quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sofia : adeus, anel de coco


Saiu do banho, olhou a janela e decidiu sair. Vestiu o vestido predileto, deu uma olhada na geladeira, tomou o resto de coca-cola sem gás e deixou os pratos de ontem para lavar amanhã. Colocou água na plantinha, ligou a secretaria eletrônica, deu a última conferida no espelho e bateu a porta. Decidiu descer de escada e chegando na garagem resolveu ir a pé. Mas... ir aonde? Tanta pressa, tanto esquema, mas o rumo ela não tinha. Parou na banca de revistas, comprou cigarros e uma revista sobre música. Saiu andando pela rua e decidiu ir à praia. Estava chovendo, Sofia achava a chuva batendo no mar uma das 7 coisas mais lindas do mundo. Sentou na calçada e viu todo mundo indo embora da praia, se enrolando nas toalhas, reclamando da chuva que cortou o barato do sol. "Mais uma vez estou na contramão", pensou e apertou os olhos, deixando cair duas gotinhas de uma água mais salgada que a chuva. Entrelaçou as mãos, sentiu o anel de coco na mão direita "ah, era aliança de compromisso, mas agora é só anel', quantas vezes deu essa explicação. Foi tirando lentamente o anel de seu dedo, olhou para ele como se fosse o mais precioso dos diamantes, fechou os olhos, como quem não queria ver o que estava fazendo e jogouno chão. Sem olhar pra baixo, se levantou e disse baixinho:

-Eu não preciso mais de você

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sofia: dia de ressaca

Sofia estava completamente exausta. Chegou em casa, tirou os sapatos, pensou em tirar a maquiagem mas daria muito trabalho. Olhou o dia lá fora, que começava a raiar, e pensou 'hoje é dia de ressaca'. Suspirou e deprimiu, quase que ao mesmo tempo. Dia de ressaca significava um dia inteirinho sozinha em casa, em frente à TV e sem ninguém para sair, beber e esquecer (necessariamente nessa ordem). Sofia andava querendo esquecer a novela, o aluguel, o hospital, as dívidas, o ex-namorado, o microondas que tava quebrado. Queria esquecer essa vida normal, esse cotidiano barato (nem tão barato, porque o que ela andava gastando em cerveja...), queria esquecer seu nome. Numa confusão de tédio, choro travado e sono ela vai até a janela e acende um cigarro. Na primeira tragada lembrou que não tinha comprado a marca habitual e sentiu vontade de vomitar com aquele gosto novo. Olhou no relógio, eram 6:22. Pensou em caminhar, mas foi só olhar os pés ainda marcados (e massacrados) com a fivela da sandália que desistiu. Deitou na cama, fechou os olhos, ficou num meio termo entre dormir e imaginar. O telefone toca, Sofia pensa quem está atrapalhando seu sono e se surpreende ao ver o relógio marcando 11:57, ela ainda se sentia tão cansada, como se não tivesse chegado nem perto de sua cama. De péssimo humor atendeu o telefone:

-Oi
-Sofia? Oi, é Augusto
-Ah, oi. É... Oi, o que foi?
-Não foi nada, eu tava viajando, voltei hoje, lembrei de você

Um sorriso no céu da boca quase sai até os lábios de Sofia, mas ela o reprime e repete o mantra compulsivamente em sua mente "ele não presta, ele não gosta de você". Mas Sofia gostava dele mesmo assim.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

quando crescer quero ser jornalista


Decidi fazer jornalismo quando fui oradora da turma na oitava série. Na verdade acho que já falava sobre o assunto antes, mas foi quando percebi que meu singelo texto de oitava série tinha transbordado emoções nas pessoas, que senti que emocionar através da palavra escrita era o que eu queria fazer. Entendo emoção como qualquer nível de sentimento que se explode diante de determinado fato. E, mesmo sabendo o quanto seria duro e difícil, acreditei naquilo que achava digno. Na semana passada o Brasil levou uma linda facada, mas ainda não começou a sangrar. O diploma do curso de jornalismo foi avaliado como desnecessário. Fomos todos vítimas de uma conspiração daqueles que julgam a notícia apenas mercadoria e não levam em consideração o direito de informação (falo da informação verdadeira e respeitosa, diferente dessas que andam circulando há algum tempo). Fazer jornalismo consiste em liberdade de pensamento, ética e respeito. Respeito que foi ignorado quando não se levou em conta a imensidão de pessoas afetadas, principalmente financeiramente (mas é claro que se levou em conta o número de pessoas beneficiadas, principalmente financeiramente). Sim, meus amigos, em breve o Jornal Nacional será apresentado pela Mulher Melancia e o Latino já deve estar se preparando para assumir o Jornal da Globo. Como se não bastasse uma população que é incrivelmente educada para a arte do não saber, colocarão para informar aqueles que também não sabem. Eu também não sei, mas almejei saber. O futuro promete ser triste e talvez ainda mais cruel para nós, JORNALISTAS. O resto, isso que estão querendo empurrar à sociedade, eu não sei quem são. Talvez oportunistas, talvez pobres coitados. Voto nos coitados.


Mesmo assim, ainda quero ser jornalista quando crescer.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

carrossel do amor

"Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome", como na música de Calcanhoto, olhei para os lados e vi todas as cores que me pertenciam. Vi que cada uma delas hoje possuem outros tons e percebi que dentro de mim possuo uma aquarela que me faz sentir viva. Sinto pulsar, bater, gritar dentro de mim. Ainda pinto aquelas cores, sempre vou pintar.