro corporativo da firma.<br />
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Naquele mesmo instante, no mesmo empresarial, Guto, o motoboy, deixava seu telefone na mesa de Ronaldo, o recepcionista do escritório de arquitetura.</div>
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No mesmo bairro, ainda no mesmo quarteirão, Bia deixava Leo com olhos cheios de lágrima ao mostrar o seu coração alado tatuado com o nome dele nas costas.</div>
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Do outro lado da rua, Marcela dizia "sim" a Rodrigo na mesa forrada com toalha de linho do restaurante mais 'in' da cidade.</div>
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E por mais que houvesse tanto amor naquelas redondezas, eu só conseguia pensar em nós ali, parados dentro daquele carro. Esperando algo de bonito e salvador acontecer. Algo que tirasse as dúvidas, os medos, as preocupações corriqueiras. Pensei em abrir a boca, mas na mesma hora você também impulsionou o corpo pra frente, como quem ia tomar alguma atitude. Fiquei calada então. Mais alguns minutos se passaram, nada se disse.</div>
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Abri a porta do carro, olhei firme para você. Você sabia, naquele momento, o que eu estava querendo dizer. E o meu coração gritava "olha, se você não me sequestrar agora e me levar, sei lá, para o quinto dos infernos, eu saio deste carro e você nunca mais vai me ver". Você continuava olhando pra mim. Assim, como quem não espera que o pior aconteça. Como quem só espera um milagre.</div>
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Foi então que eu olhei bem nos castanhos dos teus olhos. Castanhos quase verdes, desses que dá pra se perder na profundidade, na dúvida e no mistério. Olhei e vi todas as nossas cenas. Nós, desconfortáveis, é verdade, no primeiro encontro. Depois naquele hotel barato da nossa primeira viagem juntos. E como não lembrar dos dias no hospital quando você cuidou de mim dia e noite sem parar?</div>
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Fechei a porta do carro. Peguei na sua mão. Respiramos juntos. Inclinei a cabeça para frente e disse "vamos". Você sorriu.</div>
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Jorge deixou Ana pela nova secretária. Guto não atendeu quando Ronaldo ligou. Bia cobriu o coração alado com um dragão. Marcela fugiu da igreja com uma mulher.</div>
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Mas eu e você estamos aqui. Dentro do carro, perdidos na imensidão do desespero e na certeza de todos os sorrisos.</div>
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<br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-54650567064678552792012-07-08T20:42:00.000-07:002012-07-08T20:42:15.550-07:00Músicas ruins.Cheiros, cores e objetos são traiçoeiros, mas nada é mais cruel do que uma música. Músicas te levam a outro lugar, te fazem lembrar de pessoas queridas e, muitas vezes, nem tão queridas assim. De repente, um ou dois acordes te chacoalham a memória e você se pergunta o que mudou.<div>
Eu ainda consigo sentir a respiração ofegante. O quarto escuro, as cortinas fechadas. Dias e dias sem sair para ver o sol. Apenas sentindo toda aquela dor e sofrimento. Na verdade eu acho que não sentia mais nada. Tudo já estava dormente, inclusive o meu coração.</div>
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É difícil lembrar de cada parte dessa história sem precisar engolir seco e respirar fundo. Mas quando eu lembro, a única coisa que faço é agradecer. Agradecer ao tempo, a deus, à força suprema, aos espíritos, ao paraíso, a alá, a buda, a qualquer coisa que possa interferir em nossas vidas, por ter conseguido superar aqueles dias em que a tristeza me visitou sem trégua.</div>
