quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Tchau, 2010

Bom, eu sou romântica. E como boa romântica, adoro uma nostalgia! Posso dizer, de verdade, que essa época do ano é linda, cheia de retrospectivas. E então resolvi também fazer uma retrospectiva do meu ano. E vou começar por uma das coisas que mais gosto nesse mundo: cinema. Foi um ano de muitas, muitas surpresas para mim nas telonas. A começar por Sandra Bullock ganhando o Oscar! Bem, eu não sei o motivo, mas não consegui estabelecer um ranking. Melhor assim. Vou colocar aqui os dez filmes que mais gostei de ver esse ano. Indico todos!

Soul Kitchen (Fatih Akin, 2009)







 Deixe ela entrar (Tomas Alfredson, 2008)









Harry Potter e as Relíquias da Morte (David Yates, 2010)







Cartas para Julieta (Gary Winick, 2010)






 
15 anos e meio (François Desagnat e Thomas Sorriaux, 2010)






 Tudo pode dar certo (Woody allen , 2010)







 Recife Frio [curta] (Kléber Mendonça Filho, 2010)






 Red- Aposentados e Perigosos (Robert Schwentke, 2010)








 
Mary & Max (Adam Ellio, 2009)





Nine ( Rob Marshall, 2009)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um novo dia começava para Sofia. Uma angústia estava presa à garganta. Uma sensação horrível, uma sensação de perder tudo. Ela precisava agora lutar contra tudo isso e recuperar as coisas que estava perdendo. Não sabia nem por onde começar. Era tanto amor, era tanto desespero. Ela sentiu vontade de sumir, de morrer. Ela sentiu um desejo súbito de não existir mais. Respirava fundo, procurava encontrar motivo nas coisas. Não achava. Tudo estava de cabeça pra baixo. Tudo. Sofia caiu ao chão.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Olho para você dormindo. Calmo, sereno, lindo. Parece um anjo. De repente, minha memória percorre toda a nossa história e eu me lembro da primeira vez que nos beijamos. A noite quente, abafada. com um blues tocando ao fundo e você se rendendo a ser meu. É assim que me lembro e é assim que sempre vou lembrar. O blues continua tocando na ninha cabeça e me lembro de tantos outros momentos. Como nos primeiros dias em que te vi acordar. As cenas aparecem como flashs na minha cabeça, parecem fotos de dias que não foram meus. Mas foram. Todos os dias que passamos foram nossos, só nossos. Signos e símbolos moldam o meu armário de lembranças. Sorvetes, flores, CDs, filmes, alianças. São partículas vagas de um amor sólido. é sólido, é vasto. Não consigo demonstrar o quanto. Queria te dizer tudo isso quando você acordasse, mas quando olho nos teus olhos as palavras me faltam e só penso em te beijar. Estarei te olhando dormir. Até você acordar e sorrir. Te amo.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Alô.

O telefone chamava  uma, duas, três, quarenta vezes. Só pode estar fora do gancho. Ele respira fundo, conta até três. Imagina a imagem dela sorrindo, conversando com outros homens. Ela estava nem aí. Ele é que era um idiota, perdia o sábado à noite para tentar ligar, se lamentar. E se ela atendesse, o que diria? Não sabia. Ele apena queria ouvir sua voz, seu sussurro, seu tom. Mas o telefone só dava aquele velho sinal de não atende. Na sala, a TV processava imagens coloridas de algum programa imbecil. O rádio, seu querido instrumento vintage no meio da sala, anunciava a sessão romântica dos sábados. E ele ali, com aquele copo nas mãos, o álbum de foto deles no colo e o telefone chamando, chamando. Sem resposta. Aliás, como tudo estava sendo. Ela tinha ido embora sem resposta, não atendia o telefone, não estava em casa quando ele ia até lá. E se tivesse acontecido alguma coisa com ela? Não tinha. Acontece que ele era bobo demais para perceber que a resposta estava tão simples. Bastava se olhar no espelho e perceber que não era mais aquele por quem um dia ela se apaixonou. Na verdade nem ela era a mesma. Mas ele era obcecado, alucinado por ela. O telefone chamava, chamava. E quando a garrafa de uisque já estava quase vazia, uma voz atendeu. Um homem atendeu. Um homem na casa de Clara. Era impossível. Desligou, rediscou, a voz maculina voltou a atender. Ele, confuso, achou melhor dormir. Tinha fé que no outro dia o telefone iria voltar a chamar sem parar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Laura, Heitor e Eduardo.

Laura era uma linda mulher. Já madura, ainda tinha olhos de esperança, que poucos da juventude conseguiam ter. Com tantos amores em seu, peito, parecia que não caberia nunca mais lugar para mais alguém. Foi quando de repente, junto à correria da vida, lhe apareceu Heitor. Heitor, homem inteligentíssimo, um pouco exibido, talvez, mas muito agradável. Ela deixou então Heitor tentar um lugar em sua mente e coração, por mais difícil que parecesse ser. Ele a cortejou com presentes, carinhos e noites divertidas. Embarcou mesmo, se podemos tirar uma conclusão de toda essa história, é que medroso ele não era. E tudo parecia sublime, ele a convidava a rodar e rodar em seu salão. Mas nessa vida, nada é estável. Foi quando Eduardo retornou de um lugar chamado 'Coração Adormecido'. Bastou uma ligação, o coração de Laura disparou de novo. Eduardo era seu mais recente ex-amor. Apesar de faixa etária parecida e afinidades visíveis, ele e Laura eram extremos. Ela era óleo, ele água. Enquanto ela gostava de cidade, mundo, carros e cheiro de fumaça, ele se reservava ao lugar mais distante da cidade. E quando se encontravam, caíam nos debates sobre a vida. Era difícil. Não entendiam que para ser um, é preciso ser dois e o modo de vida de cada um deve ser respeitado. Há pouco se separaram e desde então, nenhuma notícia. Foi quando Laura o reencontrou e sentiu o frio na barriga que estava com saudades de sentir. Com Heitor o frio não existia. Era só mais um amigo, no fundo ela até que admitia. Mas Eduardo balançava sua alma, fazia sua mente fixar nas lembranças e, enfim, ter um levanto de estima por si mesma. Não teve dúvidas. Viveu os momentos a mais que o destino lhe concedia com Eduardo, mas não abriu mão de Heitor. Para quê? Estava feliz daquela forma, era o momento mais feliz dos últimos meses. A consciência nem pesava, pois quando se é feliz não há falso moralismo que vença. E assim continuava a vida de Laura, os dias eram com Heitor e as noites eram pensando em Eduardo. Quanto tempo iria durar ela não sabia, mas esperava que aquela energia e coragem pra vida durassem por um longo instante.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Luzes fluorescentes.

Ela olha a cidade lá fora, vê as luzes acesas. O natal está para chegar. Ouve uma música nova, mas a melodia parece extremamente familiar. Momentos começam a passar à sua frente, quase se vê nas cenas, como nos filmes, que as pessoas enxergam as lembranças como se não estivessem presentes. Uma alegria inexplicável aponta em seus lábios e ela sorri. Há quanto não sentia aquilo? A ansiedade pelo novo, a vontade de viver outra era. Tem tido tempos difíceis. O pior, é que ninguém sabe o que passa na cabeça dela. Ela ri, de ironia. Quem é ela? Ela guarda a resposta apenas para si. Está com vontade de dançar, de chorar de felicidade. Está com vontade de abraçar as pessoas que ama, as pessoas que lhe são importantes. Ela sempre gostou da nostalgia, nunca viu problema em sentir saudade. E mesmo sabendo que sempre falta alguma coisa, de fato, ela se sentia completa naquele momento. Deixava os maus espíritos levarem os sentimentos péssimos. Respirava nova fase, novos ares. A vida não era tão ruim. Voltou a janela, viu as luzes de natal novamente. Branca, azul, vermelha... O arco íris fluorescente tocou seu coração. Era tempo de ser feliz.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Saramago.


Eu te amo. Eu sempre te amei, desde o primeiro dia. Meu amor se transformou comigo, deixou de ser um amor que sonha. Passou a ser um amor que apenas sente. Entre tantas pessoas, você sabe o quanto foi e sempre será importante. As vezes olho as estrelas e me pergunto onde você está nesse momento, o que será que anda fazendo, pensando, querendo. Sinto sua falta, mas é de uma maneira diferente. Aprendi com a vida que o que aconteceu era o que tinha de acontecer. Tenho muito medo de esquecer seu rosto. Ai, como eu te amo. E daqui pra frente, meu coração será só saudade. Vou lembrar da tua risada, dos teus fios brancos, do teu jeito de me chamar. Quando um passarinho vem me visitar, penso que é você me olhando. Deve ser. Já dizia o poema: "tem gente que tem cheiro de passarinho". Que meu coração sinta todo esse amor para sempre, que a minha memória não falhe e esqueça do teu rosto e a tua voz. Eu quero sempre poder me lembrar que eu fui, sou e sempre serei o teu amor lindo do céu.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

flores amarelas.

