domingo, 29 de março de 2009

Um dia cinza, sede pós farra, sono. Típico domingo, com direito a angústia, pensamentos vazios, cabeça cheia. Teria sido um dia comum (que você não é especial pra ninguém), se não por isso que acabo de receber. Recebi de alguém demasiadamente querida uma verdadeira declaração. E de amor!


Olinda, 29 de março de 2009
D., amiga inestimável
É bem verdade que vivemos em freqüências diferentes e que também existam pessoas de maior importância na sua vida do que eu. Esta carta não é para convencer você a nada, também não é treino para redação, é apenas porque estava indo dormir e tive uma incontrolável vontade de prosear nossa vivência.
Mesmo com uma memória tão sistemática quanto a minha maneira linear de agir, não consigo me lembrar da primeira vez que nos falamos. Enfim, eu me lembro que já morando com meu pai, eu desabafei sobre a briga com a minha mãe. E você, sem receio e com palavras claras me tranqüilizou. E depois, nesse turbilhão de existência que você é, vieram confissões, desencontros amorosos, desabafos e conversas sem propósito. Conversas essas que deixaram piadas abstratas eternamente engraçadas. Sem esquecer os debates com meu pai, que mesmo crendo que você é louca, gosta muito de você. E a vida mostrando uma face nem sempre otimista das pessoas, em meio a surpresas e descobertas chocantes, sempre a mesma felicidade contagiante. Com você o tempo assume outra forma, num dia seu você fica triste de tarde, a noite já me liga contando os problemas e rindo. Acho que é impossível não parar de rir, a vida é uma piada mesmo. E fazendo uma alusão histórica que vem desde namorados do ginásio com poderes telepáticos até vocalistas de banda cafajestes, você ainda mantém o mesmo sorriso intrigante e apaixonante, misto de Maysa e Bill Clinton.
Sem entrelinhas e suposições sem fundamentos, é assim que funciona. Demorei tanto pra começar a falar com você, e hoje ficamos conversando até duas horas antes de o Sol nascer. Uma habilidade muito desenvolvida para convencer as pessoas, desde coisas absurdas até temas político-sócio-econômicos. Gostaria de dizer, que mesmo com alguns meses de convivência, aprendi muito, mas muito mesmo com você. Você faz parte de uma etapa de transição da minha vida, e agora sempre que sinto uma sensação de autonomia existencial me remete, dentre outras pessoas, a você.
Às vezes as amizades mais importantes, não são seus vizinhos, seus amigos de sala ou faculdade, mas alguém do outro lado da internet, numa noite quente e deitado num sofá de canguru. Duda vê só, eu sei que não sua amizade de carro-chefe, mas sempre, sempre estarei ali no cantinho, lendo e com cara de poucos amigos, pronto pra escutar e conversar sem se preocupar com o tempo nem tampouco se o telefone fica apitando com a bateria fraca. Quando conheço alguém, especificamente, mulheres não têm como não usar você como parâmetro. Eu sei que faço perguntas idiotas e poucas vezes venho com muito assunto, mas eu estou sempre disposto a compartilhar com você as sensações, boas e ruins. Acredite, mesmo falando alto, na maioria das vezes, querendo convencer a qualquer custo (hahaha), sendo arrogante, sendo isso e aquilo, eu não mudaria nada em você, nada. As pessoas são o que são, aceite e goste ou respeite e evite-as. E quando a gente fica se perguntando sobre o que vem depois da morte, bem eu não sei Duda. Mas, se existir alguma coisa, eu quero te encontrar num jardim florido e ensolarado de domingo e te dar um abraço e contar as besteiras.
Enormes Saudades, M.

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