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A música está na metade agora. Irônico, há um trecho, apenas um trecho, que me remete a uma boa sensação. Era o show da minha banda favorita e eu erguia os braços para cima, pulava e cantava. Na minha cabeça, naquele momento, eu estava feliz. Mas apenas naquele momento.</div>
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Depois vem toda a cena da chuva, o medo e, mais uma vez, o quarto escuro e solitário.</div>
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A música está no fim agora. As lembranças vão se recolhendo em meu coração.</div>
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A próxima canção é animada e me lembra um final de semana entre amigos numa praia perto da minha cidade. As lembranças ruins, por ora, foram embora. Mas uma música sempre serve para lembrar que certas coisas não passam. Não passam nunca.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-27954907593821882282012-07-01T20:48:00.000-07:002012-07-01T20:48:05.287-07:00I believe in magicQuando somos pequenas, leem histórias de príncipes e princesas para que possamos dormir. Durante muito tempo, ouvi minhas amigas desejarem príncipes, castelos e cavalheirismo. Leia-se cavalheirismo como atitudes cordiais de abrir a porta do carro ou puxar a cadeira para a mocinha sentar. Um homem que use roupas apresentáveis e tenha dentes brancos.<br />
Mas do que vale ele pagar a conta se, durante o jantar, ele não ouviu uma palavra do que você disse e ainda te encheu os ouvidos falando sobre o modelo do próximo carro novo? É pensando assim que eu vejo o quanto a necessidade de parece viver um conto de fadas transforma a vida de muita gente em um verdadeiro inferno.<br />
Eu prefiro viver com alguém de carne, osso e coração. Alguém que não abra a porta do carro, mas que alise a minha cabeça até que eu consiga dormir. Não, eu não preciso de alguém que pague minhas contas. Mas eu preciso de alguém que ouça todas as minhas angústias e minhas vitórias no trabalho. Eu não quero alguém que use a mais alta costura. Sinceramente, prefiro encontrar furinhos nas velhas camisetas surradas.<br />
E quando eu tenho isso, acreditem, eu vivo o maior conto de fadas. Eu vivo cada olhar, cada toque ao som de uma balada só nossa. Eu não quero viver, jamais, como esses casais que não se falam durante o jantar e que vão para casa intactos, embalados na mais alta classe. Eu prefiro perder a linha com o meu par e, bêbados, rirmos da vida alheia e da nossa vida. Perder a classe, mas nunca perder o sorriso.<br />
Não, eu não acredito em príncipes e nem em cavalheirismo. Eu acredito em chamego, em agarrado, acredito em beijo de reconciliação e acredito em cafuné. Eu não acho que o que qualificaria um homem a ser digno de ser meu seria o jeito com que ele me trata com devoção e, sim, o jeito com que ele me trata com franqueza, com respeito e amor.<br />
Um cara desajeitado, com uma camisa surrada e sem a menor habilidade para abrir portas de carro pode transformar a sua vida em mágica. Basta saber qual o tipo de magia que vai importar no seu coração.<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-34491552754212570132012-06-20T19:08:00.004-07:002012-06-20T19:09:38.117-07:00casal de sorrisos largos.Entre todos os casais que já conheci, eles eram um dos mais bonitos. Os dois com sorrisos largos, pele morena, cabelos negros e olhos redondos. Pareciam irmãos, é verdade. Exceto pelo tesão visivelmente presente. Os dois ali, juntos, pareciam dar choque.<br />
Ela era meiga, dessas meninas que de tão bonitas todos tinham raiva só de olhar. Mas com tanta doçura, não cabia outra opção a não ser adorá-la. Ele era desses cabras charmosos. Tocava violão, falava francês e tinha os cabelos enrolados, que chamavam os dedos de qualquer menina para brincar em volta de sua nuca, descendo a mão pelos cachinhos negros que desciam até os olhos.<br />
