terça-feira, 27 de setembro de 2011

Aos que desistem

Escrevo nesse blog há um tempo e não, não acredito que alguém leia meus desabafos, minhas crenças, meus delírios. Porém, hoje vou pedir que, se tiver alguém aí lendo essa baboseira, você me ajude a desvendar o grande mistério da vida: por que as pessoas desistem?Eu entendo alguém desistir do emprego e ir morar no campo. Entendo as pessoas que desistem de comer carne e viram vegetarianas. Entendo as pessoas que desistem de engordar e fazem dietas ou desistem de emagrecer e tomam milkshakes. Eu entendo, juro que entendo. Mas eu nunca consegui entender aqueles que desistem do amor e, pior, de um amor real. Me digam, por favor me digam, o que diabos vocês tem na cabeça?
Não falo do amor romântico, não falo do amor abstrato. Tô falando de amor prático, amor companheiro, amor enfermeiro, amor que limpa seu vômito no dia pós bebedeira, que divide a conta com você, que assiste filme passando a mão no seu cabelo, que te dá boa noite antes de dormir, que escuta toda a briga que você teve com a sua mãe. Tô falando daquele amor ridículo que te faz ter apelidinhos ridículos, que te faz enfrentar o trânsito da cidade para um encontro.
E aí, um belo dia, vocês decidem acreditar que o desamor é melhor? Acreditam que as festas, as ficadas, a balada, as cervejas sem limites, os telefones que você vai conseguir com marca de batom, todos eles vão ser melhores do que aquele pé quentinho ao seu lado na cama? Deus do céu, seu imbecil, o que te faz acreditar que isso é melhor do que alguém que te ama, te deseja, te quer bem?
Acho que essas pessoas escolhem, de fato, a infelicidade. O masoquismo da solidão de um domingo pós farra, a ficha que cai ao perceber que todo mundo segue sua vida e que você, sem clichê, está sozinho. Sério, o que te faz pensar que a vida é melhor sem ele, ela, sem vocês dois juntos?
Para mim, todos burros. Burros e infelizes, querem sofrer e jamais acordar com um sorriso e um "amo você'. Sim, meu bem, porque a mocinha da balada não te ama. E, se ela disser isso, provavelmente bebeu muita vodka e confundiu com o ex dela que também desistiu.
Prestem mais atenção na pessoa ao seu lado. Prestem mais atenção no jeito que ela come, no sorriso dela, na forma dela de fazer perguntas, no jeito que ele coça a barba ou mexe a cabeça quando está irritado. Lembre que vocês dois amam pão de queijo, lembrem que com ela você não tem vergonha de pedir a promoção do restaurante e que confessam, um para outro, não gostar tanto assim de Beatles. E se, mesmo assim, você preferir a solidão de um copo de uísque, com muito ou pouco gelo e umas gatinhas para azarar, meu querido, eu tenho pena de você. Vão ser sozinhos lá na china, eu quero mais é amar.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Change!

Existe coisa mais clichê do que dizer que cada pessoa que passa em nossa vida é única? Porém, há clichê mais correto?
Há pessoas que mudam a nossa vida. Reviram tudo, nos deixam de perna bamba. Transformam nossa rotina, nem que seja a rotina do pensamento. E aí a gente se pergunta "mas como foi mesmo que isso aconteceu?". Há coisas que não sabemos o início, só nos damos conta quando estamos lá no meio da história. Completamente envolvidos, completamente encantados, quiçá, completamente apaixonados. Há momentos difíceis pelos quais passamos que nos endurecem, nos transformam e nos tornam diferentes do que imaginávamos que seríamos. E vamos lidando de maneiras inesperadas com os momentos inesperados da vida, pois não teria graça se tudo fosse tão previsível e cinza como um dia de domingo.
Eu gosto de vermelho, de fervor. Gosto de cores fortes, roupas coloridas, esmaltes chamativos. Não, não gosto de cores neutras, pessoas neutras, sentimentos neutros. Venha cá, me traga intensidade. Me mostre o paraíso, me leve ao inferno, mas me faça pulsar. Eu quero sentir meu coração extrapolando o meu peito, quero esperar você na janela, quero suar em pensar que você está chegando. Vem, me abraça, me olha, me deixa na dúvida, brinca de bem me quer ou mal me quer comigo, mas me tira dessa paz, desses momentos tão simples e calmos que não combinam comigo nem com o meu coração.
Me faça arrancar os cabelos, enlouquecer, tomar doses de uisque. Mas mude, mude a minha vida. Para sempre.

domingo, 18 de setembro de 2011

Domingo.

Você acorda, olha a hora. A cabeça lateja um pouco, a boca está seca e tudo que você quer é água. Relembra das risadas da noite que passou, lembra do amigo dançando aquela música ridícula e se lembra do garoto que te beijou no corredor entre os banheiros feminino e masculino. Também lembra que ele não pediu seu telefone, não perguntou o seu nome, não disse como se chamava. E, dessa forma, mais um final de semana passou e você fez tantas coisas legais. Bebeu, dançou, riu, beijou, dormiu. Mas, pera aí, isso aí é a descrição desse final de semana ou do da semana passada? A verdade é que todos os domingos são idênticos. Muita história para contar, mas nada que te faça pulsar, que te faça engolir aquele sorriso bobo. E a vida segue na mesmice, com as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, com as mesmas conversas. E você tá aí, achando o máximo.
As pessoas tem medo de envolvimento. É mais fácil fugir, fingir. Não estão preparadas para nada real. Não estão preparadas para uma boa conversa, um bom vinho, um bom filme, uma boa companhia. Preferem quantidade à qualidade. Preferem não ter a correr riscos de ter e perder. Preferem cantadas vazias na fila do banheiro, pois falar dos próprios sentimentos assusta.
A quem culpar? Todos temos medo. Medo do que podemos ser, essa é a verdade. Medo de se machucar. Todos nós, de uma maneira ou de outra, estamos muito machucados ainda - seja lá com qualquer coisa. Seja com a rejeição do Paulinho da alfabetização ou do namoro que acabou há um ano. E aí vestimos a camisa da independência do sábado à noite, mas no domingo não há como negar. Você está sozinho.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

quinze de setembro.

