segunda-feira, 31 de agosto de 2009

palavras sagradas

Sempre que me perco tento voltar ao início. O início me diz muita coisa, inclusive me lembra para onde eu estava indo, então posso retomar o trajeto sem mais confusão. Hoje acordei confusa e peguei o cartão que Papai me escreveu no último dia 24. Apenas Papai tem o dom de me escrever ensinamentos em tão poucas linhas. Aqui vai o cartão :

Muito Amada Filha,

Sei que existo, logo penso (Descartes invertido) que as etapas vivenciadas e vencidas, nessa viagem que ainda não se fez longa, são aquelas realizadas através da excelência do seu caráter, do seu agir sempre ético, da prática constante dos seus atos justos, da sensibilidade exaltecida na construção e fidelidade aos amigos e no amor de filha.

Luminosidade, transparência, lucidez e paixão pela vida, fazem de você um ser humano para quem a felicidade é condição natural e destino de uma mulher que certamente irá ultrapassar as fronteiras do conhecido: No estudo e no amor.
Fundamental: "Da queda, um passo de dança. Da procura, um encontro".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

flores amarelas não valem muita coisa


E como saber quem é quem? Como saber quem você pode ou quem você não pode confiar? Como saber quem vai te fazer feliz, quem vai te fazer sofrer? Tantas dúvidas deixavam Sofia tonta e com vontade de vomitar. As flores na sala, com o pedido de desculpas, não faziam efeito nenhum. Ela ainda tinha vontade de chorar, vontade de esquecer tudo o que viu e ouviu. Ela olhou para as flores mais uma vez e enfim conseguiu reparar suas cores: eram brancas e amarelas. Ela recordou do dia que falou a ele "as flores amarelas resolvem todos os problemas do mundo", e sorriu de sua própria inocência. Sofia enfim percebeu que para certas coisas só existe um remédio: o tempo. Flores não curam tudo, ela tinha sido enganada quando a tinham ensinado isso. E agora? O que fazer com esse corte tão profundo, doloroso e invisível? Como tirar de seus pensamentos a imagem de ingratidão que não parava de girar em sua mente? Como se sentir quando você dar o seu melhor e não consegue? Sofia olhou pela janela e o dia estava ironicamente bonito. Dentro dela, um caos. Lá fora, tudo bem. Ela fechou a janela para que o brilho do dia não ofuscasse sua tristeza. Jogou as flores amarelas na lixeira e foi deitar, com a esperança de que dias melhores iriam chegar, que o tempo cicatrizasse o ferimento e que sua boca perdesse o gosto de sangue.

domingo, 23 de agosto de 2009

um mais oito

Não resisto a aniversários. Não mesmo, nem um pouquinho. Eles me seduzem, me comovem, me emocionam. E por mais extra.clichê que pareça, eu sempre termino fazendo o bom e velho balanço de vida aqui por essas épocas. Amanhã eu faço dezoito anos. Minha bisavó tem 98, minha mãe tem 50, meu pai 58. Meu pai, minha mãe e minha bisavó ainda erram, então eu nem preciso falar o quanto eu, com meus 18 anos de vida, sou errante. Engraçado que eles também tem outra coisa em comum, já ouvi os três falando algo parecido com a frase 'não sabemos nada sobre a vida'. Engraçado que eu, com 18, achava que sabia. Eu não sei. Não sei de nada mesmo, nadinha. E nem quero saber muita coisa dessa tal de vida. Eu só quero me aproveitar dela, sugar o que ela tem de bom. Até porque eu sei que essa vida é safada, quando a gente menos espera ela vai embora. Bom, mas olhando assim pra trás, nesse pouco de estrada que eu tenho aqui atrás, eu consigo ver muitas mudanças - a ressaltar os últimos meses. As coisas mudaram, eu mudei. Ou apenas tirei alguma pele que havia sobre mim. Eu parei de ter vergonha do que eu gostava, do que eu sentia, do que eu queria. Eu conheci muita gente boa, muita gente eu sei que é só fogo de palha e que talvez não me acompanhe nessa viagem, mas tem um punhado de gente que entrou na minha vida nos últimos tempos que eu confesso que não sei mais viver sem. Também tenho aquela velha e confortante certeza dos 'velhos e bons'. Eles são a única coisa que não muda em mim, meu sentimento por eles permanece sempre aqui, intacto. Talvez eles sejam a única ponte de quem eu era pra quem eu sou e isso me dá chão. Confesso que em um ano consegui muitas coisas. Perdi o medo do escuro, mas ainda tenho medo de sapo e rã. Entrei na faculdade, senti saudades da escola, chorei ao rever antigos amigos, ri ao encontrar novos. Tive noites secretas, compartilhei segredos, caminhei de mãos dadas. Chorei e sorri por amor. Duvidei, me decepcionei, me iludi, acreditei. E lá no fim das tantas eu ainda acho que deva existir uma luz no fim do túnel. Ainda acredito em Deus. Ainda rezo à noite, peço para ser guiada por Ele. Alguns acham bobagem, mas eu continuo a ter Fé. Entendi meus pais e percebi que não adianta, eu jamais vou ter pais normais, jamais vou ter uma família convencional, mas mesmo com toda essa 'maluquice' que me ronda, eu não mudaria NADA neles, nada mesmo. Cheguei até aqui. Espero ir mais e mais e mais e mais longe. Espero ser feliz.