Essa semana soube que eles não estão mais juntos. Brigaram, acabaram, parece que apareceu outra menina - para ele ou para ela, não entendi ao certo. Nunca fui próxima deles a ponto de ter coragem de chegar, na malandragem, e perguntar o que aconteceu. Mas que o meu peito doeu, doeu.<br />
É tão difícil você ver duas pessoas juntas e não conseguir imaginar uma sem a outra. É tão difícil um casal conseguir transmitir tanta paixão e tanto carinho para terceiros. Acho que quando é de verdade, os sentimentos ultrapassam o individual e transcendem as paredes, fazendo com que todos percebam o segredo dos dois. Aquele segredo que se diz ao pé do ouvido, assim, sussurrando, na imensidão de coisas de um 'eu amo você'.<br />
Aos dois, desejo toda felicidade do mundo sozinhos. Por mais que tenham deixado o mundo menos belo e mais infeliz não estando mais juntos. E que possam se encontrar, mais tarde quem sabe, dentro de um dia colorido. Quem sabe se reconheçam pelos cabelos negros, olhos redondos e sorrisos largos e continuem aquela história bonita que, mesmo acabando, ao meu ver foi infinita.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-22015637568779834372012-06-20T17:40:00.002-07:002012-06-20T17:43:30.363-07:00O anel do azar.Adoro um brechó, um bazar e afins. Acho o máximo. Me assusta um pouco vestir roupas de gente morta, é verdade, mas eu sou corajosa. Já comprei bolsas, vestidinhos, blusinhas e nunca tive problemas. Também conheço quem compre e acho que, hoje em dia, virou até hype.<br />
Acontece que entre todas as variedades disponíveis nos brechós da vida, eu nunca, nunquinha mesmo, simpatizei com uma coisa: as joias.<br />
Não que eu esteja falando de diamantes e esmeraldas, mas até as mais simples das bijoux me deixam receosas de comprá-las depois que alguém já tenha usado.<br />
Uma vez li, em alguma revista imbecil, que as joias carregam o peso do coração de uma mulher. Aquilo ficou na minha cabeça e sempre achei que pedras e correntes poderiam carregar energias por muito mais tempo do que roupas, móveis, casas ou carros. São objetos pessoalíssimos, desses que se escolhe a dedo antes de pôr no corpo.<br />
Pois bem, mês passado eu saí para almoçar com uma amiga e ela usava um lindo anel. Ela recatada toda, logo reconheceu que o anel era a-minha-cara e tirou do dedo para que eu pudesse experimentar. Quando ela viu meus olhinhos brilhando, concedeu que eu ficasse com a peça e eu pulei de alegria com o presente.<br />
Acontece que essa minha amiga não é lá o melhor exemplo para alto astral. Ela reclama de tudo, tudo mesmo, o tempo inteiro. E nada para ela é bom ou excelente. Acho que nunca a vi ter uma crise de riso. Enfim, uma pessoa das quais não descreveria como alguém leve.<br />
Hoje saí de casa parecendo que ainda estava de pijama e coloquei o anel para dar um up no visual. Ele, de tão lindo, ganhou logo o gosto das amigas do trabalho que perguntaram onde eu tinha comprado. Expliquei que tinha sido presente. Acontece que desde que eu pus aquele danado daquele anel, meu dia começou a dar errado.<br />
Veio uma dor de cabeça dos infernos, o trabalho, que estava super calmo, me prendeu até às 21h e o encontro marcado com o namorado foi cancelado por outros compromissos. Li um texto de uma ONG que me deixou com um nó na garganta até agora e perdi o ônibus para a faculdade.<br />
O tempo inteiro pensava 'tenho certeza que é essa porcaria no meu dedo', mas tentava pensar em outra coisa para não dar asas à minha fantástica imaginação. Exausta, na volta pra casa tomei um táxi e tirei o anel. Na mesma hora, o taxista liga a TV portátil e eu abro o primeiro sorriso do dia com uma cena da novela. O mundo parecia mais leve naquele momento.<br />
Cheguei em casa e encontrei mãe, avó e tia em frente à TV me esperando com pão doce para o jantar.<br />
