domingo, 26 de fevereiro de 2012

- Alô.
- Oi, sou eu. Por que você nunca atende o celular de primeira?  To te ligando há horas, querendo que você me escute, olha, to com um problemão, to precisando de ajuda.
- Se eu não atendi, eu estava ocupado, Sofia. Jesus, quando você vai entender que eu não vivo 24h para você?
- Ai, mais eu bem queria que você vivesse, viu? Eu ia evitar de fazer tanta besteira. Escuta, vou te contar a minha história do começo e aí você vai opinar sobre o que eu devo fazer certo?
- Certo.
- Então, tem esse cara, eu conheci ele por uma amiga e..
- Eeeeeeeeeei! Encontrei a Marcela ontem. Lembra da Marcela? Aquela que estudou com a gente na primeira série?
- A Marcela estranha ou a Marcela que tinha um estojo rosa?
- Acho que era a estranha.
- Ok, ok, mas vamos voltar pra minha vida, porque eu já disse, tá um caos, você precisa me ajudar a resolver.
- Tá, conta, você fica enrolando.
- Eu fico enrolando, João? Eu to aqui há quarenta minutos tentando te fazer me ouvir. E você fica falando da Marcela tal, da outra Marcela, dizendo que eu não posso contar com você 24h por dia etc
- Epa! Eu não disse isso. Eu disse que eu não vivo 24h por você, mas você pode contar comigo 24h horas por dia, sim. Se sua causa for mais importante, eu largo o que eu tiver fazendo para te ajudar.
- Tipo hoje que você não atendeu o telefone?
- Ah, mas hoje a minha causa era mais importante.
- E qual era a sua causa?
- Sabe a vizinha do cachorro? A que tem que descer de escada porque o cachorrinho dela não vai no colo de jeito nenhum?
- Arram, a que usa um perfume insuportável? Sei.
- Então... Ela veio aqui hoje.
- Fazer o quê? Ai, meu deus! Vocês? Vocês...? Conta tudo!
- Ai, eu não vou contar essas coisas pra você, Sofia. Depois você sempre tira sarro da minha cara.
- Não, não tiro.
- Sô, meu pai tá me chamando aqui, ele quer que eu ajude ele a pendurar uns quadros na parede. Desculpa sair na pressa, espero ter te ajudado aí com seus problemas.
- Tá bom, João. Manda um beijo pro Tio!

O pior é que tinha ajudado mesmo. Há dias em que nada é mais orientador e confortante do que a voz do seu melhor amigo.

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