domingo, 25 de dezembro de 2011

Projeções na mente, tento apagar e fingir que não penso em você. Te encaro, você está na minha frente com um sorriso bonito, olhar sincero. Acende um cigarro, fala de música. Você está tão sexy agora que eu quase dou bandeira. O telefone toca, você atende e presto atenção nas poucas palavras que você diz, tento desvendar o que se passa no outro lado da conversa, tento entender sua vida. E aí você fala dela, diz que vão passar as férias em Bangladesh, que alugaram um barco para o verão. Mais uma vez, sorrio e desconverso. Falo de assuntos aleatórios, mas a minha intenção é perguntar se você também sente isso tudo. Será que você também me faz perguntas secretas dentro do seu coração? Sem querer, continuo sonhando com possibilidades malucas em que meus sonhos poderiam acontecer. Queria sentir tua pele, teu cheiro, tua boca e a tua respiração. Desvio o olhar, você fala do trânsito. Estamos sozinhos naquela varanda, vendo o sol se pôr. Você acende outro cigarro, eu reclamo que você tem fumado demais e você me olha com aquele olhar reprovador, me lembrando que eu não tenho nada, nada mesmo, com a sua vida. Dentro de mim você desperta o proibido. Longe de mim, você vive a realidade. Está na hora de acordar. Espera. Quero sonhar só mais cinco minutinhos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

happy last year

Quando eu era criança, sempre achei que um dia seria alguém reconhecida e famosa. Sonhei em ser atriz muito tempo e após anos de teatro na escola, resolvi virar jornalista. Mas nunca perdi aquele sonho de segurar um troféu com as duas mãos, sabe? E puxar uma listinha do bolso, agradecendo a todos que teriam feito parte daquele sucesso. Sim, vocês estão sentindo vergonha alheia de mim nesse momento e é por isso que vou pular logo essa parte da história para ir ao que realmente interessa.
Esse post será enorme, então aviso logo que quem não tiver com paciência ou coragem, pode parar por aqui. Daqui para frente só vou piorar o tédio de vocês.
Bom, é final de ano e não sou singular e independente o suficiente para não cair no velho clichê social de fazer um balanço do ano que vai embora. E, fazendo as contas, percebi que nesses vinte anos da minha vida, 2011 foi o ano em que as coisas mais importantes e mais marcantes aconteceram. Boas ou ruins, efêmeras ou extensivas, as realizações e não realizações de 2011 me deixam com vontade de fazer apenas uma coisa agora: agradecer. Então pegarei meu lindo troféu e puxarei a lista com os nomes de quem mudou, iluminou e/ou ferrou a minha vida em 2011. Só continue lendo essa publicação se você conseguir me imaginar em um lindo vestido longo, preto, com brilhos e paetês. Imaginou? Então, vamos lá.
Na verdade, 2011 só termina do jeito que tá terminando por conta do final de 2010. Foi quando entrei na E.life e conheci Tuka, Mari e Fernanda. No começo de 2011, Paulinho virou meu chefe e mudou não só o meu direcionamento profissional (foi quando desisti de ser jornalista para virar social media iiih) mas me ajudou a construir o tipo de profissional que eu queria ser. Tuka, Mari e Paulo me ensinaram a ser gente grande, em todos os sentidos. A minha mudança no meu foco profissional foi simultaneamente ligada a uma série de mudanças na minha vida pessoal. Acabei um longo namoro (Daniel, você sempre será alguém que vou amar e respeitar por toda a minha vida. Amo muito você, independente da forma que esse amor tenha tomado. Obrigada por tudo), tive que reaprender a pensar só, egoísta e independente. Mas tive a grande chance de reconstruir e reinventar minha vida e fiz isso da melhor maneira que pude.
Conheci pessoas incríveis, como todo o ê.vida, descobri que amor de verdade perdura, independente da distância, com Louise, senti saudades de Marina e de Ricardo. Me aproximei de pessoas que, de certa forma, já faziam parte da minha vida, mas que eu jamais tinha entendido o quanto eram incríveis como Babi, Jessica e Fernandinho. Dividi confidências, risadas e lágrimas com Carol. Fui promovida e ganhei na loteria possuindo estagiários que me ensinam e me deixam crescer a cada dia (Bia, Déb, Fuad, Gui, Gabi e Mirella). Tive um grande, generoso e fiel companheiro profissional chamado Jairo Deoli. Dividi angústias e aprendizados com Mari, Tuka, Priscilla e Luiggi. E, como fazemos há quase 10 anos, relembrei com as Justines que irmãs de coração estarão sempre por perto.
Aprendi com Sthael e com Gabi Machado que amigas nem sempre serão parecidas com a gente, mas que no fundo a gente se entende e isso não quer dizer que não podemos compreender alguém que age ou pensa diferente de nós. Ao contrário, devemos crescer e aprender com elas. Conheci amigos que, tenho certeza, já são meus amigos há muitas vidas, como Matels. Passei por situações de família muito tensas e tive sempre Olga ao meu lado, sendo amiga, prima, irmã e meu cérebro muitas vezes, além do meu coração. Apesar da distância, tive sempre o amor e a certeza de que Bel e Cate estariam sempre por mim, assim como eu sempre estarei aqui por elas.
Entre mudanças de cargo no emprego, idas e vindas a São Paulo, despedidas e reencontros, eu cresci mais um pouquinho. E, pensando bem, apesar de todas as coisas ruins, esse ano foi incrível. Em nenhum momento que precisei de alguém, fiquei só. Tive sempre pessoas lindas e amadas ao meu lado, das quais eu nunca vou esquecer. Amo vocês. E mesmo que alguns não fiquem na minha vida para sempre, eu amo cada registro e lembrança que vocês deixaram comigo.
Dos próximos 12 dias do ano eu não espero quase nada. Vocês já me deram coisas demais. Feliz 2011, feliz vida, feliz nós. Muito, muito, muito obrigada.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

someone like...

Hoje comprei o álbum duplo de Adele. Cheguei em casa morta de cansada, andei pelo shopping a noite inteira, mas fiz questão de assistir os 100 minutos do DVD ainda esta noite. Música atrás de música, facadinhas no peito, bem no jeito Adele de nos ferir. Someone Like You é a minha música predileta. Acho que sou do tipo que acha bonitinho você desejar tudo de bom a alguém, mesmo que esse alguém não te queira como você o quer. Pois bem, enfim começa a tocar a minha musica preferida, na verdade ela é a penúltima do show. E em um concerto com milhares de pessoas, o eco da multidão faz Adele parar de cantar e ouvir: Never mind, I'll find someone like you. E então a nossa musa de voz estridente, chora. De princípio, pensei que Adele chorava de emoção em ver tantas pessoas cantando sua letra, mas por que só na penúltima música? A verdade, meus amigos, é que Adele nunca deve ter encontrado alguém como esse cara, assim como as milhares de vozes embargadas na platéia também não. E, bem no fundo, por pior que nos sentimos, é isso que queremos, não é verdade? É alguém como ele, como ela, como aquele alguém que não quer você, que encontrou uma garota e é casado agora (vide música).
Amar. Você está fazendo isso errado. Sim, eu, você, Adele, a platéia, todos nós estamos errando. Com a imaturidade da nossa juventude, com a birra da nossa geração e, acima de tudo, com esperanças infundadas, escolhemos pessoas semelhantes, acreditando que uma hora vai dar certo. Muitas vezes, entretanto, mudamos para que, no final das contas, alguma coisa embale enquanto na verdade não fosse preciso que nós nos violentássemos dessa forma e, sim, apenas aceitar que alguém como aquela pessoa não vai fazer a gente feliz. É de outro tipo de gente que precisamos. Não do tipo que já conhecemos, que já não deu certo, que já afundou.
Tenho certeza que um dia olharemos para trás e iremos rir dessa busca insana por alguém, como aquele alguém, a nos completar. Nesse dia, talvez, teremos entendido que as vezes não há nada de errado conosco. As vezes a culpa não é nossa. Nesse dia, quem sabe, encontraremos alguém não semelhante a você, mas  a mim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Day off.