Coincidência ou não, parece que o dia só começou quando guardei o anel na última gaveta jurando nunca mais usar. E a minha amiga que não me escute, mas boas vibrações são fundamentais.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-11270075010768057472012-06-12T06:22:00.000-07:002012-06-12T06:22:37.332-07:00O papel celofane.Ontem fui terminar de comprar o presente do dia dos namorados. Precisava de uma caixa bonita e muitos papéis coloridos, além de um papel celofane transparente, porque é muito mais bonito. Pois bem, esse texto vai seguir assim mesmo, viu? Bem brega. Continuando, a loja já iria fechar e nada do papel celofane transparente. Até que avisto um, o último. Pena que uma mocinha, com uma bela cesta de chocolates nas mãos, também viu e entramos em competição para ver quem, no final das contas, iria levar a melhor.<br />
Saí de lá rindo, pensando em como as mulheres são bobas. E acreditei que, naquele momento, enquanto eu lutava arduamente por um papel celofane com a tal fulana, nossos namorados assistiam TV e tomavam cerveja. Homem não liga pra essas coisas.<br />
Cheguei em casa morta de cansada. Mas eu e Lucas combinamos de trocar presentes na noite de ontem, então ainda terminei de montar o presente e me arrumei.<br />
Tínhamos pensado em ir a um restaurante fino e caro. Mas, no carro, decidimos ir no mesmo restaurante de sempre. Melhor assim. E à meia-noite, trocamos presentes. Lucas me deu um dos melhores presentes que já ganhei na vida. E, melhor, numa caixa, dessas que eu pensei que só as mocinhas compravam. Não tem escapatória, no final das contas todos somos bobos.<br />
Disseram que hoje era o dia do amor. Eu acho que hoje é um dia de comemoração, sim. Se o comércio determinou que hoje seria o dia dos namorados e que todos ganhariam presentes, acho muito justo lutarmos pelo último celofane da loja. Mas hoje tem que ser um dia de comemoração por tudo que você tem no coração.<br />
Quando Lucas toca a campainha da minha casa e eu fico nervosa querendo saber se eu tô bonita. Quando eu durmo junto dele e ele acorda de madrugada só pra fazer cafuné, mesmo acreditando que eu já durmo solenemente. Quando a gente briga e depois ri da briga, ridicularizando todos os defeitos e só deixando as coisas boas. Esses são os meus momentos preferidos.<br />
O amor provoca isso nas pessoas.<br />
E, por falar em amor, eu não consigo deixar de pensar em um dos meus melhores amigos, que se chama Ricardo. Ricardo, ou Cadinho, era o estereótipo do homem desacreditado. Todas as vezes que chorei por amor no ombro de Ricardo, ouvia coisas do tipo "isso passa, doido". E passava. Mas eu, apaixonada, acreditava na eternidade de todos os meus amores. Cadinho nunca acreditou. Nem nos amores dele, nem nos meus.<br />
Acontece que chegou uma menina na vida de Cadinho que mudou tudo. O menino começou a ficar endoidecido, com olhos brilhando e falando dela como quem fala de uma mistura de ursinho fofinho com pedra preciosa. Sim, Cadinho virou um homem meloso e apaixonado. Talvez ele nem saiba, mas hoje eu sinto um orgulho dele fora do comum. Ele, finalmente, abriu o peito para os sentimentos e agora se deixa levar por tudo, até mesmo pela crença na eternidade de um amor.<br />
Então hoje eu desejo um feliz dia do amor para o meu amor e para os meus amigos. Porque, no final das contas, somos todos crianças, correndo atrás de uma bela história para viver. Ou de um rolo de papel celofane para enfeitar.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-54084109625613942412012-05-17T07:06:00.002-07:002012-05-17T07:06:16.201-07:00A menina que ri altoOlha lá a menina que ri alto. A menina que fala alto. A menina que suspira alto. Tudo o que ela faz dá pra ver. Olha lá o coração dela pulsando por você sabe quem. As batidas são tão fortes que todos conseguem ouvir. E o calor do sangue das suas veias também dá pra sentir. Porque tudo que essa menina faz é de verdade, é humano e dá pra sentir bem no peito o quanto é sincera essa paixão dela pela vida, pelas pessoas e pelos momentos mais delicados e passageiros, mas que ela guarda no coração.<br />
