domingo, 1 de novembro de 2009
domingo preto e branco
"Tinha que acontecer num domingo" foi o que minha prima mais próxima me falou, se referindo às nossas velhas conversas de como domingo era um dia triste. Mas hoje foi mais triste. Eu que sempre chamei os domingos de amarelos hoje vi tudo cinza. Desbotou a cor, os sorrisos não vieram e como numa brincadeira o que era, existia e estava passou a não ser, não mais existir e não estar mais aqui. Parecia piada e como eu rezei para que fosse! A sala lotada dos seus, você no meio, como sempre foi o centro das atenções. E quantas histórias e lembranças soltas devem ter rondado aquela saleta, pois cada um de nós tinha um almanaque de recordações suas para contar. Me lembro que na infância eu, Luiza e Victor sempre armávamos um plano para entrar no seu quarto e tirar dinheiro escondido do seu paletó. É evidente que você sabia, mas mesmo assim continuava a colocar moedinhas nos bolsos, pois sabia que aquilo nos deixava felizes. Você era isso! Uma explosão de sentimentos cativantes, uma comunhão de atos generosos, bonitos, decentes. Você, meu avô amado, nos ensinou a ser honestos, independente de tudo. Nos ensinou, com o seu exemplo, que para quem amamos qualquer esforço vale a pena. E quanto esforço! Você foi o homem mais batalhador e guerreiro. Foi um pai cuidadoso, prestativo, compreensivo. Um avô que o mundo não conheceu melhor! Apaixonado pelos filhos, pelos netos, pela esposa e pela vida, jamais deixou transparecer tristeza. Excelente contador de piadas, de histórias, ria com paixão por viver. Você é o amor, você é a alegria. E você sempre estará comigo, pois sou parte de você e você de mim. Estaremos juntos sempre, ainda posso te sentir. Que sorte eu tive de ser sua neta, que sorte eu tive de ter você. Até logo, Giba.
ps: "No janga ninguém morre, negão".
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