Cresci na praia. Tanto que quando pequena, eu era galega e não, não era de família. Meus cachinhos dourados faziam a família perguntar, com tom de censura, toda semana à minha mãe "Você tá pintando o cabelo dela?". Apesar disso, quando cresci perdi um pouco o hábito de ir à praia. Tempo, coragem, estar fora de forma, preguiça, não gostar de multidão etc. Todas as desculpas eram válidas quando minha mãe, todos os sábados, batia na porta do meu quarto e perguntava "Não quer ir?". Com o passar do tempo, ela parou de chamar.
Trabalho com o que mais gosto: redes sociais. Passo 12 horas por dia na frente do pc, 8h do ponto e, no mínimo, mais quatro stalkeando e escrevendo besteira por aí. Fora o celular que não me deixa desligar nunca e que me possibilita acessar o Face antes mesmo de tirar o lençol do corpo, encolhidinha na cama. Entretanto, senti muita, muita vontade de me desligar de tudo esses dias. Precisei respirar outros ares, quem sabe ares antigos com sabor de carangueijo e caldinho de marisco? Então vamo! Eu e mais três amigos fomos para, exatamente, a praia que eu passei a maior parte da minha vida. Maria Farinha é uma das poucas praias que a prefeitura não colocou pedras para evitar a agressão do mar e, portanto, a maré lá quando enche, enche de verdade. Sentamos no bar da Ceça e Vânia (acho que na verdade é Vânia e Ceça) e pedimos uma fritada de aratu. "Tem não, só no final de semana"  "Então vem uma rodada de caldinho de sururu" "Também não tem só nos sábados". Já sem expectativas, perguntamos "Tem o quê?" E Jac, nossa garçonete brother começou a nos trazer o que eles tinham. Uma, duas, três, quatro cervejas, talvez mais, talvez o dobro que isso, talvez meia grade de cerveja na verdade e muitas, muitas histórias. Quando o sol foi caindo e o mar enchendo, tivemos a brilhante ideia de alugar um colchão inflável. A diversão custava R$4 e poderíamos usar por uma hora. Acho que na verdade usamos por umas três e dinheiro algum compraria todas as risadas que demos. Em um momento, sentimos falta dos nossos pais pedindo que não nos afastássemos muito da barraca e que voltássemos para reforçar o protetor solar. Quatro crianças de 20 anos (e olha que eu to sendo boazinha) com um colchão de casal inflável, no mar, brincando de ficar em pé até a onda bater. Em quanto isso, blackberrys, androides e smartphones esperavam dentro das bolsas que tinham ficado lá no barzinho, aos cuidados de Jac.
Saímos de lá completamente renovados. Na volta pra casa, um CD de 2007 de um dos três amigos nostalgiava o Green Day:


I walk this empty street
on the Boulevard of broken dreams
where the city sleeps
and I'm the only one and I walk alone


E lá se foi um dia para não esquecer jamais. Feliz vida.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Friendship

E aí ela olhou pra ele, o viu em tantas fases diferentes. Naquele dia em que os dois tinham levado um fora e foram beber juntos, naquela viagem que fizeram com a turma e quase morreram no trânsito, daquela noite em que não tinham nada mais a fazer do que tomar uma garrafa de vinho juntos. Dos tantos dias que ela e ele, ainda tão novos, saíram escondidos do colégio e foram passear no shopping, das vezes que ela tinha pintado o cabelo de roxo, rosa e azul e ele tinha dado risada. Daquela briga catastrófica que ela jogou um copo de cerveja na cara dele no meio da festa, na eterna briga deles dois entre Beatles e Nirvana e dos momentos fofos. Poucos, é verdade, mas olhando assim como um todo, pareciam até muitos.
Encheu o peito, olhou no espelho, pensou nas tantas possibilidades. Se fosse coisa da cabeça dela, se ele não gostasse dela como ela gostava dele, se na verdade ela tivesse descoberto que ele gostava dela e tivesse tentando gostar dele só por obrigação. Mas ela era do tipo impulsiva, sabe como é, dessas que só sossegam quando falam, alarmam, colocam as coisas para fora. E foi, foi até a casa dele. Ele abriu a porta, estava de cueca samba canção e como se não já tivesse o visto assim tantas vezes, ficou constrangida - pela primeira vez. "Preciso falar com você" os dois falaram juntos. E aí ele se antecipou: "Olha, eu ia te contar antes, eu juro. Não se assusta" Ela fechou a mão e segurou forte, já estava pronta para dizer eu também, ele deu aquele sorriso sarcástico. "Olha, a Aninha, sua prima, eu to comendo dela de novo."

E tudo voltou a ser como sempre foi.

domingo, 6 de novembro de 2011

Dois.

A mesa estava cheia. a música tocava no ambiente e Fagner gritava na radiola "se ao teu lado sei tão pouco de você, é pelos outros que eu sei quem você é' e Sofia viu um casal dançando ao lado na pista de dança mais decadente que já tinha visto. O boteco mais sujo da cidade tinha virado ponto de encontro entre Sofia, seus novos amigos do mestrado, seu núcleo de amigos gays e alguns amigos aleatórios como Nina, amiga que conheceu numa feirinha de artesanato e a quem comprou uma pulseira de prata - falsa.
Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, Roberto assistia a uma apresentação de jazz experimental, ouvia o som e seu sangue fervia. Ao seu lado, a roqueira de batom vermelho tinha belas curvas e um belo sorriso e bebia uma dose de uísque 12 anos. Roberto, então, ofereceu à Roqueira uma próxima rodada do drink e ela consentiu com um sorriso. Esqueceu o cartão de crédito. Merda! Foi sair para tirar dinheiro no posto de gasolina perto do bar. A roqueira era linda demais para deixá-la sem uísque.
Voltando a cena de Sofia no boteco mais sujo, em que Fagner conduzia  um casal na pista de dança mais decadente do mundo, o assunto agora era um conhecido de todos que andava anunciando que poderia vir um dia a talvez sair do armário. O papo consistia em todos os gays da mesma afirmarem que fulano sim-é-gay-eu-conheço-um-gay-de-longe-meu-amor e das garotas heteros falarem que não-acho-que-naquela-festa-no-prédio-da-cláudia-ele-queria-me-beijar. Isolada, Sofia continuava ouvindo a letra que saía da radiola. Agora, The Police empolgava com Every Breath You Take. Garçom, mais uma cerveja, por favor.
Roberto voltou ao bar, esticou o braço com o copo de uísque na mão para a roqueira bonitinha e antes que ela fisgasse a bebida, falou "me diga seu nome primeiro" e ela sorridente falou "Gisela" e aí eles começaram um papo besta sobre como era importante o incentivo a eventos como esse, que jazz experimental era o máximo e que gostavam muito daquele bar.
Sofia foi puxada para dançar por um mocinho da mesa ao lado.Dessa vez, a brega radiola tocava Gal Costa "Baby, baby, baby, eu sei que é assim, baby, baby, baby" e Sofia rodopiava com o mocinho no salão. Ele a levou até a quina da parece, colocou sua mão na perna de Sofia e beijou seu pescoço. Sofia rodou a nunca, dando uma volta tão longe que parecia nunca querer chegar na boca do mocinho. Até que chegou.
Roberto continuava o papo cabeça com a roqueira Gisela, até que a menina se cansou, um pouco envergonhada, é verdade, disse que morava ali perto e que poderia continuar a conversa por lá. Chegando ao sofá de Gisela, Roberto a pegou com força, a trouxe para cima de si e a beijou.
Sofia beijava o mocinho da mesa ao lado, Roberto beijava a roqueira bonitinha. E a sensação era, sempre, a mesma. Nenhum lábio era tão macio e as bocas jamais se encaixariam tão bem novamente como foi um dia. E naquele momento, exatamente naquele momento e talvez apenas naquele momento, Sofia e Roberto sentiram saudades.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ainda lembro de nós dois, deitados no chão da varanda, questionando se nuvens eram melhores que estrelas ou se estrelas eram mais bonitas que nuvens. Naquele momento, me sentia completamente feliz, não me faltava nada. Era exatamente o lugar que eu queria estar. Para sempre.
É difícil aprender novas maneiras de viver. Viver por mim, sem você, é como comer pizza sem orégano. É bom, mas não tem tanta graça. Você me faz falta todos os dias e hoje eu queria falar da minha saudade.
Eu ainda amo você, eu ainda penso em você, eu ainda desejo que um dia nós fiquemos juntos de novo, pois não há no mundo lugar mais seguro para mim do que teus braços. E eu tenho tentado, deus, tenho tentado com todas as forças me reapaixonar, por alguém e pela vida, mas a verdade é que eu ainda olho para o mundo procurando por você.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Aos que desistem