Tá bem, tá certo que não é de bom tom utilizar sempre do exagero para seguir na vida. Precisa rir tão alto assim, menina? Precisa falar pros quatro cantos o que tá sentindo ou pensando? Essa menina não tem filtro não, é?<br />
Tem não. Ela é uma fratura exposta, sempre à mostra de quem quiser ver. Acontece que quando a gente se expõe muito, a gente mostra o que as pessoas querem e o que não querem ver. E o que quase ninguém quer ver é a verdade.<br />
Olha lá a menina ligando de novo pra ele, indo ao encontro dele. Olha lá como ela se joga na frente desse homem como quem se joga na frente de um caminhão e diz 'pode passar, eu vou me arrebentar todinha, mas eu não vou sair daqui'. E aí ela vive esse acidente passional de paixões, ilusões, desejos, suspiros, beijos, olhares e recordações. Ela vive no mundo dela, que não precisa ser meu ou seu. É dela.<br />
Olha lá a menina que ri alto. A menina que fala alto. Tudo o que ela faz dá pra ver. Você quer ver? Ela te mostra. Mas não tenha medo, não. É só uma menina rindo alto e dentro dela o coração pulsando em sangue e amor.<br />
<br />
<i><span style="font-size: x-small;">para Sthael.</span></i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-26186682090785597142012-05-13T15:37:00.001-07:002012-05-13T15:37:38.182-07:00famigliaMinha família nunca foi tradicional. Nós não somos chiques, não somos finos. Somos barulhentos e um pouco mal educados. Uma vez, o namorado da minha mãe disse que nos parecíamos uma família italiana. Mas eu acho que nós somos bem brasileiros mesmo. Desses, classe média, emergentes, farristas e trabalhadores. Nada de mais, nada de novo. Somos só mais uma família comum entre tantas outras por aí.<br />
Acontece que há quase três anos sofremos duas perdas. Meu avô e meu tio, patriarcas da família, morreram em menos de três meses de diferença. Sem dúvidas, o maior trauma de nossas vidas.<br />
Agora eu volto na memória há uns dez anos atrás. Eu e minhas primas trancadas no quarto, conversando. Era natal. Meu avô, no terraço, recebia cada membro da família. Os filhos na cozinha, conversando sobre problemas e soluções financeiras, minha avó no fogão, os primos mais novos brincando e os mais velhos dando apenas 'uma passadinha', pois tinham outras festas a comparecer. Tudo pelo meu avô que ali, sentadinho na cadeira do terraço, acompanhava o vai e vem. Vez em quando ele contava alguma piada, buscava um livro de fotos ou algo assim. Mas, era claro, estava todo mundo mais preocupado em comer, beber e, no final da noite,chegar em casa com a sensação do dever cumprido.<br />
A morte, pra mim, é um mistério. Ainda não aprendo a lidar com ela. As vezes choro compulsivamente, as vezes não consigo chorar. E já houve momentos até de sorrir. Porque, para mim, o amor transborda a vida. E é dessa forma, por esse amor, que a minha família superou o trauma.<br />
Hoje nós somos mais unidos, mais fortes e mais divertidos. Quando estamos juntos, estamos de verdade. E não por obrigação ou dever, não por não saber até quando iremos ter essa oportunidade. Somos jovens. Viveremos muito ainda. Mas nos juntamos, sempre que possível, para celebrar a vida. Porque hoje, para nós, a companhia da família é a melhor companhia do mundo.<br />
A família também cresceu. Vieram as esposas, os maridos e os bebês. Hoje são três bebês que cumprem papel de filhos, netos, bisnetos e tataranetos. São a continuação. Do sangue, da tradição e da vida.<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh8iSHaeH4x61y97gwUwIrNj6r328FN7oR5kShdMMyFqtOw11nFBRyXsQVSX8Yny-9Fnu9AN2750wtUOj4Nd-IvVWhPQ9tcwXjuVHrUHm3cxvUSeCagGuKnVb4vWHz9HRAkL2BFkamxww8/s1600/2012-05-13+13.00.21.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh8iSHaeH4x61y97gwUwIrNj6r328FN7oR5kShdMMyFqtOw11nFBRyXsQVSX8Yny-9Fnu9AN2750wtUOj4Nd-IvVWhPQ9tcwXjuVHrUHm3cxvUSeCagGuKnVb4vWHz9HRAkL2BFkamxww8/s320/2012-05-13+13.00.21.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Escritas da família no dia das mães antecipado (12/05)</td></tr>