Nunca conheci alguém que se paracesse fisicamente comigo. Na verdade, nem meus pais parecem. Dizem que meus pés e mãos são idênticas aos do meu pai. Mas pés e mãos não são coisas muito relevantes para falar. Abri uma pastas de fotos no computador. Nossa, precisava de uma bebida forte para rever tantos momentos e encarar tanta nostalgia. Na falta, bebi o restante da água que já estava na mesinha e comecei a sorrir. Sorri pelos sonhos que eu tinha, pelos amigos, pelos momentos e risadas inesquecíveis. Pelos cortes de cabelo que não deram certo, pelas roupas e acessórios tão ridículos. E foi então que percebi. Eu antes, sou a pessoa mais parecida comimgo agora. Na verdade, a grande descoberta não foi essa. Bem, estou confundindo vocês e a mim. Mas, o que quero dizer é que acho que sou outra pessoa. Sou um clone de mim mesma. Alguém muito parecida com outra que já foi um dia. É claro que há coisas que ainda estão aqui. Amigos, costumes, manias. Mas algo bem mais forte mudou. Frio na barriga. E agora? Será que ainda tenho muito a mudar? Será que algum dia vou estar tão distante de hoje como estou distante daquelas fotos? E meus sonhos? Respiro. Vejo que tantos momentos pareciam decisivos, eternos, importantíssimos e no final das contas foram apenas passageiros. Outros, que também não dei tanto valor, foram os que marcaram. Enfim, acho que preciso começar a falar algo concreto, pois um texto vazio é a pior coisa do mundo. E se alguém ainda está aqui comigo, se você ainda está lendo, calma. Esse texto é sobre flores.
Achei anotações, versos, textos antigos. E eu lembrei que gosto de flores amarelas. É engraçado, porque quando alguém me perguntava qual a minha flor predileta, eu nunca respondia. Eu sabia que tinha uma, mas não me lembrava qual era. Achei. Gosto das amarelas, alegres, grandes e vulgares. Sim, sim, sabe a música de Djavan "no pé que bortou Maria, nem margarida nasceu" ? Ele fala das margaridas como vagabundas por brotarem em qualquer canto. E as margaridas são lindas. Enfim, eu gosto de flores amarelas. Acabei de lembrar.





Foto: Duda Bione, que vocês já conhecem do Expressaideia, né? :) Quem quiser ver mais fotos lindas da minha parceira clica AQUI!  
e se delicie com as percepções.  

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Rotina.

"Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã..."

Sacode às seis horas, respira, toma um café forte. Olha pela janela, o sol quente lá fora, o barulho das pessoas na rua. A vida. Hora de trabalhar. Ela senta em frente ao computador e começa a escrever. Escreve cartas, e-mails e textos para outras pessoas assinarem. O serviço dela é escrever para quem não é hábil ou não tem tempo. Entre as atividades do dia, questões como 'mandar e-mail para a mãe do Sr. Alberto, informando que ele está melhor da gripe'. No fundo, ela gostava. Até por que saber da vida alheia, não era tão ruim assim. Mas, as vezes, ela tinha uma sede de viver a própria vida e tempo não lhe sobrava. Pensava que um dia ia conseguir sair daquele sistema, encontrar algo melhor e mostrar seu talento. Ela queria escrever livros, romances, aventuras. Queria ser mais do que uma secretária íntima-pessoal. À noite, quando acaba o expediente, olha pro céu e lembra, com saudade, do passado. Sorrisos desabrocham no céu da sua boca. Lembra das gargalhadas com as amigas. Que delícia. O olhar fica um pouco mais longe. Ela lembra dele. Seu beijo, sua voz, seu abraço. Onde ele anda agora? Ela olha para o céu e imagina que um dia ainda vão se reencontrar. Dorme. Amanhã tem mais.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ninguém lia seus poemas, seus versos, ninguém dava valor à sua voz. Seus planos, seus sonhos. Era tudo tão insignificante para os verdadeiros valores do mundo. De que servia-lhe amar? Era tanto, era tão imenso, tão verdadeiro e sem mentiras. Mas ele não ligava, não sabia, fingia saber, quem sabe. O que se passava dentro da cabeça dele era só dele e ninguém mais sabia. Ela, por sua vez, abria todas as portas do seu coração. Dizia tudo, falava de quase tudo. Ecos vazios. Reposta ela não tinha. Esperava que algum dia alguém a compreendesse. Chateada, humilhada, descareditada. Ela seguiu a esperar.

domingo, 17 de outubro de 2010

Modinha sim, modinha não.

Acho moda uma coisa engraçada. Não sou adepta e fã de modonas e modinhas, mas acho engraçado e, de certo modo, interessante. Lembro quando eu tinha uns dez anos, todas as minhas amigas usavam mexas loiras no cabelo, duas mexas para ser mais exata. Uma coisa meio boi lambeu. Eu quis porque quis fazer aquelas mexas, meu pai insistia "Filha, o legal é ser diferente". Mas eu não o ouvi. E pronto, eu gordinha, de cabelos cacheador, uma franja rebelde no meio da testa, com duas mexas loiras assombrando acima dos olhos. Também usei sandália Djean e meião colorido. Boina e saia de prega. Gostei de KLB, Sandy & Jr, Wanessa Camargo, gostava de Malhação. E aí veio a adolescência. Foi quando tive que tomar uma difícil decisão. Quem eu iria ser? Eu ia seguir o caminho das micareteiras, adorar Ivete, Chiclete e Bandetes? Ou ia ser forrozeira, aquele forró estilisado, universitário? Ah, eu também podia ser patricinha, ir para a boate, dançar house e psy. Ok, com um pouco mais de lucidez, resolvi não me adequear à moda de ninguém e seguir meus próprios passos. Não quis mais ser a gordinha de mexas loiras cacheadas. E, por coincidência, fui gostar de coisas que as pessoas taxaram e rotularam como modinhas 'cults'. Eu gosto de ir ao Recife Antigo, gosto de usar sandália rasteira, uma das minhas bandas preferidas se chama Los Hermanos. O quê? Los Hermanos? Então você faz parte daquele grupo que usa óculos cult, saias coloridas, vestidos xadrez e vai ao Cinema da Fundação? Não. É fogo! No Recife Indoor tem mais de 30.000 meninas com tinturas idem nos cabelos, dançando passos coreografados e com a mesma quantidade de blush e vocês querem falar do meu Los Hermanos? Não entendo. Em agosto desse ano, quando começaram a vender ingressos do show, via comentários do tipo 'esse fanatismo é ridículo'. Mas nunca vi ninguém reclamar dos adesivos nos carros com a frase "Chicleteiro eu, chicleteira ela". Talvez seja inveja alheia. Pronto, falei.
Na última sexta, vivi uma das emoções mais lindas da minha vida. Fã de Los Hermanos que sou, nunca tinha ido a um show dos caras. Fã farrapeira, aceito e admito. Mas é a banda que eu fui mais viciada em toda a vida. Cada música me fazia lembrar um momento diferente da minha vida. Em alguns momentos, as lembranças foram tão fortes que me emocionei. Chorei mesmo, abri o berreiro. A sorte é que dos tantos mil que estavam lá, só o meu namorado conseguia me enxergar. Eu ouvi milhares de pessoas cantando uma só voz, com emoção e verdade. Queria mais, mais, mais. Mas disseram que foi a última vez. Uma pena. Talvez um dia, ir a esse show, com aquelas roupas e aquelas músicas, pareça tão infantil como fazer mexas loiras na franja cacheada. Daqui pra lá, eu canto mais um pouco.
http://www.youtube.com/watch?v=1h5C9mAtCYE&feature=related

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

'mas um pedaço de mim estará sempre aqui....'

Lembro como se fosse ontem o dia em que pisei pela primeira vez naquele colégio. O cheiro de tinta nas portas, a ansiedade do novo, o frio na barriga. Eu era sétima série, tinha 12 anos. Nunca vou conseguir explicar o que senti naquele dia e lá conheci pessoas que marcaram minha vida. Nunca ouvi falar de um lugar onde os alunos tivessem tanta voz como no Colégio Marista. A escola estava sendo erguida a tijolos e nós, também. Crescemos juntos com ela. Não falo só dos alunos, falo dos professores, dos funciomários, coordenadores e diretores. Não sei o porquê, mas tenho a sensação de que todas as pessoas que passaram por lá são especiais. As amizades construídas, por mais que agora estejamos distantes, naqueles momentos pareciam eternas. No Colégio Marista São Marcelino Champagnat, eu aprendi valores que levo para toda a vida. Em princípio de educar, nunca conheci proposta igual. A relação entre funcionários e alunos era de amizade. Nós vibrávamos com todos os avanços. A inauguração da quadra, da nova cantina, do campo de futebol. A inauguração do teatro. O teatro! Eu participei da cerimônia, apresentei o evento. Os jogos internos, as viagens, risadas, conflitos, lágrimas, sonhos, planos. Decidi que iria fazer jornalismo lá, tive todo o apoio que precisei. Lembro de conversar com minhas amigas e dizer " O meu filho vai estudar aqui".