Escrevo nesse blog há um tempo e não, não acredito que alguém leia meus desabafos, minhas crenças, meus delírios. Porém, hoje vou pedir que, se tiver alguém aí lendo essa baboseira, você me ajude a desvendar o grande mistério da vida: por que as pessoas desistem?Eu entendo alguém desistir do emprego e ir morar no campo. Entendo as pessoas que desistem de comer carne e viram vegetarianas. Entendo as pessoas que desistem de engordar e fazem dietas ou desistem de emagrecer e tomam milkshakes. Eu entendo, juro que entendo. Mas eu nunca consegui entender aqueles que desistem do amor e, pior, de um amor real. Me digam, por favor me digam, o que diabos vocês tem na cabeça?
Não falo do amor romântico, não falo do amor abstrato. Tô falando de amor prático, amor companheiro, amor enfermeiro, amor que limpa seu vômito no dia pós bebedeira, que divide a conta com você, que assiste filme passando a mão no seu cabelo, que te dá boa noite antes de dormir, que escuta toda a briga que você teve com a sua mãe. Tô falando daquele amor ridículo que te faz ter apelidinhos ridículos, que te faz enfrentar o trânsito da cidade para um encontro.
E aí, um belo dia, vocês decidem acreditar que o desamor é melhor? Acreditam que as festas, as ficadas, a balada, as cervejas sem limites, os telefones que você vai conseguir com marca de batom, todos eles vão ser melhores do que aquele pé quentinho ao seu lado na cama? Deus do céu, seu imbecil, o que te faz acreditar que isso é melhor do que alguém que te ama, te deseja, te quer bem?
Acho que essas pessoas escolhem, de fato, a infelicidade. O masoquismo da solidão de um domingo pós farra, a ficha que cai ao perceber que todo mundo segue sua vida e que você, sem clichê, está sozinho. Sério, o que te faz pensar que a vida é melhor sem ele, ela, sem vocês dois juntos?
Para mim, todos burros. Burros e infelizes, querem sofrer e jamais acordar com um sorriso e um "amo você'. Sim, meu bem, porque a mocinha da balada não te ama. E, se ela disser isso, provavelmente bebeu muita vodka e confundiu com o ex dela que também desistiu.
Prestem mais atenção na pessoa ao seu lado. Prestem mais atenção no jeito que ela come, no sorriso dela, na forma dela de fazer perguntas, no jeito que ele coça a barba ou mexe a cabeça quando está irritado. Lembre que vocês dois amam pão de queijo, lembrem que com ela você não tem vergonha de pedir a promoção do restaurante e que confessam, um para outro, não gostar tanto assim de Beatles. E se, mesmo assim, você preferir a solidão de um copo de uísque, com muito ou pouco gelo e umas gatinhas para azarar, meu querido, eu tenho pena de você. Vão ser sozinhos lá na china, eu quero mais é amar.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Change!

Existe coisa mais clichê do que dizer que cada pessoa que passa em nossa vida é única? Porém, há clichê mais correto?
Há pessoas que mudam a nossa vida. Reviram tudo, nos deixam de perna bamba. Transformam nossa rotina, nem que seja a rotina do pensamento. E aí a gente se pergunta "mas como foi mesmo que isso aconteceu?". Há coisas que não sabemos o início, só nos damos conta quando estamos lá no meio da história. Completamente envolvidos, completamente encantados, quiçá, completamente apaixonados. Há momentos difíceis pelos quais passamos que nos endurecem, nos transformam e nos tornam diferentes do que imaginávamos que seríamos. E vamos lidando de maneiras inesperadas com os momentos inesperados da vida, pois não teria graça se tudo fosse tão previsível e cinza como um dia de domingo.
Eu gosto de vermelho, de fervor. Gosto de cores fortes, roupas coloridas, esmaltes chamativos. Não, não gosto de cores neutras, pessoas neutras, sentimentos neutros. Venha cá, me traga intensidade. Me mostre o paraíso, me leve ao inferno, mas me faça pulsar. Eu quero sentir meu coração extrapolando o meu peito, quero esperar você na janela, quero suar em pensar que você está chegando. Vem, me abraça, me olha, me deixa na dúvida, brinca de bem me quer ou mal me quer comigo, mas me tira dessa paz, desses momentos tão simples e calmos que não combinam comigo nem com o meu coração.
Me faça arrancar os cabelos, enlouquecer, tomar doses de uisque. Mas mude, mude a minha vida. Para sempre.

domingo, 18 de setembro de 2011

Domingo.

Você acorda, olha a hora. A cabeça lateja um pouco, a boca está seca e tudo que você quer é água. Relembra das risadas da noite que passou, lembra do amigo dançando aquela música ridícula e se lembra do garoto que te beijou no corredor entre os banheiros feminino e masculino. Também lembra que ele não pediu seu telefone, não perguntou o seu nome, não disse como se chamava. E, dessa forma, mais um final de semana passou e você fez tantas coisas legais. Bebeu, dançou, riu, beijou, dormiu. Mas, pera aí, isso aí é a descrição desse final de semana ou do da semana passada? A verdade é que todos os domingos são idênticos. Muita história para contar, mas nada que te faça pulsar, que te faça engolir aquele sorriso bobo. E a vida segue na mesmice, com as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, com as mesmas conversas. E você tá aí, achando o máximo.
As pessoas tem medo de envolvimento. É mais fácil fugir, fingir. Não estão preparadas para nada real. Não estão preparadas para uma boa conversa, um bom vinho, um bom filme, uma boa companhia. Preferem quantidade à qualidade. Preferem não ter a correr riscos de ter e perder. Preferem cantadas vazias na fila do banheiro, pois falar dos próprios sentimentos assusta.
A quem culpar? Todos temos medo. Medo do que podemos ser, essa é a verdade. Medo de se machucar. Todos nós, de uma maneira ou de outra, estamos muito machucados ainda - seja lá com qualquer coisa. Seja com a rejeição do Paulinho da alfabetização ou do namoro que acabou há um ano. E aí vestimos a camisa da independência do sábado à noite, mas no domingo não há como negar. Você está sozinho.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

quinze de setembro.

O destino é muito, muito malandro. Eu jamais imaginei que um dia, um dia como esses, fosse retratado através dos meus textos bobos. Mas é o que me resta e vou tentar fazer da maneira mais bonita que conseguir.
Você já teve um grande amor? Amor de uma vida inteira, amor que te faz dividir tudo, esperar tudo, doar tudo. Amor que te faz ser tudo. Esperar acordada até o outro chegar do trabalho, chorar de alegria quando ele obtém uma grande vitória, suar frio em imaginar perder. Amar de corpo, alma, sentimento, espírito. Ter a certeza que o amor vem de muitas, muitas vidas. Pedir que deus proteja essa pessoa, pedir mais por ela do que por você. Você já amou? Sim, eu já amei. Amei e amo muito.
Acontece que as vezes a vida nos separa. Meu pai me disse uma vez que separar e unir são os dois princípios universais do amor, pois é preciso reconhecer se é justo ou não estar perto de quem ama. Nós não fomos tudo aquilo que seu desejei, e e acreditei, sermos. Quebramos, partimos, acabamos. E hoje é a primeira vez após muitas vezes que não vou estar ao seu lado no seu aniversário, que não vou te abraçar forte, te desejar coisas lindas e pedir, com muita força, para que ainda passe muitas datas como essa com você. Hoje, para mim,  será um dia completamente normal. Não estarei presente nas comemorações, nas fotos e nem nas recordações. E também sei que a tendência será essa. A cada ano que chegar será mais e mais comum estar longe e até esqueceremos do aniversário um do outro, talvez daqui a 10 anos eu não me lembre mais se você era de virgem ou de aquário. Mas hoje, hoje o dia quinze de setembro ainda é um dos dias mais bonitos do ano para mim  e eu vou aproveitar para te desejar mil e uma coisas lindas, para te dizer que você merece o mundo inteiro e , por mais clichê que isso seja, que eu te desejo todas as coisas boas. Mesmo. Eu quero que você tenha um novo ano maravilhoso, cheio de esperança, cheio de realizações, cheio de presentes da vida. Que você tenha dias lindos com seus amigos, sua família. Que só chore se for de alegria, que sorria até a barriga doer, que ouça a sua música preferida várias vezes, que ria com vídeos novos do youtube, que beba muita cerveja e coma muito chocolate, carne, farofa e purê de queijo. Que seja um ano incrível, que seja o melhor ano da sua vida.
De todo o meu coração, feliz aniversário. Agora são vinte e uma primaveras, já é um homem diante do mundo. Um homem maravilhoso, cheio de qualidades, de sonhos e de força.
Boa sorte.

sábado, 10 de setembro de 2011

Amargura.