</tbody></table>
Por isso, aprecie sua família ao máximo. Sabe aquele tio do pavê? Ele te adora, mesmo quando reclama que você tá comendo a sobremesa pela quinta vez. E cada família é linda. Seja uma família tradicional, uma família de dois, de três, uma família gay, uma família sem pais ou sem filhos. Uma família de amigos, por que não?! Aproveitemos o amor que transborda na união de alguns. Porque, no final da noite, meus amigos, o que pesa é o coração.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-83240395139313907652012-05-07T20:19:00.001-07:002012-05-07T20:19:24.001-07:00manual para apaixonados."Começo de namoro é tão bom. Aproveite o começo." Todos ouvimos isso. O tempo inteiro. Dos nossos pais, amigos e do comercial do chocolate. Também passou no Fantástico que a paixão tinha tempo certo para acabar e que você tinha que correr até que todo o encanto passasse, até que tudo virasse pó.<br />
Mas será que as paixões são tão efêmeras desse jeito? Eu amo brigadeiro há vinte anos. Será que um dia vou deixar de gostar? Será que um dia vou deixar de ouvir Caetano? Será que uma hora vamos todos parar de tomar coca-cola? Não. São nossas coisas prediletas. E eu, meus amigos, nasci com o dom de me apaixonar eternamente não só por bebidas, comidas e artistas. Eu me apaixono perdidamente, determinadamente e eternamente por pessoas.<br />
Sou do tipo que, em uma festa, paro por um momento e observo os meus amigos que, de tão lindos, me emocionam. Como não prestar atenção na nossa risada, no carinho, no jeito com que eles chamam uns aos outros com apelidos adolescentes e como contamos as mesmas histórias por vezes infinitas? Como não amar minha mãe cada dia mais quando ela chega do trabalho, me dá um beijo na testa e entra no banho cantando a música da novela?<br />
As pessoas são incríveis. Sabe essa pessoa que está do seu lado? Por favor, nunca deixe de olhar pra ela dessa forma. Nunca deixe de observar o jeito que ela ri, a forma que ela olha quando está brava e o sorriso sem graça que ela se esforça para soltar mesmo quando a sua piada não tem graça alguma. Não se esqueça da doçura do boa noite, das risadas cúmplices e das mãos dadas no cinema.<br />
Por favor, não deixe de perceber a pele macia, o abraço confortável e a delicadeza de um beijo apaixonado. Nos dias tristes, tire ao menos dez minutos para lembrar dos seus momentos mais felizes e faça das lembranças boas um álibi contra todo o mal.<br />
Juntos somos mais fortes. Vencemos o velho conceito, a matéria do fantástico e o comercial do chocolate. Porque não há nada mais bonito do que se reapaixonar todos os dias pela mesma pessoa. Somos muitos. Vamos nos descobrir e desafiar as leis da validade. O amor é infinito.<br />
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<br />Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7936414299420860047.post-84830834327283780922012-05-06T21:53:00.003-07:002012-05-06T21:53:44.262-07:00flight,E se não for pra sempre? E se tudo que você planeja, sonha, quer for comprometido pelo ciúme, pelo desgaste. pelos objetivos opostos? São tantas perguntas e questões que o mais fácil, e melhor, a fazer é ignorá-las. Fingir que as possibilidades ruins não existem. E viver. Viver a perfeição de cada momento, por mais efêmero e passageiro.<br />
Se eu pudesse fazer um pedido, eu pediria que os sorrisos e a paixão de agora fossem eternizados porque não há momento mais doce e lindo do que a inocência de um começo. Não há conforto mais feliz do que os teus braços e não há sensação mais maravilhosa do que acordar com sua barba roçando no meu pescoço.<br />
E aí eu vou construindo uma redoma de flores. Com um monte de sorrisos e palavras bonitas que é pra quando a tempestade chegar a gente ter lugar para se esconder.<br />
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<br />Unknownnoreply@blogger.com0