Acontece que há quase três anos sofremos duas perdas. Meu avô e meu tio, patriarcas da família, morreram em menos de três meses de diferença. Sem dúvidas, o maior trauma de nossas vidas.
Agora eu volto na memória há uns dez anos atrás. Eu e minhas primas trancadas no quarto, conversando. Era natal. Meu avô, no terraço, recebia cada membro da família. Os filhos na cozinha, conversando sobre problemas e soluções financeiras, minha avó no fogão, os primos mais novos brincando e os mais velhos dando apenas 'uma passadinha', pois tinham outras festas a comparecer. Tudo pelo meu avô que ali, sentadinho na cadeira do terraço, acompanhava o vai e vem. Vez em quando ele contava alguma piada, buscava um livro de fotos ou algo assim. Mas, era claro, estava todo mundo mais preocupado em comer, beber e, no final da noite,chegar em casa com a sensação do dever cumprido.
A morte, pra mim, é um mistério. Ainda não aprendo a lidar com ela. As vezes choro compulsivamente, as vezes não consigo chorar. E já houve momentos até de sorrir. Porque, para mim, o amor transborda a vida. E é dessa forma, por esse amor, que a minha família superou o trauma.
Hoje nós somos mais unidos, mais fortes e mais divertidos. Quando estamos juntos, estamos de verdade. E não por obrigação ou dever, não por não saber até quando iremos ter essa oportunidade. Somos jovens. Viveremos muito ainda. Mas nos juntamos, sempre que possível, para celebrar a vida. Porque hoje, para nós, a companhia da família é a melhor companhia do mundo.
A família também cresceu. Vieram as esposas, os maridos e os bebês. Hoje são três bebês que cumprem papel de filhos, netos, bisnetos e tataranetos. São a continuação. Do sangue, da tradição e da vida.
Escritas da família no dia das mães antecipado (12/05) |
<3
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