Nesse momento sinto um vazio inexplicável. É estranho pensar que suas lembranças ficarão resumidas à memória. O choro vem à garganta. Se eu pudesse pedir algo, pediria para, ao menos por mais um dia, viver tudo de novo. Eu queria ver a alegria de Will, com suas aulas de teatro e dança. Queria ouvir Ângela em mais uma aula de português, Andréa ensinando o inglês. Moisés na salinha perto da coordenação. Queria ver As Justines rindo comigo. Queria ver Pedrinho, Guilherme, Thiago, Harry, Tuanny, Kptão, Victor, Cate, Hyara, Sabrina, Roberta, Renan, Júlio, Will-best , Lú e Gabi. Queria, só mais uma vez, usar aquela farda horrorosa, calça azul a blusa branca. E rir dos problemas que se tem quando a gente tem 14, 15 anos. E viver tudo de novo, como se fosse a primeira vez.

Pode ser que não tenha a chance de dizer tudo para todos. E pode ser também que todos tenham mudado tanto, que isso tudo pareça um desvio de lucidez, drama talvez. Mas eu quero dizer que o Colégio Marista São Marcelino Champagnat foi ponto fundamental na minha vida. Falo dele como um todo -  pessoas, princípios, valores. Não sei quanto tempo ainda ficará funcionando, mas se eu pudesse escolher, ele jamais fecharia as portas. Parte de mim, da minha história, se acabará também.

ex aluno, sim. ex marista, nunca.

sábado, 18 de setembro de 2010

Longo Prazo

É nesse ponto exato que um ser humano enlouquece, tenho certeza. Nessa agonia absurda de não ser entendido, ao invés disso, magoado. Queria achar um corpo gêmeo, a quem contaria tudo, tudo, tudo, e sentiria que seria entendida. Não. As pessoas têm preguiça de entender, de observar. O mundo é objetivo demais para mim. Certo, errado, falar alto, falar fino, ser delicado. Não. As coisas não se resumem a isso, até porque as coisas não podem ser resumidas de maneira alguma. E essa sensação é uma vontade de ir embora, de visitar um lugar seco, escuro e distante. Dá vontade de fugir, não ver mais nada disso. O pior de tudo, é quando você ama esse mundo e percebe que o amor não vem de volta. Eu compreendo todas as coisas feias do mundo, tento entender suas lacunas, seus hábitos feios, sua falta de expressão. Mas o mundo me responde à bofetadas. Preguiça. Vontade de dormir, deitar em algum colo e chorar. Não dá. O trabalho me chama, os estudos me chamam, o dever. Sem tempo para sentimentos e melancolias. O tempo vai passar e as feridas vão ser curadas, as agonias vão sarar. Longo prazo de espera.

domingo, 5 de setembro de 2010

maguiagem, te quero tanto!

Bem, primeiro gostaria de informar que é preciso ser muito mulher para se tocar no assunto. Afinal, encarar o verdadeiro dragão que mora dentro de nós não é algo fácil, não é verdade? Todas nós, mulheres (e alguns homens também, vale salientar!), filhas de God, temos uma necessáire BÁSICA, com no mínimo pó compacto, lápis de olho e rímel. Não, garotas alternativas, não parem de ler o post. Não se trata de uma postagem cocota e direcionada para as patricinhas de plantão. Apenas, em um domingo solitário, quero dividir com vocês a minha modesta análise sobre brilhos, sombras e corretivos.
Minha mãe sempre foi extremamente vaidosa. Sempre gostou de 'se pintar', é assim que ela chama esse nosso costume. Pensando bem, realmente nos pintamos. É uma obra prima, de todas nós. Colocamos cor em nossos olhos, corante nas bochechas, saúde nos nossos lábios. Por quê? Para quê?
Talvez a maquiagem seja para corrigir defeitos, outras para diferenciar nossa imagem diária em uma situação especial, tem aquelas meninas que não saem do quarto sem dar um trato no rostinho. Mas há também o tom da feminilidade, o da vaidade que está, de uma forma ou outra, impregnada em todas nós.
Há vários motivos para nos rendermos à maquiagem. E ela, por sua vez, nos traz mais segurança, conforto, beleza, imagem, confiança e , é claro, uma pele divina!
Não costumo escrever sobre essas coisas, mas como estava em um domingo extremamente modorrento, decidi mostrar para vocês algumas celebridades com e sem o make up!












Ok, resolvi também não ficar de fora. Não se assustem, é só maquiagem! rs

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sofia

Sofia saiu do banho e olhou para ele. Sentado na cama, olhava alguma coisa no computador. Ela se jogou ao seu lado. "Queria ser sempre o centro das atenções para você". Ele a beijou na testa e consolou "Você é mais interessante, mas isso é mais importante". Ela não se ofendeu. Levantou, enrolou a toalha no corpo e perguntou "Café?". Ele fingiu não ouvir. Então Sofia abriu as cortinas e viu que o sol brilhava lá fora. Mesmo assim, sentia frio. O barulho daquele quarto de hotel começou a irritá-la. O que estava fazendo ali? "Uma prisão de luxo", pensava. "Acho que vou dar uma volta, você vem?", ele não tirou os olhos do computador "Vá sozinha, depois te encontro''. Ela fez charme "E se eu não voltar?"."Você voltaria. Suas coisas estão aqui. Agora vá, me deixe trabalhar um pouco". Seco e impaciente, como sempre. Ela já devia saber. Tantos anos ao seu lado, sempre o acompanhando nas viagens nacionais, quando voltava ao Brasil, Sofia tinha se tornado mais que uma amiga. Era também amante dele. O homem que não amava mulheres, família, se quer amava bichos. Ele gostava de carros e dinheiro. Charutos, talvez. Mas dizia, surpreendentemente, amar Sofia. Ela não acreditava, não sentia. Mesmo assim, o amava também. Não por devolução, mas por pena. Tinha certeza que era a única no mundo que o conhecia tão bem e, mesmo assim, o queria bem. Terminou de se vestir, pegou o guarda-chuva. Ele, pela primeira vez no dia, olhou para ela. "Está fazendo sol, por que o guarda-chuva?". "Não sei até quando vou ficar lá fora" "Não sabe?" "Não sei quanto tempo a mais vai levar o seu trabalho" "Meu trabalho vai levar todo o tempo. Estou aqui para isso". O celular dela tocou, era Tom. Tom era a maior paixão de Sofia, moravam na mesma cidade e ela estava viajando com 'ele' há semanas, portanto há muito morria de saudades de Tom. Saiu do hotel, conversou com Tom ao telefone. Sentiu o céu, o sol e a voz de Tom lhe tocarem. E o dia, para Sofia, tinha acabado de começar.
Talvez fosse um pouco tarde para voltar atrás. Não, não é certo pensar que todas as escolhas da vida são definitivas, mas ninguém nega que muitas delas são convenientes. Talvez tenha acontecido, em um certo momento, na vida de todos nós. Mas só alguns assumem e só outros poucos voltam atrás. Voltar atrás do sonho, voltar atrás de alguém, voltar atrás daqueles amigos que você não vê há tanto. Voltar atrás de quem você era. Todos nós já fomos pessoas melhores. O tempo nos piora, é verdade. Vem a verdade da vida, a dureza dos fatos, a escassez da ternura. É preciso ser muito resistente para, ainda assim, sentir amor. É preciso muito talento para ser feliz. Dias desses analisava a minha vida. Parece que todos os problemas do mundo desabam sobre a minha casa, meu lar. A vida dos outros parece tão interessante. Mais fácil também, é verdade. E nessa busca sobre quem ser, o que superar e o que manter, confesso que estou exausta. Vamos jogar tudo para o alto? Vou sair agora mesmo de casa, esperar o primeiro ônibus e ir a algum lugar desconhecido. Depois vou conversar com alguém que nunca vi na vida, ouvir uma nova música até decorar a letra, vou perguntar a desconhecidos o que devo fazer da minha vida. Talvez eles saibam. Eu não sei. Eu ando sem respostas. Mas isso talvez não seja tão ruim. O melhor da vida é descobrir o novo. Mas sem novos, sem descobertas, fica tudo assim. Vazio.

'De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés
'

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

fechado para balanço.



