Foi então que, quando olhou de lado, ele a viu. Ela estava sentada na mesa, com os velhos amigos de infância dela, um vestidinho que ele tinha dado há uns dois anos e aquela velha sandália rasteira de couro, que ele odiava. O cabelo dela estava um pouco diferente, mas ele sempre confundia se o que tinha mudado era a cor ou o tamanho. E ele lá, parado, observando ela fazer aqueles mesmos atos que ela sempre fazia. Só pelo movimento de suas mãos podia saber que ela estava contando aquela história da bebedeira em buenos aires. E ela jogou o cabelo pra trás, o enrolou com um elástico e voltou a se debruçar na mesa, sorrindo.
E ai ele começou a ficar com vergonha. Vergonha da camisa de nova iorque, vergonha do tênis pseudo-alternativo-de-marca, vergonha da calça rasgada pela loja e da barba cafajesticamente mal feita. E depois da vergonha veio a saudade. Saudade daquela simplicidade dela, daquele sorriso dela, daquelas histórias dela.
E depois da saudade veio o choro. Tardio, ardente e doloroso. Demorou, mas a falta dela chegou.
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