Acordou meio amassada. Em meio ao cheiro de vodka que ainda reinava no quarto, sua boca seca e a sensação de que um trem tinha passado em cima dela denunciavam - a farra tinha sido longa. Levantou-se e esbarrando em alguns móveis, abriu a janela. Linda vista de uma praia paradisíaca. Tomou um banho e resolveu descer, tomar um ar sempre ajuda para quem tem ressaca.
A escolha da  tal praia não foi aleatória. Além de ser o lugar perfeito em relação à distância da cidade - nem muito longe, nem muito perto, não era a praia da moda - tinha resolvido se bronzear naquele final de semana e não queria ninguém por perto notando as recentes imperfeições no quadril, causadas por tanto filé com fritas acompanhado de cerveja.
O que ela não contava a ninguém é que exatamente naquele dia faria cinco anos que ela e Téo tinham passado aquela lua de mel improvisada na praia. E após meses de separação, gostaria de tirar de uma vez por todas a marca da aliança que ainda a fazia lembrar todos os dias - Téo passou por você.
Já tinha planejado todo o feriado. Toda vez que lembrasse da lua de mel, iria recordar antes da última vez em que estivera na praia - Comemoração de três anos de casada, um ciúme indevido pela moça do bar e um copo de mojito jogado no seu rosto. Aquilo a fazia sangrar por dentro e lembrar dos motivos que sim, queria tirar a marca da aliança. E não, não iria utilizar anéis de apoio para matar a saudade de roçar o dedo do meio com o dedo médio e sentir aquele conforto. Ia mesmo abandonar o vício, talvez nem usasse mais anéis. Estava cansada de todos aqueles papos, todas aquelas teorias infundadas "tem que contar um dia para cada mês que vocês ficaram juntos" "você só vai esquecer quando arrumar um novo amor" e blá blá blá, todas aquelas coisas que as pessoas dizem quando estão com dó de alguém que perdeu tudo na vida - melhor amigo, companheiro, parceiro e o grande amor. Tudo junto e misturado em Téo, que não era o melhor do mundo em nenhuma dessas qualidades, mas que juntava todas elas naquele corpo bronzeado como ninguém.
Deitou a canga na areia da praia, sentiu o vento brincar com os fios dos seus cabelos. Olhou para o lado, viu um casal, aparentemente, recém casados, sentiu um frio na espinha e sorriu. Foi quando percebeu que ao invés de sentir inveja ou saudade, pensava em como ia doer o copo de mojito que a mocinha ao lado receberia no rosto em alguns anos. Amargura dói, mas saudade dói mais.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

E...já!

O site astrológico disse que era tempo de renovação. Também disseram que, por essas épocas de inferno astral, eu estaria em contato maior comigo mesma e, portanto, mais segura de mim.
Bem, eu não acredito cem porcento em astrologia. Também não sei se esse lance de inferno astral é verdade. Só sei que o meu último ano foi, sim, um período em que me encontrei mais, me entendi mais e hoje me sinto mais "minha" do que nunca.
Sempre acreditei que todos os dias a gente deve tentar ser aquela pessoa que queremos ser. Seremos longe do ideal, mas o máximo de proximidade que conseguirmos será motivo para comemorar. Quero ser mais doce, quero ser mais inteligente, quero ser mais rica, quero ter mais amor, quero sorrir mais, quero ter mais saúde, quero ser mais organizada, mais, mais, mais. Queremos sempre mais. Esse ano, entretanto, foi o ano do meu menos. Fui menos chorona, menos medrosa, menos rancorosa, menos imatura, menos impulsiva, menos inconsequente. E, dessa forma, eu me tornei mais.
Foi um ano cheio de mudanças. E hoje, às 23h do dia 23 de agosto, a uma hora dos meus vinte anos, eu posso dizer que sim, eu sou feliz. Estou feliz. Ganhei pessoas, música, risadas, viagens, experiências lindas e eternas. Conquistei espaços, cresci internamente. Redirecionei os sonhos, o pensamento e os sentimentos. Pensei mais em mim, tentei ser mais eu. Um pouquinho de egoísmo não faz mal a ninguém.
Há 10 anos, eu pensei que aos vinte seria uma adulta. Aos 15, pensei que aos vinte seria bonita. Aos 18, achei que aos vinte teria conquistado o que sonhei. Aos vinte, me vejo imensamente feliz pela minha sede de viver e aprender que estamos sempre crescendo. A arte de transformar momentos difíceis em boas escadas é  o que tenho tentado fazer.
E que venham mais brindes, mais sorrisos, mais músicas, mais beijos, mais livros, mais viagens, mais amores, mais cervejas, mais chocolates, mais sorrisos de novo. Que venha tudo que me faça sentir bem. Que venha com tudo. Estou pronta e com vontade de viver. Pode vir, vem que eu quero.
Que os vinte sejam melhores, muito melhores.
Feliz aniversário. Feliz ano novo. 1, 2,3 e já.

domingo, 14 de agosto de 2011

Mudam as roupas, os números de telefone, o peso, a idade, as músicas. Só não dá para mudar as paixões. Essas ficam impregnadas na alma, como whisky fica no hálito. E vai dando saudade, saudade de mim e de você e de tudo que a gente era, de como a gente era, de como a gente era. Dos sonhos que eu tinha, acreditava e torcia para que se tornassem reais. Tenho saudades da pessoa que eu era com você todos os dias. Todos os dias.
As coisas ficam sempre bem, não há dor ou mal que dure para sempre - pelo menos não o tempo inteiro. Mas, o destino é menino mimado, não pode ver a gente bem que tenta dar uma rasteira. Uma pessoa passa com o seu perfume, com o seu cabelo, com o seu sorriso. Na verdade acho que nenhum deles tinham nada de você, mas é tanta saudade dentro de mim que tento te enxergar a todo custo.
Vem cá, deixa eu te falar da última semana, deixa eu te falar do restaurante novo que eu descobri, da banda coreana que eu to viciada, do filme que eu assisti no cinema e odiei. Deixa eu te dizer que tive uma febre que quase me matou, que minha mãe casou e foi morar na Rússia, deixa eu te falar do capítulo da novela, da minha dor nas costas. Mas deixa eu te falar da minha vida, eu não consigo imaginar coisa mais estranha do que viver sem você saber.
E aos poucos eu vou me tornando alguém que você não conhece, alguém que eu também não conhecia. Essa pessoa que eu sou hoje combina com a minha nova vida. Novo trabalho, novos amigos, novas músicas. E você vai fazendo parte do que eu fui, mas continua aqui dentro de mim, no que eu sou.
Você não para de pulsar dentro de mim.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Quando Téo foi embora.

Quando eu e Téo resolvemos acabar o nosso casamento - acabar, que maneira horrível de se dizer que não se tem mais um relacionamento. Mas é isso mesmo que fazemos, não é? Acabamos os sonhos, os planos e tentamos até acabar com as memórias - foi um acordo. Ambos sabíamos que o sol não brilhava mais em nossa casa como tinha brilhado um dia. As longas conversas na sala de estar sobre anarquismo, a novela, a vida do vizinho ou o futuro político do país tinham se resumido a "boa noite, meu bem, estou com dor de cabeça e vou me deitar" e blá blá blá, todas aquelas amenidades que se fala quando já não se tem mais tesão de sentar e fazer qualquer coisa, nem que essa noite seja nada.
Em um almoço, entre o "me passa a verdura, querido" e o "o peixe poderia estar mais salgado, meu bem", Téo me disse que gostaria de pedir o divórcio. Continuei comendo, mastigando e ouvindo o som dos meus dentes rasgando a comida, lembrando de respirar para não morrer e de piscar. Não consegui dizer nada naquele momento. Téo, por sua vez, continuou fazendo o que mais sabia: fingindo que nada estava acontecendo.
Um dia após a ida de Téo, notei que a minha casa era mais vazia do que eu tinha noção. Os móveis pareciam todos de outra pessoa, nada mais tinha a minha cara. E foi quando eu notei que quando eu era de Téo, eu era outra. Que se eu morasse sozinha, a casa seria totalmente diferente. E não, não pensem que Téo era um desses manipuladores que ajeitam tudo da maneira que mais gostam, porque Téo sempre foi um bom menino e até mais fácil de ceder do que eu. A verdade era que, por alguma razão, com ele eu era mais viva, mais corajosa e e mais maluca. A parede vermelha da sala não fazia mais sentido. Sem Téo, eu não era o tipo de pessoa que tinha uma parede vermelha em casa. Precisava de tons pastéis.
Após alguns meses, a casa ficou sendo cada vez mais minha. Tirei a bicicleta de Téo da varanda, mandei pra casa da mãe dele. Me mudei para o quarto do meio e fiz da suíte uma sala de TV. Pouco a pouco, fui preenchendo a casa com outros móveis, outras lembranças e deixando Téo cada vez mais no passado. Mas, como uma assombração ou milagre, ainda sentia a sua presença em todos os cômodos do apartamento. Téo não estava mais na casa, mas estava ainda em mim. Tão em mim, tão dentro de mim, tão forte e presente em mim que eu achava um absurdo achar que eu não estava mais nele. Bem, eu não estava.
Durante anos, esperei o telefonema de Téo, o interfone tocar e alguém lá no térreo falar "oi, sou eu, voltei para nossa casa e a nossa parede vermelha, me aceite de volta". Não, Téo nunca voltou, jamais telefonou. E, sim, eu ainda espero Téo. Ainda acho que um dia isso acontecerá, alguma coisa dentro de mim me diz que Téo um dia vai chegar.
Tive vários namorados, amantes, ficadas, amigos com benefícios. Mas jamais trouxe alguém à minha casa com Téo. Nunca tive coragem de destruir a última lembrança que restava: o nosso amor dentro do nosso lar. E, as vezes, quando estou sozinha, na cozinha ou na varanda, sinto a sensação que Téo está tomando banho ou lendo jornal. Penso que ele saiu e foi comprar pão, que foi comprar cigarros e cerveja. Penso que Téo vai chegar a qualquer momento.
Deixo apenas uma lágrima cair, levanto a cabeça e saio de casa. Um dia o telefone vai tocar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Todo mundo já ouviu que quando a gente encontra a nossa outra parte, a tal da metade, a gente tem certeza. Mas e se a outra parte não te achar a metade dela?

terça-feira, 12 de julho de 2011

Loser's game.

