quarta-feira, 26 de maio de 2010

'Dificilmente se arranca a lembrança, a lembrança, a lembrança, a lembrança... Por isso na primeira vez dói, por isso não se esquece a dor'

É, a gente não se esquece do que dói, né. Essa música de Otto é sensacional. E tocou bem na alma. 

É crua...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Me bateu uma saudade tão grande agora. Lembrei de todos nós em volta da mesa. Era uma contagem regressiva para o ano que iria chegar. Estávamos todos de mãos dadas. Era lindo. Você quis ouvir aquela música, como era mesmo a música? "Voltei, pra rever os amigos que um dia
eu deixei a chorar de alegria, me acompanha o meu violão..." E aí a gente brindou. Brindamos à saúde, à alegria e ao nosso amor. Você passou um tempo calado e viu a gente beber e comer. Você estava feliz. Quando penso em momentos felizes, hoje, eu penso nisso. Penso em tudo o que fomos um dia, lembro de tudo que passamos juntos. E é isso que me mantém viva.


eu vou viver mais e mais. eu vou viver pelo teu amor.

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Seria por uma banalidade, ela sabia. Depois de aguentar tantos fardos, fatos e falsos, ela sabia que por uma simples agulhinha, iria pirar. Pirou. Não tinha mais força para formar frases que fizessem sentido. Jogou tudo pro alto. Pediu demissão, acabou o namoro, fugiu de casa. Jogou o telefone celular no mar, perdeu a carteira, os documentos, se perdeu. Tirou o relógio do pulso, se sentiu livre. Olhou o céu, tentou respirar, respirar, respirar. Viu que ao seu redor as pessoas passavam, a olhavam, deviam cogitar "essa daí não tem mais nada o que fazer da vida". Ela tinha. Tinha tanto a se fazer, tanto que resolveu não fazer nada. Sabia que logo alguém chegaria para tirá-la do "surto". Encostou os pés na areia, alisou os próprios cabelos. "Queria um cafuné", pensou. Mas já que não tinha ninguém, ela mesma poderia fazê-lo. E se alisou, se deu carinho. Se entendeu. Estava com aquela sensação ninguémnomundomeentende e foi quando ele chegou, suado.
-Você está louca? Todo mundo está procurando você

Ela sorriu, como que desdenhasse da frase,

-'Todo mundo' quem?
-Todas as pessoas que você conseguiu tirar do sério, com esse sumiço sem pé ou cabeça

Ela sentiu vontade de explicar. Sentiu mesmo. Mas não, sabia que se esforçaria, mas ele não entenderia. Há coisas que só a gente entende, não é verdade? Então fez o que sabia fazer de melhor. Fingiu.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lavou o rosto com força, parecia querer se machucar. Deixou, de propósito, o sabão entrar nos olhos. Talvez se algo ardesse ou doesse muito, ela conseguisse esquecer a mágoa que habitava em seu peito naquele instante. Decepção. Tristeza. Sofia estava indignada, perplexa. Qualquer termo mais exagerado e dramático também cai bem.
O que ela não entendia era a contradição do mundo sentimentalista. Ama, mas maltrata. Cuida, mas esquece. Entende, mas não compreende. Confessa, mas não muda. Um cansaço avassalador possuiu seu corpo. Quis deitar e não acordar nunca mais. Diante de tantos perdões, tantos recomeços, tantas chances de fazer tudo dar certo. Não deu certo. O pior é que Sofia sabia que aquela não seria a última vez que sentiria aquilo. As coisas não iriam mudar.
A vontade era de correr descalça, como que para se sentir viva de novo. O mundo inteiro se acabando, tudo se dissolvendo, mas Sofia sorria. Apenas esse tal assunto, esse tal de amor, a tirava o equilíbrio. Era justo? Não, não era justo. Ia acontecer de novo? Sim, ela sabia disso. Então por que não conseguia dar um basta em tudo isso? Isso ela não conseguiu responder. Aliás, ela não conseguiu agir. Sufocada pelo choro, engasgou com a própria angústia.
Ela estava se acostumando. Pobre Sofia.