Foi um bom ano. Na verdade foi 'o' ano da minha vida. O ano em que me tornei amiga das pessoas da faculdade, o ano em que comecei a namorar Daniel, o ano em que me deparei, pela primeira vez, com a morte de alguém que eu amava tanto. Foi o ano que eu fui para show de Kelvis Duran, o ano que eu viajei com os amigos e encontramos o nosso professor bêbado por lá, o ano em que tiveram setenta mil festas de karaokê na minha casa, , o ano que eu passei ano novo, pela primeira vez, numa praia, o ano que eu briguei com minhas melhores amigas, o ano que Saramago morreu, o ano que eu comprei o ingresso do show de Los Hermanos, o ano que eu tive o meu primeiro emprego, o ano em que eu me demiti, o ano que eu fui morena, loira e ruiva, não necessariamente nessa ordem.
Tiveram músicas, filmes,  teatros, festas, abraços, beijos, copos, risadas, lágrimas. Como qualquer ano, aprendi muito. Mas a maior lição, sem dúvidas, foram as das pessoas. As vezes nos deparamos com pessoas sedutoras, aparentemente incríveis. Sinceramente, de todos que eu me deparei no último ano, de todas as pessoas julgadas (e que até se julgam) incríveis, eu hoje chego à conclusão que prefiro os idiotas dos meus amigos. É, prefiro sim. E nesse novo ano, quero mais coisas da minha vida. Quero mais meus velhos amigos de infância, quero mais minha velha familia, mais o mesmo bar da faculdade, mais as mesmas músicas. Eu quero mais do mesmo. Afinal, é esse 'mesmo' que tem me feito feliz. E não, não é medo de mudar. Eu apenas já fiz a minha escolha. E foi continuar com isso. Com o meu. Com os meus. Aprendi que o sentimento verdadeiro é eterno, e hoje posso dizer que conheço a eternidade, pois já me deparei com o 'ser' e o 'não ser'. O 'estar' e o 'não estar' mais presente. E vejo que eu amo, eu amo tanto ainda. Só os sentimentos verdadeiros perduram, transcendem. Só o amor verdadeiro fica. Pois bem, eu só vou cultivar coisas verdadeiras então. Eu só vou querer pessoas sinceras por perto. Mais verdade para o novo ano. Brindemos!

sábado, 21 de agosto de 2010

Há um tempo atrás vi uma pesquisa de quantas músicas e poemas rimavam as palavras 'amor' com a palavra 'dor'. Achei tudo falta de criatividade. Mas, pensando bem, acho que nem é. Amor rima com dor porque rima mesmo, estão próximos e quase sempre acompanhados um do outro. Afinal, só sentimos dor por e de quem amamos. Não ligamos para sentimentos despertados por estranhos insignificantes. Mas acho que o tamanho do amor é proporcional à dor que ele pode trazer. Ah, é sim. E é uma dor tão grande, é um caminho tão só. Não adianta ninguém no mundo, não adianta brigadeiro, cerveja ou amigos. Tempo talvez adiante, mas não tenho certeza. A verdade é que ser amado e amar é o que todos queremos. Mas basta alguém colocar isso em questão, dúvida ou na corda bamba. Dói.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

maria maria
é o som, é a cor, é o suor
é a dose mais forte e lenta.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

dezesseis de julho de dois mil e dez

Gosto de questionar sobre a vida, sobre o amor. Principalmente quando se trata do amor e da vida dos outros. Quem me conhece, sabe. Vivo fazendo suposições, inventando roteiros para as vidas alheias. Acho que me falta pé no chão de vez em quando. Talvez seja por isso que eu amo tanto ele. Enquanto eu fico supondo, ele vive. Eu me importo com os outros tento arranjar a vida da humanidade. Ele tenta arranjar a nós. Afinal, minha cabeça é tão nas nuvens que precisava de alguém para cuidar de mim, da minha própria vida. Ele cuida.
A coisa que eu mais amo em sua companhia é o fato de ser o meu melhor amigo. As vezes o único. Ele me entende, me confessa coisas, me faz confessar outras tantas. E depois de dezoito anos, não me sinto mais sozinha. Aquela sensação de estar solitário no meio da multidão não chega mais perto. Ele sempre está comigo, até quando não está.
Para os que já estão com vontade de vomitar até aqui, melhor fechar a janela ou procurar outra coisa para ler. Daqui para frente ficarei ainda mais melosa, romântica e irritante. E como não ser?
Ele olha para mim como quem busca acompanhar o meu tempo e espaço, percebo claramente que faz questão de tentar entender o meu mundo, pois agora também é o mundo dele. E quando me abraça, me sinto segura. É tudo clichê, eu sei. Mas é um clichê sincero. E, por Deus, eu nunca saberia o que era amar se não estivesse passando por todo esse momento óbvio, que todos querem passar um dia. Eu estou apaixonada.
No dia dezesseis de julho de dois mil e dez fez exatos doze meses que estamos juntos. Um ano de tanta coisa. São lembranças que só me fazem amar mais. Mais, bem mais. E, como chegamos a esta conclusão outro dia, não tem mais jeito. Agora é isso e pronto.

domingo, 4 de julho de 2010

a copa do mundo é nossa...

Bem, chegou a hora das confissões. Então vamos lá. Eu não ando com laços estreitos com o futebol. Apesar de ser alvirrubra, admito que há muito não venho torcendo ou acompanhando nenhum tipo de campeonato, até mesmo os que envolvem a Seleção. Pois bem, chegou a Copa do Mundo. Antes, bem antes, o meu discurso se resumia a "Absurso! Absurdo! Um país como a África do Sul investir tanto dinheiro, construir monumentos, gastar além dos patrocínios, quando tem tanta gente por lá doente ou blá blá blá." Que, na minha opinião é um discurso válido. Mas hoje vejo que é um discurso mais cego do que os discursos dos alienados, que não enxergam causas sociais. Vou explicar...

Eu estava sentada em frente à tv. Não estava dando importância, mas uma reportagem em especial me chamou atenção. Mostrava a comunidade sul africana vibrando com a Copa 2010. Foi então que percebi que, nem que seja por um mês ou até menos, as vezes é necessário esquecer o hospital, as contas, as dores e os medos. É preciso ser feliz. Desculpem, sou leiga. Eu, nascida e criada no país do futebol, só fui reparar isso quando vi uma outra nação vibrar. Comecei então a entender que os feriados nos horários dos jogos, aqui no nosso país, são mais do que uma desculpa para não trabalhar. São tréguas de uma guerra. Guerra que participamos todos os dias, ao acordar, passar duas horas para chegar no emprego, trabalhar como cães, voltar para casa, pagar as contas, fazer faxina, dar atenção à família...

Pois bem, está na hora de mais uma confissão. No dia dois de julho, no meio do segundo tempo, quando o Brasil perdia desesperadamente para a Holanda, eu comecei a torcer por aquela vitória a partir de um determinado ângulo. Eu lembrava das vítimas das últimas catástrofes que ocorreram por conta da chuva. E aquilo me trazia desespero. Pensei "Eles precisam de um pouco de felicidade, não é justo mais tristeza."

Infelizmente Dunga e Cia. não nos trouxeram mais uma felicidade. Mesmo assim, trouxeram três jogos anteriores que nos motivaram, comoveram e sensibilizaram.

Eu sou do país do futebol, sim. Sou de um canto que hora de jogo é sagrada. Aqui a gente aprende primeiro a jogar futebol, depois a ler, escrever. Aqui ninguém se importa com falta de saúde pública, educação, violência... A Copa é e sempre vai ser mais importante.
E quer saber? Pela primeira vez na vida, e talvez única, eu sinto orgulho disso.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

disfunção

O que foi mesmo que me disseram? Ah, sei. Que eu iria me acostumar, que com o tempo o meu coração não iria mais acelerar ao te ver chegar. Que a rotina ia me possuir, que eu iria me cansar do jeito carinhoso de chamar, que as frescurites de paixonite aguda iriam acabando-se, pouco a pouco. Pois bem, comigo foi diferente. As possibilidades de eu não ter seguido a regra são muitas. Posso ter uma disfunção no cérebro, um retardo emocional, posso realmente te amar demais ou simplesmente ser rebelde e jogar o jogo de outra forma. Mas a verdade, a verdade mesmo, é que durante todo esse tempo, não consegui diminuir nada - nada mesmo - do que eu sinto por você. Ainda olho o celular a cada cinco minutos, com a esperança de receber uma mensagem, quem sabe uma chamada perdida. Recados na página pessoal dos sites de relacionamento, e-mails, pergunto ao meu porteiro se tem algum recado. Tudo com a esperança de preencher meu dia a dia com tuas coisas, tuas palavras, tua presença. Quando você aponta pela janela, deus!, fico a ponto de passar mal de nervosa. As mãos ficam geladinhas, o coração fica mais rápido do que uma bateria. E então, quando você chega, posso sentir seu corpo quente, seu olhar sincero. Você me traz paz, você me traz amor.
O que mais gosto em você são os seus hábitos estranhos e sem sentido. Ah, como eu gosto! Só você tem as mãos inquietas, prestes , sempre, a mexer ou até quebrar alguma coisa. Eu amo você porque você é assim, certinho, leva tudo ao pé da letra. Eu amo você porque você lê todos os manuais de instruções, até o do macarrão instantâneo. E quando alguém surta de nervosismo ao seu lado, você fala 'se acalme', com voz forte e imperativa, pois você é a única pessoa que acredita que isso pode funcionar. E isso, isso é lindo.
Quando rimos das desgraças, quando você cozinha para mim, quando eu te peço com aquela voz manda para lavar os pratos no meu lugar e você força um sorriso, odiando aquilo, mas vai lavar. Quando tentamos imaginar as vidas alheias ou quando temos a certeza que nenhuma vida é melhor que a nossa. Em todos esses momentos, eu amo você. E é tanto amor que mal consigo respirar. É tanta emoção, tanto coração, tanta verdade, tanto, tanto, tanto tudo... Eu, você, o nós, o nó. E a minha vida segue e eu quero mais. Acho que estou doente, meu querido. Eu estou amando e , mais do que nunca, é de verdade.