Sentados ao chão, com a paciência de  crianças que nada têm a fazer além de esperar que alguma coisa aconteça, Sofia, Clara e Guto fazem um campeonato de derrotas. Decepções amorosas, cicatrizes no joelho, uma relação ruim com os pais e o gosto brega pela música. Tudo é válido para ver quem perde mais no jogo da vida. Até o momento, Guto estava ganhando.
O telefone de Clara tocou. A mãe, que morava em outro estado, tinha sofrido um acidente de carro e a irmã, que a acompanhava, tentou tranquilizar Clara da maneira que pôde, mesmo dando a notícia de que a mãe passaria por três cirurgias ainda naquela noite. O telefone foi desligado, Sofia e Guto não sabiam o que dizer. E Clara, surpreendentemente, deu uma gargalhada. "Acho que ganhei no jogo dos perdedores". Guto e Sofia também sorriram e os três não conseguiram parar de rir. A vida era uma piada mesmo.
Guto era ateu, não acreditava em Deus, nem no amor. Clara era católica, ia à missa todo domingo. Sofia  se dizia budista, mas ainda estava estudando sobre outras possibilidades religiosas. Mas, naquele dia, a fé dominou a vida dos três amigos. Não fé em algum deus ou em algum santo, mas a fé que o mundo não poderia ser tão cruel, as coisas iriam melhorar. Precisavam melhorar. Aquela maré ruim não duraria para sempre, eles eram fortes o suficiente para superar. Tudo ia ficar bem. Sim, tudo.
E lá se iam dez garrafas de cerveja, sapatos jogados ao alto e muitos sorrisos. Clara ligou para sua irmã. Sua mãe passava bem e os riscos de morte tinham desaparecido. Seria essa uma noite de sorte?
Guto olhou pela janela do apartamento e viu quando dois garotos passaram correndo da polícia e jogaram uma pedra, tentando acertar a viatura. Erraram a mira e, claro, a pedra foi no carro de Guto, que tinha acabado de sair do conserto. Guto virou e viu que as meninas comentavam sobre uma nova onda de sorte. Não contou do carro. Apenas abriu mais uma cerveja, distribuiu entre os copos e suspirou "se nada der certo, ao menos ainda poderemos jogar o jogo dos perdedores". E nada mais importava naquela noite do que sorrir.

terça-feira, 28 de junho de 2011

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Eu não quero morrer sozinha. Não, eu quero uma casa cheia de amigos, até lá quero ter encontrado o amor da minha vida e quero filhos que preencham com netos e bisnetos. Quero compartilhar com as pessoas que eu amo cada pedacinho de mim, cada erro ou vitória, para que elas possam fazer igual ou diferente do que eu fiz - dependendo do sucesso.
Quero ter 50 anos e sentar em uma mesa com as minhas amigas de hoje e relembrar como tudo era lindo e fácil. Relembrar as músicas, as cores do mundo, os amores e indagar sobre por onde anda aqueles que não temos notícias há tempos.
Eu quero gente. As pessoas são a coisa mais importante da minha vida. Ter um bom amigo pra compartilhar dor ou alegria. Ter um amor verdadeiro para dividir angústia e fé. Ter uma família que me dê sentimentos além do porta retratos. Não, definitivamente, eu não quero morrer sozinha.
No entanto, muitas vezes nós recebemos em nossas vidas pessoas que não se importam em terminarem sozinhas. Pessoas mais preocupadas com o bem estar do seu ego, com a satisfação do seu grande 'eu'. Esses, sem dúvida, morrem sozinhos. E aí daqui a 40 ou 50 anos, sentados na solidão de uma cadeira de balanço, vão contar quantos amigos e amores deixaram passar. Para quê? Para nada. Buscavam uma coisa que não sabiam. Assim é fácil. É fácil colocar a culpa na indecisão, na confusão, na 'introspectividade'. Não. O nome disso é crueldade. Você ferir sem pensar, você cometer atos que magoam as pessoas que mais amam você, não é falta de comunicação. É falta de caráter.
Eu acredito em mim e acredito no mundo. Sei que há muita gente boa no planeta, gente capaz de ser leal, de se entregar de verdade, de realizar atitudes menos egoístas e mais altruístas. E é por esse tipo de gente que eu continuo não querendo morrer sozinha. Eu quero morrer com eles.
Tomei uma decisão. A partir de agora, vou praticar a memória seletiva. A todos aqueles que me fizeram mal, que me contaram mentiras, que me fizeram acreditar que eu estava vendo coisas que não existiam, enquanto planejavam atitudes perversas e cruéis, o meu esquecimento. Não quero lembrar de nenhum sorriso que dei para essas pessoas, de nenhum carinho, de nenhuma palavra amiga. Não quero lembrar de viagens, filmes, palavras de perdão ou confiança. Esqueci de vocês. Todos vocês que também se esqueceram de mim e dos meus sentimentos.
Saber mudar é um dom que nós humanos temos. A racionalidade nos proporciona inteligência para nos adaptar a novos desafios e situações. Vai ser fácil viver sem eles. Só não sei se vai ser fácil viver sem mim. Afinal, ao contrário de mim que não perco nada, muita gente anda perdendo uma amiga leal, fiel, honesta e incapaz de cometer uma atitude tão abominável a fim de massagear o ego.
Até hoje nunca tinha parado pra pensar o quanto era triste a tal da indiferença. Talvez não seja triste para quem se torna indiferente, mas para quem sente é bem triste. Pelo menos para mim. Não estou acostumada a não sentir nada. Eu sou do tipo que sente. Eu sinto muito.
Meu coração estará sempre aberto às boas pessoas da vida. Aos antigos e velhos amigos, aos amores inesquecíveis de infância - como o Dudu do maternal - e aos novos amores que chegam e me fazem passar madrugadas em claro ao telefone, só pelo gostinho de estar um pouco mais perto, aos amigos recentes que se fazem presentes em situações necessárias. A essas pessoas, dedico todo o meu carinho e atenção. Pois, graças a deus, eu sou um ser capaz de amar. E amar de verdade.

"A força do corpo se encontra na excelência do caráter".

domingo, 26 de junho de 2011

Ainda. E sempre.

Ainda e sempre são as duas palavras chave de hoje. O tempo parece passar se arrastando e, na verdade, tudo está igual. Bem igual.
Não importa em que estágio de vida nós estamos, sempre temos sentimentos ridículos como medo, covardia, vontade de sair correndo, mania de perseguição, achar que tudo vai dar sempre errado. Porque é mais fácil desistir do que tentar fazer diferente, não é mesmo? É mais fácil dizer "não ia dar em nada, mesmo" e aceitar a condição de viver sempre mais do mesmo. É seguro.
Até nossos relacionamentos nos mostram isso. Já reparou que todas as pessoas que você se envolve possuem um traço em comum? E é muito provável que esse traço seja aquele defeito que você acha insuportável, mas pra você fica mais cômodo administrar o mesmo defeito. Afinal, você já está acostumado com ele. E aí não importa se você já teve dois, três ou 15 namorados, se você tiver 30 anos hoje, você está saindo com a mesma pessoa desde os 15. Eles são os mesmos. E não venha me dizer que não.
Pessoas novas trazem novas sensações, novos toques e novas descobertas. Elas querem saber coisas da sua vida que você nunca contou para ninguém, porque todos aqueles outros nunca se interessaram em saber. Assusta, assusta muito. Mas me sinto menos assustada em encarar o novo do que viver presa no passado.
Outro erro nosso é não se permitir adaptar aos novos desejos, às novas exigências. Queremos nos comportar de forma igual com todo mundo. E aí vem o conflito. Não é mais a mesma pessoa, portanto, você precisa ter boa vontade e tentar entender as novas questões. Você não nasceu pronto, a gente ficou 'assim' após as experiências passadas. Que tal tratar cada nova experiência como se fosse a primeira?
E daí se daqui a alguns meses não vai dar certo? E daí se vocês se tornarem dois estranhos, falarem apenas o necessário e acabem falando coisas estúpidas na hora de uma briga? Ou pior, e se daqui a alguns meses ou anos seja tudo tão tedioso que não haja nem brigas?
As possibilidades de não dar certo, de ser só mais uma pessoa para sua coleção, são muitas. Mas também há aquela possibilidade de vocês viverem uma grande história, a história da vida de vocês. De não ser só mais um, de ser O alguém. De vocês construirem uma casa, ter filhos, comemorar juntos as conquistas da vida. Tem a possibilidade disso, disso tudo aqui, dar certo.
As possibilidades que você acredita na vida, definem que você é. É preciso ter sempre um pouco mais de fé.

domingo, 19 de junho de 2011

eu desafio você a me amar.

