Marcos chegou primeiro. Sentou, pensou em pedir uma cerveja, pediu uma água. Viu Leandro se aproximar, pensou em levantar para abraçar o amigo, mas deu preguiça. Leandro chegou reclamando de alguma coisa que Marcos não conseguiu entender, pois prestava atenção em Rita. Rita era uma mulher pequena por fora, mas imensa em personalidade. Convencia qualquer um pelo cansaço, era extremamente fiel aos valores e divertia Marcos e Leandro com suas apologias malucas. Rita entrou no restaurante, sentou confortavelmente na cadeira e não deu 'oi', apenas sorriu e disse 'Sim, mas onde está ela?'. 'Ela' era Sofia, aniversariante do dia, a razão pelo qual os quatro se reuniam naquela tarde. Sofia sempre atrasava, não tinha horários, não tinha nada com ela- além do sorriso, é claro. Meia-hora se passou até que Sofia entrou no restaurante, procurando atrapalhadamente os amigos, que, é claro, já estavam lá há muito tempo. Não pediu desculpas, nem saudou ninguém, apenas enrolou o cabelo com as duas mãos e reclamou do calor. Leandro indagou sobre o atraso, Sofia fingiu que não viu e olhou para Marcos. Ela esperava alguma coisa, mas ninguém falou nada. Se olharam então por alguns segundos e cairam na risada. Era inevitável não rir. Ao redor da mesa deles existia uma infinidade de outras mesas, todas cheias de gente, mas aparentemente vazias. Pois é preciso muito mais que corpos para compor uma mesa. É preciso intimidade, piadas, cerveja, sorrisos, lembranças, remorços e carinho. Apenas bons amigos sabem compor bem uma mesa de bar.
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