domingo, 20 de junho de 2010

vinte de junho

"Conheço você de algum lugar" "Conhece?" - ele desdenhou. Ela apenas sorriu, o que fez ele também pensar que a conhecia, lembrou daquele sorriso. Pensou alto, "De onde?", ela conseguiu ouvir, mas nada disse. Estendeu sua mão, ele segurou. Chegou ao topo da montanha, sem perceber que tinha escalado tanto. Ela disse "Pode deitar aqui", oferecendo seu colo. Ele achou estranho não achar estranho deitar no colo de uma mulher que ele não conhecia. Ela afagou seus cabelos e disse o quanto era doce o seu olhar. Onde ele estava? Quem era aquela mulher que, apesar de tão familiar, ele jamais tinha visto antes? Dormiu em seu colo.
O sol nasceu, fez com que os machucados dele ganhassem melhora. Ela  fazia curativos uma vez na semana. Ele questionou ''Que tal fazer curativos todos os dias? Alivia tanto a dor!" Ela olhou firme nos olhos dele, "Você não pode se acostumar e eu não posso te trazer apenas boas sensações". O tempo passou de maneira veloz, ele acostumou-se com o corpo dela e o cheiro doce que possuía.
Foi em uma tarde chuvosa que um anjo apareceu. Ela tinha saído, foi procurar coisas bonitas para enfeitar a cabana, queria agradá-lo naquela noite. O anjo vestia uma capa preta, o que fez ele pensar que poderiam   ser notícias ruins. "Hoje você vai embora. Já está curado e uma hora ou outra isso vai acontecer. Antecipa o sofrimento dela, é o melhor a fazer". Ele não soube explicar o que o fez seguir o anjo, afinal, ele adorava viver daquela forma. Porém, foi embora sem deixar vestígios. Desceu  ao concreto, voltou a sentir dor, as feridas se abriram novamente.
Então em um dia, sentado em sua escada, ele sentiu um cheiro familiar. Fechou os olhos, sentiu os lábios dela tocarem os seus. Confuso, apenas ouviu a voz dela embalar seus ouvidos "Estarei sempre aqui, serei seu ponto de fuga e equilíbrio. Te ouvir, te fazer sorrir e te amar é o que eu devo fazer''. E agora ele sabia que ainda existiriam vezes em que se sentiria vivo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

'quero que você me aqueça neste inverno'

Sempre volto de carona com a mesma colega da faculdade. Ela me deixa sempre no mesmo lugar e eu já sei até decorado a quantidade de passos que preciso dar para chegar até o portão de casa. Bem, essa explicação toda, é só para contar que hoje, após descer do carro da minha amiga e ir a caminho do portão da minha casa, eu ouvi uma voz. Juro que na hora pensei "minha nossa, to ouvindo uma voz e ela gosta de Roberto Carlos" foi quando eu olhei pra trás e tinha um sujeito, um mendigo, todo cheio de tralhas, com um cachorro no braço e cantando o mais alto que podia "Quero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vai pro inferno". Ele cantava olhando para o cachorro e aumentava a voz na parte do 'inferno'. Comecei a pensar que aquele cachorrinho devia, realmente aquecer aquele homem.

Todos nós queremos ser aquecidos. É verdade que a tal da solitude é algo bom. Nossa, é algo ótimo. Mas a comapanhia do outro é e sempre será uma das coisas mais prazerosas da vida. Nenhum de nós quer morrer só. E mais, o assunto, esse assunto, é sempre alvo de sucesso. Hoje, por exemplo, uma amiga minha chegou contando que foi assaltada, jogaram ela no chão, levaram alguns objetos... depois ela contou que levou um pé na bunda do namorando. Quanto ao assalto, não houve especulação, mas ela teve que responder boas perguntas em relação ao pé na bunda... Estamos sempre interessados no amor. Por mais clichê que isso possa parecer. Todos queremos com quem contar, quem ver, quem brigar. E é disso que sentimos falta quando não temos e agradecemos quando encontramos. Você não quer ser só.

'Quero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vá pro inferno...' é o hino de todos nós.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

'Dificilmente se arranca a lembrança, a lembrança, a lembrança, a lembrança... Por isso na primeira vez dói, por isso não se esquece a dor'

É, a gente não se esquece do que dói, né. Essa música de Otto é sensacional. E tocou bem na alma. 

É crua...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Me bateu uma saudade tão grande agora. Lembrei de todos nós em volta da mesa. Era uma contagem regressiva para o ano que iria chegar. Estávamos todos de mãos dadas. Era lindo. Você quis ouvir aquela música, como era mesmo a música? "Voltei, pra rever os amigos que um dia
eu deixei a chorar de alegria, me acompanha o meu violão..." E aí a gente brindou. Brindamos à saúde, à alegria e ao nosso amor. Você passou um tempo calado e viu a gente beber e comer. Você estava feliz. Quando penso em momentos felizes, hoje, eu penso nisso. Penso em tudo o que fomos um dia, lembro de tudo que passamos juntos. E é isso que me mantém viva.


eu vou viver mais e mais. eu vou viver pelo teu amor.

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Seria por uma banalidade, ela sabia. Depois de aguentar tantos fardos, fatos e falsos, ela sabia que por uma simples agulhinha, iria pirar. Pirou. Não tinha mais força para formar frases que fizessem sentido. Jogou tudo pro alto. Pediu demissão, acabou o namoro, fugiu de casa. Jogou o telefone celular no mar, perdeu a carteira, os documentos, se perdeu. Tirou o relógio do pulso, se sentiu livre. Olhou o céu, tentou respirar, respirar, respirar. Viu que ao seu redor as pessoas passavam, a olhavam, deviam cogitar "essa daí não tem mais nada o que fazer da vida". Ela tinha. Tinha tanto a se fazer, tanto que resolveu não fazer nada. Sabia que logo alguém chegaria para tirá-la do "surto". Encostou os pés na areia, alisou os próprios cabelos. "Queria um cafuné", pensou. Mas já que não tinha ninguém, ela mesma poderia fazê-lo. E se alisou, se deu carinho. Se entendeu. Estava com aquela sensação ninguémnomundomeentende e foi quando ele chegou, suado.
-Você está louca? Todo mundo está procurando você

Ela sorriu, como que desdenhasse da frase,

-'Todo mundo' quem?
-Todas as pessoas que você conseguiu tirar do sério, com esse sumiço sem pé ou cabeça

Ela sentiu vontade de explicar. Sentiu mesmo. Mas não, sabia que se esforçaria, mas ele não entenderia. Há coisas que só a gente entende, não é verdade? Então fez o que sabia fazer de melhor. Fingiu.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lavou o rosto com força, parecia querer se machucar. Deixou, de propósito, o sabão entrar nos olhos. Talvez se algo ardesse ou doesse muito, ela conseguisse esquecer a mágoa que habitava em seu peito naquele instante. Decepção. Tristeza. Sofia estava indignada, perplexa. Qualquer termo mais exagerado e dramático também cai bem.
O que ela não entendia era a contradição do mundo sentimentalista. Ama, mas maltrata. Cuida, mas esquece. Entende, mas não compreende. Confessa, mas não muda. Um cansaço avassalador possuiu seu corpo. Quis deitar e não acordar nunca mais. Diante de tantos perdões, tantos recomeços, tantas chances de fazer tudo dar certo. Não deu certo. O pior é que Sofia sabia que aquela não seria a última vez que sentiria aquilo. As coisas não iriam mudar.
A vontade era de correr descalça, como que para se sentir viva de novo. O mundo inteiro se acabando, tudo se dissolvendo, mas Sofia sorria. Apenas esse tal assunto, esse tal de amor, a tirava o equilíbrio. Era justo? Não, não era justo. Ia acontecer de novo? Sim, ela sabia disso. Então por que não conseguia dar um basta em tudo isso? Isso ela não conseguiu responder. Aliás, ela não conseguiu agir. Sufocada pelo choro, engasgou com a própria angústia.
Ela estava se acostumando. Pobre Sofia.

