segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

E aquele jeito dela, de se apaixonar por um momento, uma música ou um sorriso. Ela se apaixonada quase todos os dias por alguém que via passar na janela do ônibus, na rua de casa, por alguém que ela imaginava existir. Gostava de imaginar a vida das pessoas, os cotidianos e as crises possíveis. Era apaixonada por gente, sentia um calor dentro de si, o coração pulsar, quando estava rodeada de pessoas. Gostava das vozes, dos dentes, das mãos. Gostava de falar e ouvir as vozes desaparecerem no ar, ecos. Se apaixonava todos os dias e também fazia apaixonar. Ela era um arco-íris temperamental. Era linda, parecia um sonho. E todos olhavam pra ela e se sentiam em casa. Ela tinha esse cheiro, esse cheiro de lençol velhinho e gostoso. Esse jeito meio tímido e nada tímido ao mesmo tempo. Ela não tinha vergonha de se expor e se virava ao avesso, mostrava a alma. Engolia homens e mulheres com o seu gigante coração.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

E então ela acordou assustada com os pingos de chuva que invadiam a janela e molhavam seu corpo sobre a cama. Apesar de sentir aquelas gotas frias entrarem como facadas na pele, não se moveu. Afinal, era uma coisa diferente. Há meses suas noites eram rotineiras e monótonas, deixar o corpo ser molhado pela chuva era uma aventura.