Sofia abriu a janela do quarto, respirou profundamente. Enfim sentia o cheiro do seu velho bairro pacato de novo. Depois de semanas viajando, de tantos dias fora, percebeu que lugar algum a fazia tão bem quanto a sua própria cama. Se sentou numa poltrona que ficava estrategicamente em frente à janela. Olhou o rapaz que vendia sorvete passando e riu. Riu por sentir emoção ao ver aquela cena tão ridícula, de um cotidiano tão simples, mas que era dela. Ela olhou as paredes do quarto, os avisos e bilhetes ainda estavam colados e pensou como era bom se sentir em casa. De repente olhou algo brilhando no chão, se abaixou e pegou o pequeno pedaço de vidro. Eram cacos do porta-retrato que ela tinha jogado ao chão, momentos antes de viajar. Seus olhos encheram de lágrimas, mas mesmo assim sorriu. Lembrou que ao quebrar a foto momentos antes de embarcar, tinha como intuito não deixar nada em sua casa que lembrasse 'ele'. A viagem a faria esquecer de vez o idiota, e na volta ela nem se daria conta que a prateleira estava com uma foto a menos. Ingênua Sofia! Marcelo estava em seu coração, em sua mente, em seus gestos. Ela era ele. Suas atitudes, o que pedia, o que comia, o que dizia. Tudo ainda estava impregnado com o cheiro dele. Em vez de se aburrecer Sofia abriu uma gaveta, pegou um álbum de fotos, escolheu uma em que ele estava deitado em seu colo. Lembrou daquele dia e com detalhes conseguiu sentir o cheiro da pele dele de novo. Colocou a foto em sua prateleira, aliviada:
-Diante dos meus olhos, dentro de mim... - Fechou os olhos, abraçou a foto- Nem uma volta ao mundo arrancaria você de mim. Você estava comigo o tempo inteiro. Não posso fazer muito, então decidi que por enquanto vou continuar fazendo o de sempre: amando você.
-Diante dos meus olhos, dentro de mim... - Fechou os olhos, abraçou a foto- Nem uma volta ao mundo arrancaria você de mim. Você estava comigo o tempo inteiro. Não posso fazer muito, então decidi que por enquanto vou continuar fazendo o de sempre: amando você.
sera que eu deveria continuar postando como um anônimo? haha
ResponderExcluiradoro teus textos, eles são rapidos e fáceis de ler; simples, não simplório.
tudo tem um "que" cotidiano, uma emotividade das pequenas coisas (são elas que inspiram minhas filosofias).
continua escrevendo. você é ótima!