domingo, 16 de maio de 2010

Resenha - Robin Hood

As lembranças que eu tinha na mente da lenda de Robin Hood eram de um cara com um chapéu verde, que roubava dos ricos para ajudar os pobres. Mas também me lembro que nunca consegui gostar desse carinha como se gosta de um herói. Talvez, pelo senso crítico de uma criança, que aponta 'roubar é errado' e a imaturidade da compreensão das exceções e não exceções.
Ontem assisti o Robin Hood na versão 2010. Ao entrar na sala percebi que o público infantil ou juvenil não exisita. Só adultos, sérios e com uma expressão de ansiedade no rosto. Estavam todos, como eu, curiosos para saber como fariam para transformar aquele herói meio termo que não conseguimos gostar na época de criança, em um grande herói na telona.
A primeira coisa que me impressionou foi Russell Crowe. Gosto do seu trabalho, mas gostei ainda mais depois de ver o quanto ele encarou o personagem. Mas Crowe não é um ator apropriado para mocinhos de cinema. Ele é rude. Percebi que não teríamos um herói manso nem idiota. Ganharíamos um cara brilhante, mas não mais do que um ser humano.
O filme conta com um elenco de peso. Também há espaço para todos os personagens, conseguimos conhecer o perfil de cada um. E então, temos um Robin Hood que troca a flecha por uma espada. Bingo para o diretor! A flecha entra nos momentos decisivos do filme, fazendo a gente lembrar que não se trata de Tróia, Gladiador ou Cruzada. O filme ainda é dele, do nosso pseudo mocinho.
Fala de amor entre pai e filho, homem e mulher, rei e sociedade, sociedade e sua cidade. Trata da raça pura do ser humano. Da grandeza e coragem de uma mulher, da verdadeira humanização de um padre.
Ainda aponto para a trilha sonora e a fotografia. Tudo maquiavélicamente planejado para nossa redenção. Ridley Scott , mais uma vez, me fez virar fã de seus filmes, como aconteceu com 'Rede de Mentiras', 'Hannibal' e 'O Gângster'. O cara é realmente bom, meus amigos.

Robin Hood me surpreendeu e, bem no começo da minha idade adulta, ele para mim virou herói.

Por: Maria Eduarda Ferraz

quarta-feira, 5 de maio de 2010

pode sempre piorar.

Foi quando ela olhou nos olhos dele, desesperada. Do rosto dela gritavam expressões, frases desesperadas. Ele, pleno, a olhava com ternura. A face dele parecia um pouco distante, ela chegou a duvidar se era ele, realmente. Ele pegou sua mão. Ela chorava, chorava, chorava. Ele disse 'vai ficar tudo bem'. E ela sentiu os problemas pesarem ainda mais em suas costas. Monstros não a deixavam dormir, todo aquele peso, toda aquela angústia. E, até ela, que nunca perdia o sorriso, se rendeu às lágrimas infinitas. Queria abraçá-lo, mas não podia. Queria que qualquer coisa boa acontecesse, só para poder acreditar que coisas boas ainda acontecessem, só para não perder a esperança. Esperança? Que esperança? Não era mais esperança, era senso de justiça. Se já tinha tanta coisa ruim acontecendo, não acreditava que coisas piores estavam por vir. Estavam? Ela repetia, silenciosamente, para si mesma "VAI PASSAR". E da última vez que pensou isso, pensou tão alto que ele chegou a escutar. Voltou até o plano dela, deu um beijo em sua testa, desejou boa noite. Ela, com raiva, disse se sentir sozinha e não o perdoar por não estar mais ali. Ele sorriu. Ela tentou interpretar aquele sorriso como um anúncio de quem sabia mais do que ela. E quando o sol raiou ela teve que enfrentar o mundo, mesmo com tantas facadas em seu peito.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Filme 'Soul Kitchen' - Resenha

SOUL KITCHEN - ALEMANHA, 2009. DIRETOR: FATIH AKIN, COM : MORITZ BLEIBTREU, BIROL üNEL)

Primeiro gostaria de falar especialmente do protagonista Zinos. Zinos é um cara baixinho, um tanto quanto gordinho, que tem uma maré ruim em sua vida. E essa maré, meus amigos, dura o tempo necessário para que a vida dele mude completamente, na pior intensidade que vocês conseguirem imaginar.
Sua namorada vai morar em Shanghai, seu restaurante anda sem movimento e a tendência é que chegue a falir. Um novo chef de cozinha é contratado e os clientes rejeitam a nova comida. Zinos descobre que está com um sério problema na coluna e ainda tem que administrar as novidades do seu irmão que está preso e acaba de conseguir o regime semi-aberto.
Ufa! Até fiquei cansada de falar toda essa rotina desse pergonagem. A verdade é que Soul Kitchen, apesar de ter seu cenário principal como a verdadeira derrota, fala da grande vitória de nossas vidas. Superar cada obstáculo, sempre ver uma nova tentativa, acreditar no futuro e em seu potencial. Isso ocorre na vida de Zinos, na minha vida, na vida de vocês. E é por isso que Soul Kitchen, apesar do cenário Alemão, chega tão perto de nossas vidas. Conhecer e descobrir verdadeiros amigos, decepcionar e curar o coração, começar do zero e enxergar nisso uma nova chance para o acerto.
A riqueza dos personagens é peculiar. Há o restaurador de barcos, que é inquilino de Zinos e, apesar da vontade de parecer distante, é o maior fã daquele restaurante. Os garçons são o exemplo de fidelidade, lutando sempre por aquele patrimônio, pelo emprego e pelo amigo. A agente do governo é o retrato de que, todos nós, somos um pouco de tudo nessa vida. Sem dúvidas há um grande recheio de seres incríveis.
Na verdade Fatih Akin (diretor) tem o dom de prender nossos olhos na tela. Isso ocorre ainda mais nas empolgantes cenas de dança, onde todos no restaurante curtem o som do DJ amador. Também há diálogos ricos, com as reais emoções do ser humano.
Zinos e seus amigos são personagens muito mais próximos das pessoas de carne e osso do que vocês podem imaginar. Não há mocinhos, nem vilões nessa história. O que acontece é o retrato da vida- seja o foco a dureza ou a fé na melhoria.
Vale a pena conferir!

Por: Maria Eduarda Ferraz

domingo, 25 de abril de 2010

i miss you (so much)

A sua falta. Ah, a sua falta é a coisa mais importante do mundo. A dor que eu sinto, a saudade que eu sinto, são os maiores sentimentos do mundo. É estranho querer te ver. É estranho ter tempo de ir aí na tua casa, tomar um café contigo...mas perceber que não adianta mais ter tempo. É difícil não te ter mais comigo, não sentir teu carinho. Sinto falta da tua voz, dos teus conselhos. Acho que algumas vezes quando conversei contigo não prestei muita atenção. Merda. Era pra eu ter gravado todas as nossas conversas, não só na memória, mas também em um gravador, para que o tempo não levasse toda a tua voz de mim. E tuas risadas? Bem, ninguém no mundo sorri tão lindo. A última cena não me sai da cabeça, mas as que marcam mais são as de antes. Quando você se fingia dormir, só pra não acabar com nossa brincadeira de espiar. Ou quando guardava aquele doce pra mim, na primeira porta da dispensa. Tua casa não é mais tua casa, teus filhos estão tão desunidos. Teus netos, bem, já não se conhecem mais como primos. E tu sem estares aqui, pra colocar ordem em toda essa bagunça. Queria te sentir um pouco mais perto. Queria te ouvir um pouco mais, te abraçar. Sonhei contigo, te abracei tão forte. Será que era você? Teu cheiro. Saudade do teu cheiro. Dias e mais dias. E nada é igual sem você aqui.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dia de cão

Sofia tinha um sistema paradoxal de se sentir para com o mundo. As vezes ela estava sozinha em seu canto, mas se sentia completamente acompanhada. Outras tantas ficava rodeada de gente, mas se sentia só. Hoje era um dia que Sofia se sentia só.

Os sons da rua pareciam estar em uma sintonia muito distante. Sofia se esforçou para cantar a música do rádio, prestar atenção na conversa da colega ou apenas conversar com alguém. Tudo para esquecer, abstrair que estava em um dia ruim. Nada adiantou. Tudo permaneceu assim, como acordou. E o sol já começava a se pôr. O desespero bateu mais forte, pois é na melancolia da noite que os sentimentos se aguçam - bons ou ruins.

Chegou em casa, se trancou no quarto. Não precisava, estava sozinha em casa. Mas girou a chave apenas para ter um pouco mais de certeza que nada iria atrapalhar sua solidão. Viu a antiga pilha de vinis, pensou "Quando vou ter tempo de arrumar isso?". Tempo. Era isso que lhe faltava. Para si e para o mundo.