Te proponho um desafio. Não vai ser fácil. É preciso ser muito valente, ter coragem e fé. Valentia para enfrentar as horas de dúvida, coragem para me receber e fé para achar que pode dar certo. Te desafio a me abraçar, a olhar nos meus olhos e receber um beijo. Te desafio a ver um filme de mãos dadas. Te desafio a saber minha cor preferida, o número do meu sapato, a primeira palavra que eu falei na vida e o meu dia da semana favorito. Te desafio a me contar com quantos anos você aprendeu a andar de bicicleta, quando foi o seu primeiro beijo e o que você acha sobre bomba nuclear. Te desafio a me ensinar músicas, a me mostrar filmes, a me mostrar antigos poemas, antigos contos que você escreveu e nem se lembra pra quem. Te desafio a dividir a comida, a rachar a conta do restaurante e a tomar uma cerveja. Te desafio a fazer massagem nos meus pés, te desafio a falar comigo por 5 horas seguidas ao telefone. Te desafio a sorrir até ficar sem ar, te desafio a pensar em mim, te desafio a ter alguém que fica ansiosa pra falar com você. Te desafio a ser feliz. Te desafio a se deixar levar por essa onda da vida que nos traz pessoas e lugares inexplicáveis. Pois só quem aceita o desafio, vive. As vezes é preciso aprender a aceitar a possibilidade de perder para poder ganhar. Te desafio a ter o copo meio cheio e meio vazio e lutar comigo para tentar ver sempre o lado preenchido. É vivendo que a gente se deixa sentir e é sentindo que a gente vive.

Fica, vai ter amor.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sou o tipo de pessoa que acredita em sorte. Acredito em roupas que dão sorte (ou azar), brincos que tornam meu dia melhor. Acredito em anjos que sopram em nossos ouvidos coisas que dizemos sem saber o motivo, mas que precisávamos dizer exatamente naquele momento. É, eu sou o tipo de pessoa que acredita.
O dia não foi fácil. Pra começar, mal dormi. Às 5h da manhã já estava de pé. E ao desencadear do dia, fui percebendo que não seria um good day. Teria eu escolhido a roupa errada?
Eu também sou do tipo que acredita que os dias ruins são compensados com dias maravilhosos depois. E é apenmas nisso que eu penso quando as coisas não vão bem.
Uma maré de azar. É assim que eu penso que as coisas devem estar. Espero que a maré mude logo. Logo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

É como reaprender a andar. Redescobrir a si, a nós, ao mundo. Tentar dar um, dois, três passos, sem precisar te contar ou perguntar. Ser mais eu. Pensar por mim, só, individual e egoísta. Não tem mais nós. Agora só basta um travesseiro na cama, um sanduiche, um copo, um prato na mesa.
Saudade é algo inexplicável. A dor da partida é semlehante à dor da morte. Só sabe quem passa. A lembrança lateja na mente. E vai e volta e vem de novo.
Tenho sorte, confesso que tenho sorte. Pois de tantos casais que só levam na memória as brigas e os aperreios, quando pensar em você vou sempre lembrar de você sorrindo. Independente do que, quando penso na gente, sempre penso na gente rindo.
Amor é troca. Nós trocamos tudo. Carinho, confidências, confiança, amizade, beijos, abraços, sussurros, olhares, pedaços do sanduiche e até os goles de um copo d'água, que eu sempre reclamei tanto por você fazer.
O fim é também começo. Por mais clichê, por mais batido, é um novo começo. Vamos ser felizes. Vamos ter novos sorrisos, novos moitivos para sonhar e, quem sabe, novos amores para dividir sanduiches. Mas nada é comparável, pois a cada ser se ama de uma forma só. Sempre te amei com toda alma e coração. E sempre vou amar. É sempre amor.
Sempre torci e sempre vou torcer por você. Espero que você saiba que eu vou estar presente, mesmo que eu não esteja fisicamente, em todos os momentos. Vou sempre estar na torcida, mesmo de longe, para que tudo dê certo, tudo seja feliz. Você merece o mundo.
Um sentimento de fracasso invade o meu peito. Quantas vezes escrevi sobre nosso amor, nossos sonhos, nossas comemorações. Mas nunca, nunca mesmo, pensei em escrever sobre o nosso fim. É uma surpresa.
Vou sentir saudades, vou chorar, vou sentir vontade de dormir abraçada com você e encostar meu pé no seu. Vou lembrar do seu sorriso, da sua voz e do seu abraço. E seus beijos. O melhor beijo.
Abrimos mão de um destino e, como prêmio, ganhamos todas as possibilidades do mundo à nossa frente. Façamos bom proveito. Sejamos felizes. E se um dia a vida for marota o suficiente pra nos jogar de novo no mesmo barco, que seja.
Por ora, te desejo a felicidade, os sorrisos e te envio o meu amor e muita luz. Te amei, te amo e sempre vou te amar.
Até logo. Aqui ou em outras vidas. Até logo, meu menino.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tentar.

Acreditar.
É isso que fazemos o tempo inteiro. Por mais que o mundo avise, que os indícios sejam evidentes, que o seu sexto sentido alarde. Nós sempre acreditamos que o melhor pode acontecer. Bem, poder até pode. Mas as coisas são do jeito que são e não do jeito que nós esperamos.
As pessoas são baús com fundos falsos. Quando você acha que conhece, que não tem mais como a gente se surpreender, não tem pra onde deixar escapar, vem uma decepção. Rasteira da vida. É como se o menino Deus falasse lá de cima "mais uma pra você lembrar quem é que manda". As decepções da vida sempre me deixam em estado de descrença da humanidade. E ainda tem sempre aquele que fala "mas quando a gente sofre, a gente cresce". Será? Não acredito que isso seja crescer ou amadurecer, ao contrário. Acho que pessoas que muito sofrem acabam regridindo, se isolando e até deixando de sentir. E quem não sente nada, não evoluiu.
E lá vamos nós em mais uma aventura da vida. Mais uma vez acreditamos "comigo pode ser diferente". Não foi. E vamos fazer o quê? Escrever 'burros' em nossas testas, só porque acreditamos que poderíamos ser felizes, que dessa vez o destino poderia ajudar um pouquinho e que as pessoas não mentiriam? Que falsidade não ia ter vez, que as palavras bonitas, como poemas, seriam de alma e coração. Não foram. Mais uma vez, não foram.
O estado pós decepção é horrível. A gente não tem vontade de nada, de ver ninguém, de ser ninguém. A gente só pensa que nunca mais vai crer, nunca mais vai achar que vai dar certo de novo. Mas vai, vai sim. E, de novo, algum dia desses, a gente vai achar que vai ser diferente. E, de novo, a gente vai achar que daquela vez, é A vez. Tentar. É assim que nós fazemos, é o que temos pra fazer. Tentar. Respirem fundo. Um, dois, três... Recomece.

terça-feira, 17 de maio de 2011

As coisas nunca ficam da mesma forma por muito tempo. Vivemos reinventando nossas vidas, nossos sentimentos, nossas maneiras de dizer alguma coisa, as gírias, o penteado. Somos cópias do que fomos ontem, projeções de amanhã. Somos, somos sim.
Isso é ainda mais presente na gente, que por bem ou por mal, somos a tal geração Y, a juventude das tantas janelinhas abertas ao mesmo tempo, da moda efêmera, do segundo que vale por uma eternidade e dos minutos que não valem nada. Nós, frenéticos, compulsivos, neuróticos, vivemos em uma eterna mania de ser. Ser o tempo inteiro. Mas não a mesma coisa durante todo o tempo.
E aí vem o destino e prega uma peça. Deixa sua vida monótona? Sua faculdade morta? Sua cidade com o eterno mais do mesmo? O que anda acontecendo com a gente?
Bem, no início eu achei que era só comigo. Até escrevi um texto no blog, recentemente, afirmando o quanto eu gostaria de morar numa caverna, visto que ando sem saco para o mundo. Mas minha angústia quando compartilhada com outras pessoas foi dada como comum. Estamos cansados. Cansados do nada. Queremos mais, mais de algo que ainda não veio. Mas, queremos.
Hoje estava com uma amiga, no carro, com a cidade passando ao nosso redor e pensando "vamos a algum lugar que nunca fomos, mudar o jeito de se vestir, cortar o cabelo...". A gente ria, porque se não fosse trágico, seria cômico.
Só queremos tentar. Tentar algo novo, tentar que dê certo. Tentar ter surpresas, tentar ser feliz, tentar ter uma explosão de sentimentos, chorar, sentir a perna tremer, odiar, amar, fechar os olhos, ficar em silêncio, segurar a mão de alguém.
Estamos esperando.

