quinta-feira, 30 de julho de 2009

A minha pele tem vestígio de mentirao
Meu corpo grita querendo liberdade da redoma criada
Minha mente anda cansada, procurando a saída
Meus braços não aguentam mais o ritmo, o ensaio
Cala, aguenta, beija, goza, mente
Na solidão de ser só descobri que quero gente

Uma sombra pra pisar, uma sombra e mais nada
O ódio do meu peito me faz gritar calada
O corpo que queima contra o seu, pede por carne
A mentira que te faço falar, soa como o sossego do domingo a tarde
Reviro a história atrás de desculpas que possam me igualar
A toda escória da minha vida, que, uma vez, já deixei que me matassem

Um nó aperta minha garganta
Os dedos do vazio deslizam meu corpo
Sinto saudades do equilíbrio, agora distante
Num baú de lembranças me afogo em quem era, me afogo em você
É como estar acorrentada junto à porta de saída
Não sei como não me sentir suja

Rodrigo Lins e Maria Eduarda Ferraz

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sofia: placas de carro não dizem nada


Sofia naquela manhã colocou a calcinha e o sutien da sorte. Não tomou o suco de maçã em caixinha, porque toda vez que ela tomava aquele bendito suco acontecia algo ruim. Tentou sair de casa com o pé direito e rezou no caminho para que tudo desse certo. De nada adiantou, a vaga do emprego tinha sido preenchida. Merda. Saiu do alto prédio empresarial e parou na banca de revista, pediu ao rapaz da banca que lhe desse uma carteira de Carlton, mas voltou atrás quando a voz irritante da consciência lhe disse que ela tinha parado de fumar. Saco! Nem fumar ela podia. Passou uma ambulância e Sofia tinha mania de somar todos os números das placas até totalizar apenas um. Era uma brincadeira que sua mãe tinha lhe ensinado e ela levava essa mania por toda vida. Somou todos os números, deu o número 8. O número significava ódio e era exatamente o que Sofia sentia naquele momento. Que dia azarado! Resolveu ir andando pra casa e enquanto pensava na bela porcaria que era sua vida, tropeçou e caiu nos braços de um anjo. E um anjo de carne osso. E de repente nasce um belo dia.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O mundo é uma bola

O filosófico trecho da música de brega me trouxe pensamentos e me fez chegar a conclusões. Se o mundo gira, o mundo é uma bola, uma roda gigante ou sei lá o quê, é preciso estar preparado para passar por situações parecidas com essas de agora. A verdade é que não estamos. Esperamos sempre o novo, o diferente, o que na verdade nunca acontece. Na nossa vida as coisas são na grande maioria das vezes muito parecidas, quando não idênticas. Administrar a morte de alguém, o aperto de uma despedida, a impaciência de uma fila de banco, a dor de uma decepção amorosa, a saudade dos amigos, a saudade de quem era você. E quem era você? O que você fez com seu tempo, o que o seu tempo fez com você? Você só repara que mudou quando passa no mesmo trecho da roda gigante e nota que ops! tem algo diferente aqui. Quem você deixou pra trás no caminho? Quanto de quem você era você já não é mais? Você prefere isso de agora ou o você de antes? E quem vai saber...