domingo, 20 de junho de 2010

vinte de junho

"Conheço você de algum lugar" "Conhece?" - ele desdenhou. Ela apenas sorriu, o que fez ele também pensar que a conhecia, lembrou daquele sorriso. Pensou alto, "De onde?", ela conseguiu ouvir, mas nada disse. Estendeu sua mão, ele segurou. Chegou ao topo da montanha, sem perceber que tinha escalado tanto. Ela disse "Pode deitar aqui", oferecendo seu colo. Ele achou estranho não achar estranho deitar no colo de uma mulher que ele não conhecia. Ela afagou seus cabelos e disse o quanto era doce o seu olhar. Onde ele estava? Quem era aquela mulher que, apesar de tão familiar, ele jamais tinha visto antes? Dormiu em seu colo.
O sol nasceu, fez com que os machucados dele ganhassem melhora. Ela  fazia curativos uma vez na semana. Ele questionou ''Que tal fazer curativos todos os dias? Alivia tanto a dor!" Ela olhou firme nos olhos dele, "Você não pode se acostumar e eu não posso te trazer apenas boas sensações". O tempo passou de maneira veloz, ele acostumou-se com o corpo dela e o cheiro doce que possuía.
Foi em uma tarde chuvosa que um anjo apareceu. Ela tinha saído, foi procurar coisas bonitas para enfeitar a cabana, queria agradá-lo naquela noite. O anjo vestia uma capa preta, o que fez ele pensar que poderiam   ser notícias ruins. "Hoje você vai embora. Já está curado e uma hora ou outra isso vai acontecer. Antecipa o sofrimento dela, é o melhor a fazer". Ele não soube explicar o que o fez seguir o anjo, afinal, ele adorava viver daquela forma. Porém, foi embora sem deixar vestígios. Desceu  ao concreto, voltou a sentir dor, as feridas se abriram novamente.
Então em um dia, sentado em sua escada, ele sentiu um cheiro familiar. Fechou os olhos, sentiu os lábios dela tocarem os seus. Confuso, apenas ouviu a voz dela embalar seus ouvidos "Estarei sempre aqui, serei seu ponto de fuga e equilíbrio. Te ouvir, te fazer sorrir e te amar é o que eu devo fazer''. E agora ele sabia que ainda existiriam vezes em que se sentiria vivo.

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