Com ou sem emoção? Com emoção, sempre.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Tempo.

Sempre fui uma pessoa apaixonada pelo ser humano - e sou. Frases como "preciso ficar sozinho", "hoje não estou afim de ver ninguém", "não quero sair de casa" nunca fizeram parte da minha rotina. é claro que esporadicamente, sim, uma vez ou outra, aqui e ali. Mas estar de mal com o mundo, isso não é meu.
Porém, ando meio sem saco pra viver. Não quero música, não quero comida, não quero gente, não quero barulho. Mas, para continuar pulsando, eu ouço música, como, convivo com gente e vivo a sintonia da cidade. E, deus, como é triste viver sem querer. Jamais tinha passado por isso, estar sem tesão da vida, da minha vida. E, pela primeira vez em 20 anos, eu quero morar numa caverna.
Não sei o que houve, o que eu perdi ou ganhei, mas esse sentimento de desprezo pelo mundo anda me sufocando. Essa sensação de que são todos bichos idiotas, que não sentem, não enxergam, não acham engraçado. Estou à procura de alguma coisa. É, estou sim.
Para completar, ando com uma saudade imensa. Saudade dos amigos, da família, do namorado, de mim. Saudade de mim quando estou com eles, saudade deles quando estão comigo. Estou com saudade de rir, contar amenidades, esperar o tempo passar e... esperar. Esperar que as coisas simplesmente aconteçam e não correr atrás dos acontecimentos como ando fazendo. Cara, eu corro mesmo. Corro atrás de encontros rápidos com os amigos, de momentos de conversas rápidas com minha família, de momentos fora da rotina com o namorado. Quero tempo.
Vou fazer assim: vou juntar umas roupinhas, um jogo de xadrez e me mudar para uma caverna. Morar entre as pedras, ficar na solidão. Tentar entender esse peso do meu coração. Porra, eu não quero me tornar a velha sem tempo, sem vida. Onde eu estou? Aonde estou indo? Quem sou eu?
Whatever.

terça-feira, 19 de abril de 2011

botões escondidos.

É como descobrir um botão reserva no seu casaco preferido. Como ele estava lá o tempo inteiro e você nunca sentiu?
Há pessoas que são despidas. Você as enxerga como são. Pequenas atitudes do cotidiano as mostram fortes ou fracas, estúpidas ou leais, amigas ou falsas, carinhosas ou secas. Mas há aqueles que se guardam para os momentos mais especiais.
O poder de não se deixar descobrir. Ao contrário, deixar que os outros o definam, criem estigmas, interpretem da maneira que bem entendem. E aí, quando necessário ou simplesmente quando você quiser, tirar a carta na manga e deixar que enxerguem você mais a fundo.
Não sou o tipo de pessoa que os outros demoram muito a conhecer. Conviva comigo por dez dias, tome uma cerveja e me pergunte sobre a cicatriz que tenho no pulso, feita por uma quase tatuagem de uma boyband fracasso. Pronto, você não tem mais com o que se preocupar, não há com o que se surpreender mais tarde.
Mas fico encantada com pessoas que conseguem se demonstrar tão diferentes em momento tão oportunos. Tanto os postivos, quanto os negativos segundos. Afinal, alguém que em momentos absurdos se mostram cruéis merecem ao menos o meu reconhecimento pela falsidade. Parabéns. E a quem se mostra um gigante, ganha uma força fora do comum quando preciso, a minha admiração.
Já tive experiências boas e ruins com botões escondidos nas pessoas. Mas esse tal do ser humano é algo que eu não me canso de olhar e de amar. Viva os poderes secretos. Viva os botões escondidos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Toda vez que eu olho
Toda vez que eu chamo
Toda vez que eu penso
 Em lhe dar o meu amor...















Penso que não vai ser possível.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

aos 15.

Olá, princesinha.

Como vai você? Há tempos não tenho notícias suas. Bem, é verdade que com toda essa correria eu não tenho lhe procurado muito. Mas, eu me lembro de você todos os dias.
Seus sonhos, eu estou tentando realizar. Muitos imprevistos. Você não tem ideia de como é fácil ter quinze anos. Se tornar adulto é mais difícil do que você pensa, mas você é muito nova para entender e continua querendo mais e mais a maturidade. Boba.
Preciso que você seja forte. Vai passar por muitas, muitas coisas ainda. Um belo dia você vai pensar que está tudo bem e não vai estar. O primeiro problema chegará cedo e você não vai saber como resolver. Vai ser a sua primeira desilusão, minha linda. Quando você vai chorar um choro sem solução.
Essa vai ser uma das fases mais importantes da sua vida, muitas pessoas vão estar ao seu lado, cuidar de você e vai ser nessa época que você vai se dar conta do que é o amor.
Alguns meses depois você vai ter o seu primeiro flerte verdadeiro. Se eu pudesse te aconselhar a tempo talvez dissesse pra você não ir tão fundo nesse lance. Pode ser que não dê em nada, sabe? Na verdade não vai dar. Mas eu sei que nem que você me ouvisse você iria acreditar.
Vai passar uns perrengues também! O dinheiro vai ficar curto, sua mãe vai ficar meio desesperada e você vai sentir o peso da maturidade chegar - quando os adultos não te poupam mais dos problemas e começam a dividir com você.
Vai sentir a dor de três mortes. Três pessoas e um coração sangrando. Essa dor você ainda nem tem noção de como vai ser grande. Mas com o passar do tempo você vai aprender a usar entorpecentes.
Vai namorar um dos seus melhores amigos. Acredite, você vai querer casar com ele um dia.
E o mais engraçado de tudo é que você vai aprender a gostar de cerveja, que hoje você tanto odeia. Sim, você vai ficar bêbada um dia.
Eu sinto saudade dos seus sonhos, da sua crença nos outros. Você não duvidava de ninguém e eu agora duvido de todo mundo. Sinto falta também da sua simplicidade, bastava pouco para ser feliz, né?
Você vai saber a emoção de receber um primeiro salário.
Ah, essas amigas que você tem agora, pois bem, são elas mesmas que vão ficar, viu? Então, se puder, não as troque por aquelas que não vão dar em nada. Ai, se você pudesse me ouvir!
Não coma tanta besteira, não tome tanto refrigerante. Você devia ter cuidado melhor de você.
Olha, princesa, hoje não somos mais uma princesa. Nós crescemos e sinto falta de você. Algo seu eu deixei lá trás. Sou feliz, não se preocupa. Mas é de um jeito diferente do quando você tinha 15 anos, eu tinha 15 anos. A felicidade se adapta. É triste, mas é bom.
Por hora, estamos bem. Saudades de algumas pessoas, felizes por conhecermos outras. E quando eu estou muito, mas muito tensa, eu tento lembrar de você e pensar no que você faria.

quarta-feira, 16 de março de 2011

 Um ano e oito meses. Pode parecer pouco, mas durante esse período eu mudei, você mudou e o mundo também se transformou. É sério, sabia?

O Obama ganhou o prêmio Nobel. A Hora do Planeta fez 37 países do mundo inteiro apagarem as luzes, protestando contra o aquecimento global. Adriano, jogador de futebol, deu um tempo do esporte. A grpe suína se alastrou e todo mundo começou a andar com álcool em gel na bolsa. Eu fiquei loira. Saramago morreu. Suzana Vieira pagou peitinho. Avatar foi o filme mais assistido da história. José Padilha lançou Tropa de Elite2. A Echo Lemonade virou Foxy Trio. Faustão ficou magro. Você tirou o aparelho. Eu voltei a ser morena. O Brasil elegeu uma mulher para ser Presidente. Mark Zuckerberg é um dos homens mais ricos do mundo. Você assiste Rush no Rio de Janeiro. Os Los Hermanos fazem turnê de despedida, entre as cidades, Recife. A gente começa a trabalhar. O mundo deu 612 voltas. 14688 horas se passaram.

