Lembro como se fosse ontem o dia em que pisei pela primeira vez naquele colégio. O cheiro de tinta nas portas, a ansiedade do novo, o frio na barriga. Eu era sétima série, tinha 12 anos. Nunca vou conseguir explicar o que senti naquele dia e lá conheci pessoas que marcaram minha vida. Nunca ouvi falar de um lugar onde os alunos tivessem tanta voz como no Colégio Marista. A escola estava sendo erguida a tijolos e nós, também. Crescemos juntos com ela. Não falo só dos alunos, falo dos professores, dos funciomários, coordenadores e diretores. Não sei o porquê, mas tenho a sensação de que todas as pessoas que passaram por lá são especiais. As amizades construídas, por mais que agora estejamos distantes, naqueles momentos pareciam eternas. No Colégio Marista São Marcelino Champagnat, eu aprendi valores que levo para toda a vida. Em princípio de educar, nunca conheci proposta igual. A relação entre funcionários e alunos era de amizade. Nós vibrávamos com todos os avanços. A inauguração da quadra, da nova cantina, do campo de futebol. A inauguração do teatro. O teatro! Eu participei da cerimônia, apresentei o evento. Os jogos internos, as viagens, risadas, conflitos, lágrimas, sonhos, planos. Decidi que iria fazer jornalismo lá, tive todo o apoio que precisei. Lembro de conversar com minhas amigas e dizer " O meu filho vai estudar aqui".
Nesse momento sinto um vazio inexplicável. É estranho pensar que suas lembranças ficarão resumidas à memória. O choro vem à garganta. Se eu pudesse pedir algo, pediria para, ao menos por mais um dia, viver tudo de novo. Eu queria ver a alegria de Will, com suas aulas de teatro e dança. Queria ouvir Ângela em mais uma aula de português, Andréa ensinando o inglês. Moisés na salinha perto da coordenação. Queria ver As Justines rindo comigo. Queria ver Pedrinho, Guilherme, Thiago, Harry, Tuanny, Kptão, Victor, Cate, Hyara, Sabrina, Roberta, Renan, Júlio, Will-best , Lú e Gabi. Queria, só mais uma vez, usar aquela farda horrorosa, calça azul a blusa branca. E rir dos problemas que se tem quando a gente tem 14, 15 anos. E viver tudo de novo, como se fosse a primeira vez.
Pode ser que não tenha a chance de dizer tudo para todos. E pode ser também que todos tenham mudado tanto, que isso tudo pareça um desvio de lucidez, drama talvez. Mas eu quero dizer que o Colégio Marista São Marcelino Champagnat foi ponto fundamental na minha vida. Falo dele como um todo - pessoas, princípios, valores. Não sei quanto tempo ainda ficará funcionando, mas se eu pudesse escolher, ele jamais fecharia as portas. Parte de mim, da minha história, se acabará também.
ex aluno, sim. ex marista, nunca.
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