segunda-feira, 18 de maio de 2009

O garoto da casa ao lado

Sofia pegou o jornal, tomou um gole do café. Ouviu algum estrondo na rua, uma batida de carro talvez, então levantou-se e foi até a janela. Viu que algumas pessoas também tinham ido ver o tal estrondo, mas não tinha nada na rua... Talvez tenha sido algum maluco que passou fazendo graça. Levantou os olhos e viu o céu, abaixou um pouco e viu a antena parabólica de um dos prédios vizinhos ao seu e foi só descer um milímetro de sua visão que se deparou com a janela. A janela da casa de Augusto, a tal janela que há algum tempo fazia Sofia suspirar. Ela lembrou de quando acompanhava os passos que Augusto dava de sua casa até a dela e de como seu coração gelava quando ouvia a campanhia de sua casa tocar. Como num flashback chegou a sentir o perfume de Augusto novamente, quase podia toca-lo, pois ainda lembrava do tom de sua voz e da textura de sua pele. De repente Sofia sentiu um sorriso no céu de sua boca, tinha boas lembranças. Muitas. Talvez as coisas tivessem tomado rumos diferentes dos que eles imaginaram, e talvez esse caminho de agora fosse sem volta. Mas as rosas que tinham cultivado eram eternas e essas sempre valeriam a pena recordar. Rosas, que nem as que o porteiro trouxe para Sofia numa terça-feira modorrenta.

'Para sempre teu, para sempre meu, para sempre nosso'

quarta-feira, 13 de maio de 2009

desconserta-se ao rever teu antigo amor

Sofia saiu apressada, quase corria. Ela não sabia para onde estava indo, mas seu coração sentia necessidade de sair daquela casa, tomar novos rumos (mesmo que tão instantâneos e breves como um miojo de galinha caipira). Bem, mas no meio do caminho tinha alguém, tinha um caminho no meio de alguém. Olhou para os pés, não precisava ver seu rosto, sabia que era ele! Era Edgar, amor mais fervoroso que Sofia já viveu na vida. Não o maior, mas o mais fervoroso. Sofia gelou e pensou em sumir, mas Edgar a viu e estava vindo em sua direção. Como se tempo e espaço fossem dimensões volúveis, ao mesmo tempo que seus pensamentos giravam em frações de segundo, Edgar parecia ter asas nos pés, pois estava chegando muito rápido e Sofia ainda não tinha idéia do que fazer, dizer, onde enfiar as mãos. Edgar chegou pleno, calmo e sorridente, elogiou Sofia e brincou com coisas que ela nem acreditou que ele ainda lembrasse. Assim como chegou, disse que estava apressado e precisava ir. Sofia ficou intacta, quase tinha que lembrar de respirar. Como alguém que tinha saído de sua vida há tanto tempo ainda a fazia ter tonturas de nervosa? Lembrou dos dias em que ela e Edgar passavam horas no telefone, riam juntos (e como riam!) e também lembrou que não sabia ao certo o por que não tinha dado certo. 'A gente não pode saber de tudo nessa vida, Sofia' - foi o que sua mãe e todas as suas amigas lhe disseram. Mas para Sofia, lá no fundo, tanto ela como Edgar sabiam sim. De tudo.

sábado, 9 de maio de 2009

-Mas eu não quero te perder
-Eu sei, mas olha o mundo lá fora, ele é tão grande...

abriu a cortina, voltou seus olhos para o horizonte e continuou

-...você merece muito mais desse mundo. Não é justo que você faça de mim o seu universo
-Mas e se eu quiser? Eu sou ciente do que quero
-Eu jamais deixaria você fazer isso
-Não entendo o motivo
-Eu amo você

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sorrindo foi a condição.

Olhou para o céu. Pensou em Rodrigo, em João, em Edgar. Pensou nesse menino de agora, nesse que andava investindo nela e que ela inacreditavelmente não conseguia enxergar a menor graça. Perguntou a si mesma o por que de tanto azedume com o moço e não conseguiu achar resposta. Sentiu vontade de comer leite condensado com as melhores amigas, debatendo os possíveis motivos. Lembrou que uma mudou de cidade, a outra tinha casado e a outra... bem, elas já não tinham tanto tempo uma para a outra agora, tinham crescido. Pensou mais uma vez em Edgar, João e Rodrigo e lembrou de como ria com eles, de como sentia vontade de sorrir, mesmo sem motivos. Era isso! BINGO! O menino de agora não a fazia rir. Esse era motivo do azedume, do desespero, do sacrifício em ser cordial. Sofia abriu sua agenda e riscou o telefone de 'x'- o tal menino de agora. E se ficar sozinha era a condição, ela aceitou. E lembrando de Rodrigo, João e Edgar viu que com eles, mesmo em pensamento, jamais estaria completamente só. E então ela sorriu.