Bem, chegou a hora das confissões. Então vamos lá. Eu não ando com laços estreitos com o futebol. Apesar de ser alvirrubra, admito que há muito não venho torcendo ou acompanhando nenhum tipo de campeonato, até mesmo os que envolvem a Seleção. Pois bem, chegou a Copa do Mundo. Antes, bem antes, o meu discurso se resumia a "Absurso! Absurdo! Um país como a África do Sul investir tanto dinheiro, construir monumentos, gastar além dos patrocínios, quando tem tanta gente por lá doente ou blá blá blá." Que, na minha opinião é um discurso válido. Mas hoje vejo que é um discurso mais cego do que os discursos dos alienados, que não enxergam causas sociais. Vou explicar...
Eu estava sentada em frente à tv. Não estava dando importância, mas uma reportagem em especial me chamou atenção. Mostrava a comunidade sul africana vibrando com a Copa 2010. Foi então que percebi que, nem que seja por um mês ou até menos, as vezes é necessário esquecer o hospital, as contas, as dores e os medos. É preciso ser feliz. Desculpem, sou leiga. Eu, nascida e criada no país do futebol, só fui reparar isso quando vi uma outra nação vibrar. Comecei então a entender que os feriados nos horários dos jogos, aqui no nosso país, são mais do que uma desculpa para não trabalhar. São tréguas de uma guerra. Guerra que participamos todos os dias, ao acordar, passar duas horas para chegar no emprego, trabalhar como cães, voltar para casa, pagar as contas, fazer faxina, dar atenção à família...
Pois bem, está na hora de mais uma confissão. No dia dois de julho, no meio do segundo tempo, quando o Brasil perdia desesperadamente para a Holanda, eu comecei a torcer por aquela vitória a partir de um determinado ângulo. Eu lembrava das vítimas das últimas catástrofes que ocorreram por conta da chuva. E aquilo me trazia desespero. Pensei "Eles precisam de um pouco de felicidade, não é justo mais tristeza."
Infelizmente Dunga e Cia. não nos trouxeram mais uma felicidade. Mesmo assim, trouxeram três jogos anteriores que nos motivaram, comoveram e sensibilizaram.
Eu sou do país do futebol, sim. Sou de um canto que hora de jogo é sagrada. Aqui a gente aprende primeiro a jogar futebol, depois a ler, escrever. Aqui ninguém se importa com falta de saúde pública, educação, violência... A Copa é e sempre vai ser mais importante.
E quer saber? Pela primeira vez na vida, e talvez única, eu sinto orgulho disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário