quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Ninguém lia seus poemas, seus versos, ninguém dava valor à sua voz. Seus planos, seus sonhos. Era tudo tão insignificante para os verdadeiros valores do mundo. De que servia-lhe amar? Era tanto, era tão imenso, tão verdadeiro e sem mentiras. Mas ele não ligava, não sabia, fingia saber, quem sabe. O que se passava dentro da cabeça dele era só dele e ninguém mais sabia. Ela, por sua vez, abria todas as portas do seu coração. Dizia tudo, falava de quase tudo. Ecos vazios. Reposta ela não tinha. Esperava que algum dia alguém a compreendesse. Chateada, humilhada, descareditada. Ela seguiu a esperar.
domingo, 17 de outubro de 2010
Modinha sim, modinha não.
Acho moda uma coisa engraçada. Não sou adepta e fã de modonas e modinhas, mas acho engraçado e, de certo modo, interessante. Lembro quando eu tinha uns dez anos, todas as minhas amigas usavam mexas loiras no cabelo, duas mexas para ser mais exata. Uma coisa meio boi lambeu. Eu quis porque quis fazer aquelas mexas, meu pai insistia "Filha, o legal é ser diferente". Mas eu não o ouvi. E pronto, eu gordinha, de cabelos cacheador, uma franja rebelde no meio da testa, com duas mexas loiras assombrando acima dos olhos. Também usei sandália Djean e meião colorido. Boina e saia de prega. Gostei de KLB, Sandy & Jr, Wanessa Camargo, gostava de Malhação. E aí veio a adolescência. Foi quando tive que tomar uma difícil decisão. Quem eu iria ser? Eu ia seguir o caminho das micareteiras, adorar Ivete, Chiclete e Bandetes? Ou ia ser forrozeira, aquele forró estilisado, universitário? Ah, eu também podia ser patricinha, ir para a boate, dançar house e psy. Ok, com um pouco mais de lucidez, resolvi não me adequear à moda de ninguém e seguir meus próprios passos. Não quis mais ser a gordinha de mexas loiras cacheadas. E, por coincidência, fui gostar de coisas que as pessoas taxaram e rotularam como modinhas 'cults'. Eu gosto de ir ao Recife Antigo, gosto de usar sandália rasteira, uma das minhas bandas preferidas se chama Los Hermanos. O quê? Los Hermanos? Então você faz parte daquele grupo que usa óculos cult, saias coloridas, vestidos xadrez e vai ao Cinema da Fundação? Não. É fogo! No Recife Indoor tem mais de 30.000 meninas com tinturas idem nos cabelos, dançando passos coreografados e com a mesma quantidade de blush e vocês querem falar do meu Los Hermanos? Não entendo. Em agosto desse ano, quando começaram a vender ingressos do show, via comentários do tipo 'esse fanatismo é ridículo'. Mas nunca vi ninguém reclamar dos adesivos nos carros com a frase "Chicleteiro eu, chicleteira ela". Talvez seja inveja alheia. Pronto, falei.
Na última sexta, vivi uma das emoções mais lindas da minha vida. Fã de Los Hermanos que sou, nunca tinha ido a um show dos caras. Fã farrapeira, aceito e admito. Mas é a banda que eu fui mais viciada em toda a vida. Cada música me fazia lembrar um momento diferente da minha vida. Em alguns momentos, as lembranças foram tão fortes que me emocionei. Chorei mesmo, abri o berreiro. A sorte é que dos tantos mil que estavam lá, só o meu namorado conseguia me enxergar. Eu ouvi milhares de pessoas cantando uma só voz, com emoção e verdade. Queria mais, mais, mais. Mas disseram que foi a última vez. Uma pena. Talvez um dia, ir a esse show, com aquelas roupas e aquelas músicas, pareça tão infantil como fazer mexas loiras na franja cacheada. Daqui pra lá, eu canto mais um pouco.
http://www.youtube.com/watch?v=1h5C9mAtCYE&feature=related
Na última sexta, vivi uma das emoções mais lindas da minha vida. Fã de Los Hermanos que sou, nunca tinha ido a um show dos caras. Fã farrapeira, aceito e admito. Mas é a banda que eu fui mais viciada em toda a vida. Cada música me fazia lembrar um momento diferente da minha vida. Em alguns momentos, as lembranças foram tão fortes que me emocionei. Chorei mesmo, abri o berreiro. A sorte é que dos tantos mil que estavam lá, só o meu namorado conseguia me enxergar. Eu ouvi milhares de pessoas cantando uma só voz, com emoção e verdade. Queria mais, mais, mais. Mas disseram que foi a última vez. Uma pena. Talvez um dia, ir a esse show, com aquelas roupas e aquelas músicas, pareça tão infantil como fazer mexas loiras na franja cacheada. Daqui pra lá, eu canto mais um pouco.
http://www.youtube.com/watch?v=1h5C9mAtCYE&feature=related
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
'mas um pedaço de mim estará sempre aqui....'
