Quando somos pequenas, leem histórias de príncipes e princesas para que possamos dormir. Durante muito tempo, ouvi minhas amigas desejarem príncipes, castelos e cavalheirismo. Leia-se cavalheirismo como atitudes cordiais de abrir a porta do carro ou puxar a cadeira para a mocinha sentar. Um homem que use roupas apresentáveis e tenha dentes brancos.
Mas do que vale ele pagar a conta se, durante o jantar, ele não ouviu uma palavra do que você disse e ainda te encheu os ouvidos falando sobre o modelo do próximo carro novo? É pensando assim que eu vejo o quanto a necessidade de parece viver um conto de fadas transforma a vida de muita gente em um verdadeiro inferno.
Eu prefiro viver com alguém de carne, osso e coração. Alguém que não abra a porta do carro, mas que alise a minha cabeça até que eu consiga dormir. Não, eu não preciso de alguém que pague minhas contas. Mas eu preciso de alguém que ouça todas as minhas angústias e minhas vitórias no trabalho. Eu não quero alguém que use a mais alta costura. Sinceramente, prefiro encontrar furinhos nas velhas camisetas surradas.
E quando eu tenho isso, acreditem, eu vivo o maior conto de fadas. Eu vivo cada olhar, cada toque ao som de uma balada só nossa. Eu não quero viver, jamais, como esses casais que não se falam durante o jantar e que vão para casa intactos, embalados na mais alta classe. Eu prefiro perder a linha com o meu par e, bêbados, rirmos da vida alheia e da nossa vida. Perder a classe, mas nunca perder o sorriso.
Não, eu não acredito em príncipes e nem em cavalheirismo. Eu acredito em chamego, em agarrado, acredito em beijo de reconciliação e acredito em cafuné. Eu não acho que o que qualificaria um homem a ser digno de ser meu seria o jeito com que ele me trata com devoção e, sim, o jeito com que ele me trata com franqueza, com respeito e amor.
Um cara desajeitado, com uma camisa surrada e sem a menor habilidade para abrir portas de carro pode transformar a sua vida em mágica. Basta saber qual o tipo de magia que vai importar no seu coração.
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