O telefone tocou, o celular descarregou de tanto chamar. Até o interfone desparou, mas Sofia não se movia. Seja lá quem fosse, seria incapaz de entender sua solidão crônica, aquilo que lhe fazia querer matar toda a humanidade - já que não faria difirença. Fechou os olhos, sentiu o sono chegar. E respirou fundo, pedindo que no outro dia a disposição chegasse.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

SOFIA

O mundo parou. Essa era a sensação. Nenhuma música nova a viciava, nenhum programa parecia interessante, nenhuma estréia boa nos cinemas. Tudo bem, era só um daqueles períodos amarelos, onde tudo parecia estar estagnado. Fazer o quê? Esperar que tudo mudasse, afinal, nada permanece da mesma forma por muito tempo. Pensou em largar o emprego. Pensou em pintar o cabelo. Pensou em fugir da cidade, em sumir de si. Que saudade. Saudade de quê? De tudo. Tudo o quê? Sabe lá de quê...

As vezes era necessário buscar ar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

sofia

- Ah, vou ao cinema com o Fred, se quiser vir...

Não. Sofia desligou o décimo quinto telefonema desesperado para sair de casa. Não, ela não queria sair com a amiga e o Fred, não queria segurar vela de novo. Desistiu. Ficar em casa, essa é a questão. Ligou a TV, estava naquele canal de propagandas, onde uma loira gostosa fazia demonstrações de como ter uma barriga sequinha em três dias. Três dias... Sofia tentava ter uma barriga sequinha desde... desde que ela se lembrava.
A vida inteira servindo a todos, sendo tão amiga, compreensiva e sorridente. E aí bastou Sofia surtar (por um feriadão, vale salientar) que todos pareceram sumir. Estava tudo errado, ela não queria ficar ali sozinha, se tivesse alguém que merecia sumir, esse alguém era ela. Por mérito, merecimento. Nem isso. Estava condenada ao programa do abdomen perfeito, ao último gole de vodka que sobrava numa velha garrafa. Mais que isso, Sofia estava condenada a mais uma dor de amor. De novo? Sim, de novo. Mas esse filme ela já sabia de trás para frente. Ia doer agora, ia doer semana que vem. Depois ia começar a melhorar e salve as vezes que encontrasse o desgraçado sorridente, acompanhado de uma vigarista, quase não haveria recaída. Mas o agora é que importava. Importava a dor demasiada de Sofia. Importava o barulho na rua, mostrando que todos tinham uma vida mais importante e feliz que a dela. Importava a tábua de frios em cima da mesa, esperando um jantar a dois. O que mais importava? Nada. Aquela dor familiar já estava camuflado no cansaço da repetição de se decepcionar. E, queridos, quando Sofia se acostumava com uma coisa, ela geralmente desprezava. Então desprezou a dor. Acordou no meio da madrugada no sofá, com a tv fora do ar e uma luz amarelada na casa. Mas antes mesmo de abrir os olhos, Sofia lembrou que estava triste. E por estar triste, merecia mais um pouco de sofá. A tv chiava, o coração doía. E Sofia fazia um esforço tremendo para , novamente, deixar de amar.

terça-feira, 16 de março de 2010

sofia

Sofia saiu do banho, enrolou-se na toalha branca, se olhou no espelho. Achou estranho ver a imagem. Devia andar ocupada demais, pois alguma coisa tinha mudado e ela, com certeza, não estava tendo tempo nem de se olhar no espelho. Emagreceu. Não, engordou. Não sabia, alguma coisa estava estranha. É, engordou, com certeza foi isso. E o cabelo... O cabelo cresceu. Não, ela cortou semana passada. Então é isso, cortou e nem deu tempo de admirar. Depois viu algumas manchinhas vermelhas na pele, sorriu. Aquilo ela não tinha dúvida do que era, puro fruto de 'cosquinhas' muito fortes, feitas pelo seu namorado. Sim, Sofia estava namorando e, talvez, por isso havia abandonado mais o espelho, o velho blusão de algodão e o vinho do porto - seu companheiro insubstituível nas noites de solidão. Sofia agora estava acompanhada e, por mais que seja a coisa mais normal do mundo moças conseguirem acompanhantes, Sofia se sentia única e especial. Naquele momento seu tom era de felicidade repleta, a música de fundo na sua cabeça era 'Shoulder to shoulder' e as cores eram vermelho e lilás. Tons de euforia e ternura. Escovou os cabelos, colocou a roupa que seus olhos achou mais linda. Não fez questão de voltar ao espelho, arriscou deixar que o mundo conferisse se estava tudo bem. Afinal, Sofia agora era do mundo. Possuia o mundo. Sofia nunca esteve não linda. Sofia amava.

segunda-feira, 15 de março de 2010

bestinha, besta, bestona

Se existe alguém que sempre correu do amor brega e cafona, esse alguém sou eu. Por ironia, ele sempre acaba me alcançando, me fazendo ficar toda besta, brega, declarada, babona e apaixonadamente idiota. A verdade é que quando me apaixono sou outra pessoa. Sim, preciso confessar isso. Apesar de não ter orgulho de tal coisa, não sei me comportar direito quando alguém faz meu coração palpitar. E não é que palpita mesmo? Palpita, palpita sim. As mãos realmente ficam suadas, não é clichê. E você tem tanto pra dizer, mas acaba não dizendo nada, ou ainda dizendo uma coisa que simplesmente não tem nada a ver com nada. Patetas, ficamos todos patetas. O amor chega, me faz sentir como jamais fui acostumada a sentir. Me faz imaginar coisas idiotas, querer ser idiota, fazer coisas idiotas. Os atos feitos por amor são, na grande maioria, inúteis e sem sentido. Fazemos um belo café-da-manhã, passamos mais uma camada de maquiagem, nos ineteressamos por coisas que o ser amado gosta e entende. Só pra ter o que conversar, só pra se enfiar de vez nesse mundo que você agora parece amar mais do que o seu próprio universo. Cair de cabeça é perigoso, mas é mais perigoso ainda ficar na beirinha, esperando o amor passar. Eu, que sempre tentei fazer pose de durona, me joguei com tudo, acreditei no lance, investi no bofe, desci pro play, pedi pra brincar... De qualquer forma que queira entender, eu embarquei fundo nesse momento. Sou outra pessoa sim, estou meio aluada, sim, vivo pensando em coisinhas bestinhas, sim. Mas digo, sem gaguejar, amar é bom demais.

terça-feira, 2 de março de 2010

Sexo Frágil.

Todos sabemos o quanto as mulheres são estimadas como frágeis, puras e inocentes. Numa mulher não se bate nem com uma flor, uma mulher é doce, meiga, cheirosa. Mulher é um anjo em forma de gente.

NÃO. Não é assim que funciona. Na verdade as mulheres não são tao quentes e meigas. Diria mais, são frias e calculistas. Conheço mulheres, próximas a mim, que seriam capazes de acabar com a vida de muitos marmanjos. Mas como falar de gente conhecida é muito mais interessante, vou dar alguns exemplos de divas do mal, que acabaram, desestruturaram ou definiram a vida de tantos frágeis garotões :

  • (primeiríssima em minha lista) COURTNEY LOVE (viúva de Kurt, alguns afirmam que seu suicídio foi por Courtney não mais o amar)
  • (a dama do domínio, da manipulação) YOKO ONO (viúva de John , teoricamente um dos motivos do fim dos Beatles)
  • CAMILLA PARKER BOWLES (atual esposa do Príncipe Charles, pivor do começo da crise entre Charles e a princesa Diana.
É verdade que os homens são másculos, possuem a força declarada na face. Porém, jamais se deve subestimar a inteligência de uma mulher. Isso a torna mais forte, atraente, envolvente e o pior de tudo : fazem tudo com pose de coitadinhas.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

renda-se, como eu me rendi (ao amor)

"Ele beijou seus lábios, ela teve vontade de dizer que o amava, que estava com saudades; se segurou"