[Bel, Marcela, Catarina, Ana, Jhon, Pedrinho, Duda-lee, Luiza G., Gabi, Thiago, Renan, Malu, Maroca, Nathy, Maga, Brunna, Daniel, Diego, Louise, Tatiana, Rafael, Ricardo, Solanja, Rodrigo, Miguel e Edilene, muito obrigada ♥]

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

I know I'll be alright


E se ela tivesse a liberdade de voltar, fazer tudo diferente? Se tivesse a chance de se entregar a quem não fez, de dizer o que não falou, de dizer 'não' ao invés de sim e vice-versa? Como seria? Quem seria? Com o que tinha dava pra viver, dava pra aguentar. As vezes, em dias laranjas, pensava que tinha muito. Nem todos os dias são laranjas. Era irresponsável, não gostava de ser a culpada de nada. Nesse momento era a única pessoa que podia fazer algo por si. E não estava fazendo. Cheia de dúvidas, cheia de mágoas, cheia de esperanças, cheia de sonhos. Voltou a sua vidinha previsível e deixou de ousar querer mais. Se contentou com o que tinha, se convenceu de que era o bastante e resolveu esperar. Mais uma vez.

sábado, 8 de agosto de 2009

Sofia: laranja.

Estava eu sentada na sala, olhando o sol se pôr entre os monumentos de concreto, vendo o chão de minha sala ficar laranja. Eu, Sofia, sempre gostei de ver o chão laranja. E também sempre gostei de ver o sol se pôr, mas naquela tarde nada daquilo me chamava mais a atenção do que uma certa conversa, obtida em um certo momento, com uma certa pessoa. Me senti presa de repente, quando percebi que meus desejos e vontades estão limitados ao viável e ao possível. Tudo o que quero depende de algo e esse algo quase sempre joga no outro time. Meu desejo de última hora se chama 'amor'. Amor que desejo transbordar, entender e sentir (sem questão de ordem). A gente não ama quando quer, mas quando a gente ama a gente sempre quer. Quer mais, quer de novo, quer todo dia. Eu, naquela tarde laranja, não sabia o que queria, mas fosse lá o que fosse, eu sabia com quem era. Por fim me senti livre do passado pesado, toquei as pontas dos meus dedos no chão; meus dedos também ficaram laranjas. O que me levaria ao próximo capítulo? Eu não sabia. Eu ainda não sei. Mas uma certeza tomou conta de mim, a de que mesmo quando o 'algo' joga no outro time, existe um sol se pondo lá fora, existe o laranja do apartamento. E eu ainda existia ali. Uma leve intuição me dizia que algo de grande estava para acontecer...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dentro de mim há uma exaustão. Tantos vasos quebrados, sonhos acabados, ilusões. Não há rancor, mas há tristeza. Tristeza do que não foi, daquilo que eu queria que tivesse sido. Sinto pena de cada pedacinho meu que se perdeu ao longo de todas as quedas. Quedas... Como caí! Caí, levantei, caí de novo, de novo, de novo... Caí como um patinho. Sempre foi fácil me enganar. Hoje pela primeira vez sinto algo acordar dentro de mim. Aquela parte morta, cinza, o tabu dos meus sentidos. Chega alguém que pisa em um lugar que há muito ninguém pisava, alguém que me promete nada mais que a verdade. Sinto um aperto no peito de saudade, uma coragem de seguir em frente, uma vontade de deixar isso crescer. Estou com medo. Medo do que vem pela frente, medo do novo, do estranho, do presente futuro que me aguarda. O que será que me aguarda? Eu estou a esperar e a desejar. Merda.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

parte II


Alô, som, gravando. Começou a segunda parte, aquela que é sempre mais difícil e emocionante. As coisas estão mais claras, as pessoas novas já não são tão novas e quem é quem fica mais evidente. O meu coração grita, chora, ri, tudo ao mesmo tempo. E que tempo é esse que passa cada vez mais rápido? Que me faz confundir meus sentimentos, minhas alegrias com minhas angústias, meu amor com o meu ódio. O tempo está passando, o relógio corre, a vida acontecendo e tudo vai mudando. E como mudou. Mudou em 1 mês, mas já tinha mudado antes. Teve coisa que mudou em uma semana, mas também tem coisa que continua no lugar. Assumir o que você é de verdade, sem medo do que os outros vão pensar. Estar feliz com quem lhe faz bem, independente de quem seja. Fazer alguém feliz. Sorrir. Estar em frente ao espelho e se sentir pura e verdadeira. Falar 'não' sem culpa, e 'sim' também. Viver, viver, viver. Viver é o novo mantra.