Lembro como se fosse ontem o dia em que pisei pela primeira vez naquele colégio. O cheiro de tinta nas portas, a ansiedade do novo, o frio na barriga. Eu era sétima série, tinha 12 anos. Nunca vou conseguir explicar o que senti naquele dia e lá conheci pessoas que marcaram minha vida. Nunca ouvi falar de um lugar onde os alunos tivessem tanta voz como no Colégio Marista. A escola estava sendo erguida a tijolos e nós, também. Crescemos juntos com ela. Não falo só dos alunos, falo dos professores, dos funciomários, coordenadores e diretores. Não sei o porquê, mas tenho a sensação de que todas as pessoas que passaram por lá são especiais. As amizades construídas, por mais que agora estejamos distantes, naqueles momentos pareciam eternas. No Colégio Marista São Marcelino Champagnat, eu aprendi valores que levo para toda a vida. Em princípio de educar, nunca conheci proposta igual. A relação entre funcionários e alunos era de amizade. Nós vibrávamos com todos os avanços. A inauguração da quadra, da nova cantina, do campo de futebol. A inauguração do teatro. O teatro! Eu participei da cerimônia, apresentei o evento. Os jogos internos, as viagens, risadas, conflitos, lágrimas, sonhos, planos. Decidi que iria fazer jornalismo lá, tive todo o apoio que precisei. Lembro de conversar com minhas amigas e dizer " O meu filho vai estudar aqui".
Nesse momento sinto um vazio inexplicável. É estranho pensar que suas lembranças ficarão resumidas à memória. O choro vem à garganta. Se eu pudesse pedir algo, pediria para, ao menos por mais um dia, viver tudo de novo. Eu queria ver a alegria de Will, com suas aulas de teatro e dança. Queria ouvir Ângela em mais uma aula de português, Andréa ensinando o inglês. Moisés na salinha perto da coordenação. Queria ver As Justines rindo comigo. Queria ver Pedrinho, Guilherme, Thiago, Harry, Tuanny, Kptão, Victor, Cate, Hyara, Sabrina, Roberta, Renan, Júlio, Will-best , Lú e Gabi. Queria, só mais uma vez, usar aquela farda horrorosa, calça azul a blusa branca. E rir dos problemas que se tem quando a gente tem 14, 15 anos. E viver tudo de novo, como se fosse a primeira vez.
Pode ser que não tenha a chance de dizer tudo para todos. E pode ser também que todos tenham mudado tanto, que isso tudo pareça um desvio de lucidez, drama talvez. Mas eu quero dizer que o Colégio Marista São Marcelino Champagnat foi ponto fundamental na minha vida. Falo dele como um todo - pessoas, princípios, valores. Não sei quanto tempo ainda ficará funcionando, mas se eu pudesse escolher, ele jamais fecharia as portas. Parte de mim, da minha história, se acabará também.
ex aluno, sim. ex marista, nunca.
Nesse momento sinto um vazio inexplicável. É estranho pensar que suas lembranças ficarão resumidas à memória. O choro vem à garganta. Se eu pudesse pedir algo, pediria para, ao menos por mais um dia, viver tudo de novo. Eu queria ver a alegria de Will, com suas aulas de teatro e dança. Queria ouvir Ângela em mais uma aula de português, Andréa ensinando o inglês. Moisés na salinha perto da coordenação. Queria ver As Justines rindo comigo. Queria ver Pedrinho, Guilherme, Thiago, Harry, Tuanny, Kptão, Victor, Cate, Hyara, Sabrina, Roberta, Renan, Júlio, Will-best , Lú e Gabi. Queria, só mais uma vez, usar aquela farda horrorosa, calça azul a blusa branca. E rir dos problemas que se tem quando a gente tem 14, 15 anos. E viver tudo de novo, como se fosse a primeira vez.
Pode ser que não tenha a chance de dizer tudo para todos. E pode ser também que todos tenham mudado tanto, que isso tudo pareça um desvio de lucidez, drama talvez. Mas eu quero dizer que o Colégio Marista São Marcelino Champagnat foi ponto fundamental na minha vida. Falo dele como um todo - pessoas, princípios, valores. Não sei quanto tempo ainda ficará funcionando, mas se eu pudesse escolher, ele jamais fecharia as portas. Parte de mim, da minha história, se acabará também.
ex aluno, sim. ex marista, nunca.
Assinar:
Postagens (Atom)