Eu ainda consigo sentir a respiração ofegante. O quarto escuro, as cortinas fechadas. Dias e dias sem sair para ver o sol. Apenas sentindo toda aquela dor e sofrimento. Na verdade eu acho que não sentia mais nada. Tudo já estava dormente, inclusive o meu coração.
É difícil lembrar de cada parte dessa história sem precisar engolir seco e respirar fundo. Mas quando eu lembro, a única coisa que faço é agradecer. Agradecer ao tempo, a deus, à força suprema, aos espíritos, ao paraíso, a alá, a buda, a qualquer coisa que possa interferir em nossas vidas, por ter conseguido superar aqueles dias em que a tristeza me visitou sem trégua.
A música está na metade agora. Irônico, há um trecho, apenas um trecho, que me remete a uma boa sensação. Era o show da minha banda favorita e eu erguia os braços para cima, pulava e cantava. Na minha cabeça, naquele momento, eu estava feliz. Mas apenas naquele momento.
Depois vem toda a cena da chuva, o medo e, mais uma vez, o quarto escuro e solitário.
A música está no fim agora. As lembranças vão se recolhendo em meu coração.
A próxima canção é animada e me lembra um final de semana entre amigos numa praia perto da minha cidade. As lembranças ruins, por ora, foram embora. Mas uma música sempre serve para lembrar que certas coisas não passam. Não passam nunca.
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