Acho clichê dizer que eu amo mais você a cada dia. Talvez eu já ame você com todo o meu coração há muito tempo. O que muda, sem dúvidas, a cada dia é mais amor que eu sinto pela gente. Sinto amor por você, pelo que a gente vive, pelo que a gente vai viver. E quando eu fecho os olhos e posso ter a certeza que você me ama, a felicidade toma conta de mim. Vou te amar todos os dias. Vou te amar por mais mil dias. Vou te amar, te amar, te amar. Te amo. Feliz um ano e oito meses de amor. Feliz vida, minha vida. Feliz amor, meu amor.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quem mais quer viver sou eu

Já me desesperei, já chorei, já tive vontade de quebrar a casa. Dei chute no pé da cama, murro na janela. Gritei e estourei o celular no chão. Nada adiantou. Tenho mania de achar que o desespero pode modificar as coisas, quando na verdade tudo já está resolvido. Não sei se acredito em destino ou sorte, mas acredito que algo muito irônico vez ou outra acontece e nos traz de volta ao nosso caminho. Algumas coisas, não importa o quanto você relute, são extremamente diferentes do que você imaginava e queria. Não somos projeções perfeitas. Somos imperfeições. Somos o contrário do que queremos, por isso todos somos infelizes. E é a partir da infelicidade que podemos dar valor à felicidade. Não, não estou querendo promover um livro de autoajuda. Eu apenas queria falar sobre o tempo, esse tempo doido que te leva pessoas, te traz sorrisos, dias, lágrimas, copos, fotos e, quem sabe, até aquelas velhas pessoas. Nós mudamos, mudamos sim. Eu não sou mais a mesma, não adianta querer voltar, querer falar as mesmas gírias, achar graça nas mesmas conversas. Pois é, todos nós mudamos. E quem não muda, tenho medo deles. Afinal, ficar preso no tempo é coisa de gente maluca. Maluca e corajosa. Eu sou normal. Normal e medrosa e é por isso que eu mudo, mudo todos os dias. Mudo porque se eu não mudar, vou me sentir morta. Quem mais quer viver sou eu.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

De tantos no mundo, entre tantas possibilidades, entre tantos que eu poderia amar, é ele. Ele é quem me faz me sentir boba, parece que o tempo ao lado dele passa mais rápido, quando eu vejo já é hora de ir embora. O que me faz feliz é ir embora com a certeza que vou voltar.
Jamais acreditei em um amor assim, em um amor completamente puro e verdadeiro, que vai além que todas as coisas que já foram ditas ou feitas. É como se o resto do mundo inteiro não importasse, porque o meu amor já me basta. O amor que eu sinto por ele me alimenta, me mata a sede, o sono, o cansaço. Estou satisfeita.
Corações insaciáveis buscam sempre mais. Vejo constantemente pessoas abrindo mão de suas vidas, das pessoas de suas vidas, por achar que podem alcançar voos maiores, pessoas melhores. Eu não. Eu acredito, vou sempre acreditar, que ele é a pessoa melhor para mim.
Se eu pudesse definir o nosso destino, manteria nossos rumos juntos. Não podendo, tento alimentar esse amor, viver esse amor, amar esse amor, por todo o tempo que for possível. E eu espero, e quero, que seja para sempre.
A cada uma das pessoas que gosto, desejo que amem de toda alma e coração, como eu aprendi a amar um dia. Sim, aprendi. Porque aquela primeira coisa arrebatedora que dá, aquela sensação de estar nas nuvens, aquilo se chama paixão. Amor, amor de verdade mesmo, é quando a gente sabe dos defeitos, odeia os efeitos, tem vontade de matar a pessoa, mas decide ficar. E o que te prenderia aqui se não fosse o amor? O que te faria ficar, tentar, perdoar, aceitar, curar?
Amar não é quando a gente encontra alguém que combina em tudo. É quando a gente acha alguém que pode até combinar pouco, muito pouco. Mas você quer mesmo assim.

Eu quero você.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

E se não chamasse Sofia? Se a chamassem de Maria, Joana, Cláudia, Clara, Lúcia, Adriana, Rosa, Luiza, Amanda. Todas essas possibilidades a lavariam a esses mesmos caminhos ou a vida seria outra?

As escolhas que tomou e a vida que ela tinha. Ações que provocaram reações, perdas e ganhos. As histórias que poderia ter vivido e continuado e as que viveu. Os presentes que ganhou da vida, pensava "isso eu acertei". Tinha satisfação pelo que era, não se tratava de querer ser outra pessoa. Se tratava da curiosidade do que poderia ter sido.

E à noite, quando tudo era mais silencioso e podia ficar um pouco mais perto dela mesma, ela cantarolava as músicas de outra época, via fotos, cartas, poemas. E se sentia muitas em uma só.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sem chão. Todas as cores desapareceram, todos os sonhos foram despertados. Não sei se o céu está azul ou cinza, pois não me adianta olhar a janela. O sol não está mais. O sal invade a minha boca, minha pele. Não consigo me contentar em aceitar. O amor transborda, o desespero transborda, o medo, a pena. Pena do que eu queria ter vivido, dos sonhos que serão para sempre incompletos. Parte de mim morre agora. Como irmãos gêmeos, não consigo imaginar a minha vida sem ser dois. Não sei mais ser um. As palavras, os juramentos, o programa que tinhamos marcado pra semana que vem. Tudo agora se resume às caixas que guardo suas lembranças. Preferia mil facas enfiadas na garganta, mas uma mão de amor a me segurar. E ecos na minha mente insistem "eu sempre vou fazer de tudo pra ficar com você". Não há mais o que eu possa fazer. Não há mais você. Ainda há amor.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Amor e outras drogas - Resenha.

'Amor e outras drogas' é um filme que me fez refletir sobre três coisas: a carência feminina, a atuação de Anne Hathaway e um outro filme, que dez entre dez garotas vão saber: Um amor para recordar.

Vou começar por esse último. Assisti 'Um amor para recordar' quando tinha uns 12 anos. Algumas amigas minhas compraram o filme, tinham fotos do mocinho do filme no caderno. E nós amávamos tanto esse cara (confesso que eu nem gostei tanto assim do filme) apenas por um motivo: ele amava uma garota doente. Sim, ele passou por cima de tudo. Do fato dela ser a, velha, menina mais sem sal da escola, o fato dela ter câncer e do fato dela morrer. E as últimas palavras do filme são algo parecido com "nosso amor é como o vento, não posso vê-lo, mas posso senti-lo". Nunca esqueci disso. Acontece que esse amor só foi contemplado por tantas e tantas adolescentes, porque se o cara era capaz de amar até uma garota que tinha os dias de vida contados, ele era capaz de amar nós, gordinhas, magrelas, dentuças, de cabelos rebeldes, sardentas, baixinhas ou qualquer outra.
Passou o tempo, todas nós paramos de achar 'Um amor para recordar' o filme mais sensacional da história. Passamos a viver nossas próprias histórias de amor e aí, puft: Amor e outras drogas. Calma, não vou contar o final do filme, mas dá para perceber até pelo trailer que ela não é uma moça saudável. E mais uma vez o galã, o cara bonitão e capaz de arrebatar o coração de qualquer uma, vai querer a mulher menos provável. É como se o diretor do filme sussurrasse em nossos ouvidos "Ele também poderia amar você". E quando nos damos conta, estamos em uma sala de cinema, chorando e torcendo por um final feliz.
Estava lendo o livro Clube do Filme, do David Gilmor e ele define alguns filmes como 'pecado culposos'. São filmes que você sabe, não tem lá grande percepção artística, fotográfica, se quer há bons atores. Mas você gosta tanto daquela baboseira, que se sente culpado por se apaixonar por tal alienação. Gilmor cita como exemplo 'Uma linda mulher'. É claro que em 'Uma linda mulher' salvamos a atuação, ainda imatura, de Julia Roberts , mas mesmo assim salvamos. E o mesmo acontece em 'Amor e outras drogas'. Salvo a atuação de Anne Hathaway como uma verdadeira surpresa. Ela me envolveu e, bingo! Me emocionou com um filme tão previsível, ao qual eu já conhecia a receita desde os meus 12 ou 13 anos.
Se você é um chato, que não se permite de vez em quando viver uma emoção hollywoodyana e que jamais verá mais uma comédia romântica americana, ok. Mas se você se dá o direito de rir e se emocionar com essas histórias, ainda que da mesma forma, eu recomendo. Esse filme é para a gente, que se dá o direito de ser burro um pouquinho e se apaixonar por um conto de fadas ocidental.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

E aquele jeito dela, de se apaixonar por um momento, uma música ou um sorriso. Ela se apaixonada quase todos os dias por alguém que via passar na janela do ônibus, na rua de casa, por alguém que ela imaginava existir. Gostava de imaginar a vida das pessoas, os cotidianos e as crises possíveis. Era apaixonada por gente, sentia um calor dentro de si, o coração pulsar, quando estava rodeada de pessoas. Gostava das vozes, dos dentes, das mãos. Gostava de falar e ouvir as vozes desaparecerem no ar, ecos. Se apaixonava todos os dias e também fazia apaixonar. Ela era um arco-íris temperamental. Era linda, parecia um sonho. E todos olhavam pra ela e se sentiam em casa. Ela tinha esse cheiro, esse cheiro de lençol velhinho e gostoso. Esse jeito meio tímido e nada tímido ao mesmo tempo. Ela não tinha vergonha de se expor e se virava ao avesso, mostrava a alma. Engolia homens e mulheres com o seu gigante coração.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

E então ela acordou assustada com os pingos de chuva que invadiam a janela e molhavam seu corpo sobre a cama. Apesar de sentir aquelas gotas frias entrarem como facadas na pele, não se moveu. Afinal, era uma coisa diferente. Há meses suas noites eram rotineiras e monótonas, deixar o corpo ser molhado pela chuva era uma aventura.