O destino é muito, muito malandro. Eu jamais imaginei que um dia, um dia como esses, fosse retratado através dos meus textos bobos. Mas é o que me resta e vou tentar fazer da maneira mais bonita que conseguir.
Você já teve um grande amor? Amor de uma vida inteira, amor que te faz dividir tudo, esperar tudo, doar tudo. Amor que te faz ser tudo. Esperar acordada até o outro chegar do trabalho, chorar de alegria quando ele obtém uma grande vitória, suar frio em imaginar perder. Amar de corpo, alma, sentimento, espírito. Ter a certeza que o amor vem de muitas, muitas vidas. Pedir que deus proteja essa pessoa, pedir mais por ela do que por você. Você já amou? Sim, eu já amei. Amei e amo muito.
Acontece que as vezes a vida nos separa. Meu pai me disse uma vez que separar e unir são os dois princípios universais do amor, pois é preciso reconhecer se é justo ou não estar perto de quem ama. Nós não fomos tudo aquilo que seu desejei, e e acreditei, sermos. Quebramos, partimos, acabamos. E hoje é a primeira vez após muitas vezes que não vou estar ao seu lado no seu aniversário, que não vou te abraçar forte, te desejar coisas lindas e pedir, com muita força, para que ainda passe muitas datas como essa com você. Hoje, para mim,  será um dia completamente normal. Não estarei presente nas comemorações, nas fotos e nem nas recordações. E também sei que a tendência será essa. A cada ano que chegar será mais e mais comum estar longe e até esqueceremos do aniversário um do outro, talvez daqui a 10 anos eu não me lembre mais se você era de virgem ou de aquário. Mas hoje, hoje o dia quinze de setembro ainda é um dos dias mais bonitos do ano para mim  e eu vou aproveitar para te desejar mil e uma coisas lindas, para te dizer que você merece o mundo inteiro e , por mais clichê que isso seja, que eu te desejo todas as coisas boas. Mesmo. Eu quero que você tenha um novo ano maravilhoso, cheio de esperança, cheio de realizações, cheio de presentes da vida. Que você tenha dias lindos com seus amigos, sua família. Que só chore se for de alegria, que sorria até a barriga doer, que ouça a sua música preferida várias vezes, que ria com vídeos novos do youtube, que beba muita cerveja e coma muito chocolate, carne, farofa e purê de queijo. Que seja um ano incrível, que seja o melhor ano da sua vida.
De todo o meu coração, feliz aniversário. Agora são vinte e uma primaveras, já é um homem diante do mundo. Um homem maravilhoso, cheio de qualidades, de sonhos e de força.
Boa sorte.

sábado, 10 de setembro de 2011

Amargura.

Acordou meio amassada. Em meio ao cheiro de vodka que ainda reinava no quarto, sua boca seca e a sensação de que um trem tinha passado em cima dela denunciavam - a farra tinha sido longa. Levantou-se e esbarrando em alguns móveis, abriu a janela. Linda vista de uma praia paradisíaca. Tomou um banho e resolveu descer, tomar um ar sempre ajuda para quem tem ressaca.
A escolha da  tal praia não foi aleatória. Além de ser o lugar perfeito em relação à distância da cidade - nem muito longe, nem muito perto, não era a praia da moda - tinha resolvido se bronzear naquele final de semana e não queria ninguém por perto notando as recentes imperfeições no quadril, causadas por tanto filé com fritas acompanhado de cerveja.
O que ela não contava a ninguém é que exatamente naquele dia faria cinco anos que ela e Téo tinham passado aquela lua de mel improvisada na praia. E após meses de separação, gostaria de tirar de uma vez por todas a marca da aliança que ainda a fazia lembrar todos os dias - Téo passou por você.
Já tinha planejado todo o feriado. Toda vez que lembrasse da lua de mel, iria recordar antes da última vez em que estivera na praia - Comemoração de três anos de casada, um ciúme indevido pela moça do bar e um copo de mojito jogado no seu rosto. Aquilo a fazia sangrar por dentro e lembrar dos motivos que sim, queria tirar a marca da aliança. E não, não iria utilizar anéis de apoio para matar a saudade de roçar o dedo do meio com o dedo médio e sentir aquele conforto. Ia mesmo abandonar o vício, talvez nem usasse mais anéis. Estava cansada de todos aqueles papos, todas aquelas teorias infundadas "tem que contar um dia para cada mês que vocês ficaram juntos" "você só vai esquecer quando arrumar um novo amor" e blá blá blá, todas aquelas coisas que as pessoas dizem quando estão com dó de alguém que perdeu tudo na vida - melhor amigo, companheiro, parceiro e o grande amor. Tudo junto e misturado em Téo, que não era o melhor do mundo em nenhuma dessas qualidades, mas que juntava todas elas naquele corpo bronzeado como ninguém.
Deitou a canga na areia da praia, sentiu o vento brincar com os fios dos seus cabelos. Olhou para o lado, viu um casal, aparentemente, recém casados, sentiu um frio na espinha e sorriu. Foi quando percebeu que ao invés de sentir inveja ou saudade, pensava em como ia doer o copo de mojito que a mocinha ao lado receberia no rosto em alguns anos. Amargura dói, mas saudade dói mais.