domingo, 16 de maio de 2010

Resenha - Robin Hood

As lembranças que eu tinha na mente da lenda de Robin Hood eram de um cara com um chapéu verde, que roubava dos ricos para ajudar os pobres. Mas também me lembro que nunca consegui gostar desse carinha como se gosta de um herói. Talvez, pelo senso crítico de uma criança, que aponta 'roubar é errado' e a imaturidade da compreensão das exceções e não exceções.
Ontem assisti o Robin Hood na versão 2010. Ao entrar na sala percebi que o público infantil ou juvenil não exisita. Só adultos, sérios e com uma expressão de ansiedade no rosto. Estavam todos, como eu, curiosos para saber como fariam para transformar aquele herói meio termo que não conseguimos gostar na época de criança, em um grande herói na telona.
A primeira coisa que me impressionou foi Russell Crowe. Gosto do seu trabalho, mas gostei ainda mais depois de ver o quanto ele encarou o personagem. Mas Crowe não é um ator apropriado para mocinhos de cinema. Ele é rude. Percebi que não teríamos um herói manso nem idiota. Ganharíamos um cara brilhante, mas não mais do que um ser humano.
O filme conta com um elenco de peso. Também há espaço para todos os personagens, conseguimos conhecer o perfil de cada um. E então, temos um Robin Hood que troca a flecha por uma espada. Bingo para o diretor! A flecha entra nos momentos decisivos do filme, fazendo a gente lembrar que não se trata de Tróia, Gladiador ou Cruzada. O filme ainda é dele, do nosso pseudo mocinho.
Fala de amor entre pai e filho, homem e mulher, rei e sociedade, sociedade e sua cidade. Trata da raça pura do ser humano. Da grandeza e coragem de uma mulher, da verdadeira humanização de um padre.
Ainda aponto para a trilha sonora e a fotografia. Tudo maquiavélicamente planejado para nossa redenção. Ridley Scott , mais uma vez, me fez virar fã de seus filmes, como aconteceu com 'Rede de Mentiras', 'Hannibal' e 'O Gângster'. O cara é realmente bom, meus amigos.

Robin Hood me surpreendeu e, bem no começo da minha idade adulta, ele para mim virou herói.

Por: Maria Eduarda Ferraz

quarta-feira, 5 de maio de 2010

pode sempre piorar.

Foi quando ela olhou nos olhos dele, desesperada. Do rosto dela gritavam expressões, frases desesperadas. Ele, pleno, a olhava com ternura. A face dele parecia um pouco distante, ela chegou a duvidar se era ele, realmente. Ele pegou sua mão. Ela chorava, chorava, chorava. Ele disse 'vai ficar tudo bem'. E ela sentiu os problemas pesarem ainda mais em suas costas. Monstros não a deixavam dormir, todo aquele peso, toda aquela angústia. E, até ela, que nunca perdia o sorriso, se rendeu às lágrimas infinitas. Queria abraçá-lo, mas não podia. Queria que qualquer coisa boa acontecesse, só para poder acreditar que coisas boas ainda acontecessem, só para não perder a esperança. Esperança? Que esperança? Não era mais esperança, era senso de justiça. Se já tinha tanta coisa ruim acontecendo, não acreditava que coisas piores estavam por vir. Estavam? Ela repetia, silenciosamente, para si mesma "VAI PASSAR". E da última vez que pensou isso, pensou tão alto que ele chegou a escutar. Voltou até o plano dela, deu um beijo em sua testa, desejou boa noite. Ela, com raiva, disse se sentir sozinha e não o perdoar por não estar mais ali. Ele sorriu. Ela tentou interpretar aquele sorriso como um anúncio de quem sabia mais do que ela. E quando o sol raiou ela teve que enfrentar o mundo, mesmo com tantas facadas em seu peito.