terça-feira, 29 de setembro de 2009

ao meu amigo Marcelo Freire

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles"

Essa frase abre bem sobre aquilo que quero falar. Bem, em toda minha vida tive uma certa dificuldade em ser amável com aqueles que amei. As pessoas que mais amei na vida foram também as que mais magoei. Talvez por na maioria das vezes eu também me sentir amada por elas, e terminar agindo como 'eu mesma', transparecendo todo o meu ódio e fervor egoísta.
Numa altura da vida onde já não faz amigos de infância, conheci o maior amigo de infância que poderia ter conhecido - por mais que o tempo parecesse esgotado para esse tipo de relacionamentos. Esse amigo me mostrou que eu poderia ser importante em sua vida, que ele iria me ouvir, me entender, me ouvir mais (é, ele costumava me ouvir bastante) e o mais importante de tudo: me aceitar. Ele me aceitou da forma que eu era, sem pedir que eu mudasse nada. Por muitas vezes trocamos o dia pela noite, viramos madrugadas conversando ao telefone - ao som irritante de uma bateria descarregando, mas também ouvindo gargalhadas 'frenéticas', com piadas sem sentido, que ninguém mais entendeu. Por vezes me perguntei: "Esse alguém é real?" Todas as vezes que teve oportunidade de me ser doce, ele foi. E mais, em todas as vezes em que desabafei, contei meus casos, acasos, meus absurdos. Sempre soube que ele foi e sempre será o grande expectador de minha vida. Ele foi, mais do que todos, um grande e imenso amigo. Como irmãos brigam, nós também brigamos. E fazemos as pazes, e contamos histórias, e rimos do desespero (tanto nosso como alheio). Tentamos ridiculrizar os outros, questionamos coisas absurdas, procuramos sentido para os mistérios. Sentido, ele pra mim não faz o menor sentido. O vejo como um caçula, pois ele ainda não tem noção da dimensão do seu poder de crescimento. Sei que um dia ele terá e nesse dia talvez ele não me veja tanto como me vê hoje (ele me olha com olhos de admiração caçula, desses que implicam muito com a irmã mais velha, mas que a amam mesmo assim).
Mesmo com todas as nossas diferenças, mesmo com todas a nossa 'indiferença', mesmo com todos os motivos que são evidentes e que nos separam neste planeta, ele é a maior prova de amor que eu já tive. E sei que seremos amigos até o fim, até o dia em que acharemos as respostas para todas as perguntas. E nesse dia, quando não restar mais nada a questionar, teremos de recordação todas as risadas 'frenéticas', todas as brigas feitas, todas as reconciliações de mau gosto, toda a admiração cultivada, toda a confiança construída. Todo o amor do mundo. O maior amor do mundo.

ps: te espero num jardim florido, para contar as besteiras ;)

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