quarta-feira, 20 de junho de 2012

O anel do azar.

Adoro um brechó, um bazar e afins. Acho o máximo. Me assusta um pouco vestir roupas de gente morta, é verdade, mas eu sou corajosa. Já comprei bolsas, vestidinhos, blusinhas e nunca tive problemas. Também conheço quem compre e acho que, hoje em dia, virou até hype.
Acontece que entre todas as variedades disponíveis nos brechós da vida, eu nunca, nunquinha mesmo, simpatizei com uma coisa: as joias.
Não que eu esteja falando de diamantes e esmeraldas, mas até as mais simples das bijoux me deixam receosas de comprá-las depois que alguém já tenha usado.
Uma vez li, em alguma revista imbecil, que as joias carregam o peso do coração de uma mulher. Aquilo ficou na minha cabeça e sempre achei que pedras e correntes poderiam carregar energias por muito mais tempo do que roupas, móveis, casas ou carros. São objetos pessoalíssimos, desses que se escolhe a dedo antes de pôr no corpo.
Pois bem, mês passado eu saí para almoçar com uma amiga e ela usava um lindo anel. Ela recatada toda, logo reconheceu que o anel era a-minha-cara e  tirou do dedo para que eu pudesse experimentar. Quando ela viu meus olhinhos brilhando, concedeu que eu ficasse com a peça e eu pulei de alegria  com o presente.
Acontece que essa minha amiga não é lá o melhor exemplo para alto astral. Ela reclama de tudo, tudo mesmo, o tempo inteiro. E nada para ela é bom ou excelente. Acho que nunca a vi ter uma crise de riso. Enfim, uma pessoa das quais não descreveria como alguém leve.
Hoje saí de casa parecendo que ainda estava de pijama e coloquei o anel para dar um up no visual. Ele, de tão lindo, ganhou logo o gosto das amigas do trabalho que perguntaram onde eu tinha comprado. Expliquei que tinha sido presente. Acontece que desde que eu pus aquele danado daquele anel, meu dia começou a dar errado.
Veio uma dor de cabeça dos infernos, o trabalho, que estava super calmo, me prendeu até às 21h e o encontro marcado com o namorado foi cancelado por outros compromissos. Li um texto de uma ONG que me deixou com um nó na garganta até agora e perdi o ônibus para a faculdade.
O tempo inteiro pensava 'tenho certeza que é essa porcaria no meu dedo', mas tentava pensar em outra coisa para não dar asas à minha fantástica imaginação. Exausta, na volta pra casa tomei um táxi e tirei o anel. Na mesma hora, o taxista liga a TV portátil e eu abro o primeiro sorriso do dia com uma cena da novela. O mundo parecia mais leve naquele momento.
Cheguei em casa e encontrei mãe, avó e tia em frente à TV me esperando com pão doce para o jantar.
Coincidência ou não, parece que o dia só começou quando guardei o anel na última gaveta jurando nunca mais usar. E a minha amiga que não me escute, mas boas vibrações são fundamentais.

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