Sofia entrou no velho e bom café da esquina. Aquele ambiente tão íntimo, que por vezes serviu de plano de fundo para as cenas de sua vida. Quantos choros nos ombros das amigas, dores de cotovelo curadas a base de chá mate e limão. De vez em quando, quando a seriedade pedia, mandavam descer aquela cerveja "semi-importada" e pensavam estar bêbadas - já que não dá pra ficar bêbada com uma cerveja que custa 7 reais. Pois bem, Sofia entrou no lugar de sempre, falou com Afonso, o garçom que lhe atendia sempre. Viu todos os doces do cardápio, não pediu nada a mais do que seu velho café com menta. Foi quando Ele atravessou a porta de vidro. Sofia sentiu o coração enlouquecido, mas ela não deixou mostrar. Ele beijou seus lábios, ela teve vontade de dizer que o amava, que estava com saudades; se segurou.
Ele vestia tênis vermelho e usava um casaco velho e um tanto sujo. Como sempre, sem cerimônia e romantismo, foi franco e encurtou as carícias do encontro com a delicada frase 'preciso tirar água do joelho'. Sofia estava acostumada com aquele jeito. Afinal, há quanto tempo já estavam juntos? Bem juntos, na verdade "juntos", na prática, pois na teoria ainda eram amigos. Não conversavam sobre o que acontecia, o que tinham, o silêncio e as atitudes se faziam valer. Um filme passava na cabeça de Sofia, desde o dia em que tinha o visto pela primeira vez até o dia de hoje, onde já havia tanta intimidade. Foi pensando na vida que encostou a cabeça no balcão, afim de dormir e sonhar. Só então percebeu que junto a chave do carro dele e à carteira tinha um bilhete e algo embrulhado com papel brilhante. Sofia, intuitivamente, achou que era pra ela e abriu o pequeno presente amarrotado. O bilhete dizia 'seja minha' e o objeto metálico caiu no chão, rodou uns segundos e parou nos pés de Sofia. Ela abaixou-se, era uma aliança. Quando se levantou ele havia voltado e estava em sua frente, com um olhar ansioso. Ela apenas colocou o anel em seu dedo e beijou-lhe os lábios. Era a prova de que até mesmo os brutos ou as modernas, todos são românticos. E, no final das contas, todos queremos alianças.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Nós dois aqui, com todos aqueles discos espalhados pelo chão. As revistas, as reportagens que você pegou pra me mostrar, as canecas de café quente em cima da mesinha, restos de pizza fria. Risadas, risadas, risadas. Continuei sorrindo, mas parei para ver a situação e, amor, eu quase chorei. Eu quase chorei de alegria por ter você e tudo aquilo, toda aquela bagunça, perto de nós. Todos aqueles planos cofessados, todas aquelas mentiras desmascaradas, tudo tão cru e tão sincero. Ali, onde só havia eu e você. Onde mais ninguém chegou, onde mais ninguém chegará. E eu senti um medo tão profundo, sabe? Um medo de te perder, de não ter mais isso um dia. Eu sei, eu sei que você me acha boba e infantil quando eu penso nisso. Só que eu não quero mais parar de ouvir aquele jazz com você, conversar sobre as matérias idiotas das revistas, tomar aquele café horrível que você faz, comer resto de pizza na sua casa... Isso agora sou eu. É o que eu quero ser. Quero ser pra sempre essa mulher que faz esse tipo de coisa ao seu lado, não quero que você divida mais suas idéias com outras pessoas, quero roubar você, raptar você, sugar, sugar, sugar. Só penso em te sugar.
Não vejo a hora de voltar a ficar perto de você em todas as horas, todos os segundos, dividindo tudo ou qualquer coisa. Não esqueça de mim, não esqueça de nós.

Sofia.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

condenados

essa nova vida minha, esse novo jeito de acordar
essa rotina que chegou, uma nova caminhada
tudo igual ao meu redor, tudo muda à minha volta
sorrisos que vem do nada, estou perdendo o controle

à meia-noite o medo vem me visitar
e é imaginando ficar só que o desespero chega perto
minha mente não consegue sair daqui
e tudo que desejo é um pouco mais de você

estou condenada, enclausurada
estou submersa, submissa, subvertida
respiro suas lágrimas, aspiro seus sorrisos
estou completamente elouquecida, viciada

estraguei meus pensamentos
senti gosto de sangue, anestesiada, estou em transe
não consigo mais sair daqui

vou sugar você até a última gota
vou derramar lágrimas pelas suas facadas
estarei sempre aqui, se você também estiver
querido, você também foi condenado

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

'e eu sei que ainda vou voltar, mas eu quem será?'

Passamos por coisas na vida que nos sugam de uma forma tão imensa que no final das contas levaram muito, muito de nós. Nos levaram não só o tempo perdido com lágrimas e mau humor, por exemplo, mas também o tempo vazio que teremos sem vontade de sorrir e estar bem. A vida vai passando, você vai em sentido contrário. Você não cresce, você diminui. Você começa a ser cada vez menos você, cada mais os outros.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

co ti di a no


Alguém vem, alguém vai. Você arruma um emprego, pinta o cabelo, toma uma cerveja, vê a novela. Aparece um novo filme, o casamento acaba, você descobre a nova música da sua vida. Sua banda preferida se separa, o perfume que você usava sai de linha, fazem uma nova edição do seu livro preferido, você volta a falar com seu pai, seu vizinho se muda. Você sai do emprego, pára de fumar, perde 8 kilos, engorda 3. Conhece alguém novo, tenta ser engraçado, acha um antigo diário, compra um vestido mais curto.
A sua vida vai passando e você vai esquecendo de viver e pensar. De repente você lembra de alguns momentos e se pergunta onde estavam seus sentimentos? Onde estava você? Saudade da sua vida.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

mais um dia

Eu só queria ter tido mais um dia. Eu só queria te ver por mais um momento. Eu só queria ter as últimas horas ao teu lado pra te dizer tudo o que você foi, é e sempre vai ser. Eu só queria te dizer o quanto tuas mãos me acalmavam. Eu só queria te agradecer por tudo. Você me deu tudo, você era tudo. Você me amou todas as horas, em todos os momentos. Me defendia, me segurava, me admirava, sonhava junto comigo. Desejou o mundo pra mim, me deu um mundo de presente. Você gostou de mim incondicionalmente. Eu só queria mais um dia. Eu só queria te dar mais um abraço, bem apertado. Te beijar. Não ter como lembrança aquela testa fria. Eu só queria te dizer tudo o que eu disse depois, antes. Eu queria te ter mais um segundo aqui comigo. E se existisse um Deus? Bem, eu pediria a Ele para ao menos sonhar. Para ter você, nem que por um sonho. Eu só queria mais um dia. Eu te desejaria uma boa noite, eu sentaria à mesa com você, tomaria café quente e daria risada das suas conversas. Eu só queria mais um dia.

Saudade é a dor mais aguda e insuportável.
Muita saudade. Muita dor. Muito amor.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

'sim'

Quando você me toca
Tudo parece uma festa
Quando você me beija
O meu mundo te abraça

Você está em mim, você está aqui
não consigo te dizer tudo que quero
Não consigo explicar meus pensamentos
Tudo o que eu queria deixar claro
É que hoje eu te desejo um pouco mais

Quando meu mundo te toca
Tudo parece uma festa
Meu mundo beija você
Quando você me abraça

Não acredito estar enganada
Não acredito que não seja você
Que vai ficar comigo sempre aqui
Pra me levar a lugares que ninguém
Mais sabe como chegar

Quando você me diz 'sim'
Tudo faz sentido
Quando você sorri
O meu mundo te encontra

Como não perceber antes
Que na verdade sempre foi você
Como não querer voltar no tempo
E te colocar na minha vida
Em todos os dias

Quando meu mundo te diz 'sim'
Tudo faz sentido
Você encontra meu mundo
Quando eu faço ele sorrir pra você

domingo, 17 de janeiro de 2010

Saí à procura do seu sorriso. Olhei para todos os lados, não te encontrei. O corpo que amanheceu ao meu lado não tinha mais alma, pelo menos não a sua. Olhei bem dentro dos seus olhos, tentei enxergar você. Sua boca soltava palavras que não pareciam suas. Você não estava mais aqui. A dor de ter você ao meu lado e mesmo assim sentir saudades me corrói. Estava esperando você a vida nteira e de repente você foge assim. Volta.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

azar no jogo...


Virar o jogo. Foi o que ele a ensinou a fazer. Depois de tantas derrotas, depois de tantas esperanças depositadas em cima de "grandes" trincas que de muito não valiam, ela não tinha muitas opções além de voltar pra casa. Na verdade já tinha pago a conta, já tinha tomado o último gole da última garrafa, dispensado o último canastrão e perdido o último jogo. Já era madrugada quando ele chegou em tom manso e sutil e ofereceu mais um desafio. Ela tentou recusar, mas aquele olhar a dizia alguma coisa. Ela conhecia aquele homem, mas de onde? Ele a tomou pelos dedos, ela encaixou suas mãos na dele e correram para a máquina de fichas. Enquanto andavam pelo salão ela sentia a esquisita sensação de sempre ter entrelaçado suas mãos às dele e isso a assustou. "É tarde, preciso ir" achou melhor dizer, tentando fugir do estranho familiar, continuou "Além do mais, jamais ganho nesses jogos mesmo. Apenas prejuízos e nada mais" o rapaz insistiu "A minha sorte não é das melhores, quem sabe juntos não viramos essa maré de azar". E apostaram os últimos centavos na furada que já estava anunciada. Perderam. Maravilha, o que restava? E o dinheiro do táxi? Não tinham saída. "Eu falei que já estava atrasada, não sei onde estava com a cabeça". Ele sorriu ironicamente e falou em tom de segredo "Tenho a sensação de que já nos conhecemos" ela sentiu o calor tomar seu rosto e em seguida foi beijada. "Mas de onde você é, estranho? E por que tenho a sensação de já ter o beijado antes? De onde eu conheço você?" ele a puxou mais pra perto "Dos nossos sonhos".
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a alguém que me fez apostar de novo na vida, que já morava em meus sonhos e que foi a melhor loteria que já ganhei.