SOUL KITCHEN - ALEMANHA, 2009. DIRETOR: FATIH AKIN, COM : MORITZ BLEIBTREU, BIROL üNEL)
Primeiro gostaria de falar especialmente do protagonista Zinos. Zinos é um cara baixinho, um tanto quanto gordinho, que tem uma maré ruim em sua vida. E essa maré, meus amigos, dura o tempo necessário para que a vida dele mude completamente, na pior intensidade que vocês conseguirem imaginar.
Sua namorada vai morar em Shanghai, seu restaurante anda sem movimento e a tendência é que chegue a falir. Um novo chef de cozinha é contratado e os clientes rejeitam a nova comida. Zinos descobre que está com um sério problema na coluna e ainda tem que administrar as novidades do seu irmão que está preso e acaba de conseguir o regime semi-aberto.
Ufa! Até fiquei cansada de falar toda essa rotina desse pergonagem. A verdade é que Soul Kitchen, apesar de ter seu cenário principal como a verdadeira derrota, fala da grande vitória de nossas vidas. Superar cada obstáculo, sempre ver uma nova tentativa, acreditar no futuro e em seu potencial. Isso ocorre na vida de Zinos, na minha vida, na vida de vocês. E é por isso que Soul Kitchen, apesar do cenário Alemão, chega tão perto de nossas vidas. Conhecer e descobrir verdadeiros amigos, decepcionar e curar o coração, começar do zero e enxergar nisso uma nova chance para o acerto.
A riqueza dos personagens é peculiar. Há o restaurador de barcos, que é inquilino de Zinos e, apesar da vontade de parecer distante, é o maior fã daquele restaurante. Os garçons são o exemplo de fidelidade, lutando sempre por aquele patrimônio, pelo emprego e pelo amigo. A agente do governo é o retrato de que, todos nós, somos um pouco de tudo nessa vida. Sem dúvidas há um grande recheio de seres incríveis.
Na verdade Fatih Akin (diretor) tem o dom de prender nossos olhos na tela. Isso ocorre ainda mais nas empolgantes cenas de dança, onde todos no restaurante curtem o som do DJ amador. Também há diálogos ricos, com as reais emoções do ser humano.
Zinos e seus amigos são personagens muito mais próximos das pessoas de carne e osso do que vocês podem imaginar. Não há mocinhos, nem vilões nessa história. O que acontece é o retrato da vida- seja o foco a dureza ou a fé na melhoria.
Vale a pena conferir!
Por: Maria Eduarda Ferraz
segunda-feira, 26 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
i miss you (so much)
A sua falta. Ah, a sua falta é a coisa mais importante do mundo. A dor que eu sinto, a saudade que eu sinto, são os maiores sentimentos do mundo. É estranho querer te ver. É estranho ter tempo de ir aí na tua casa, tomar um café contigo...mas perceber que não adianta mais ter tempo. É difícil não te ter mais comigo, não sentir teu carinho. Sinto falta da tua voz, dos teus conselhos. Acho que algumas vezes quando conversei contigo não prestei muita atenção. Merda. Era pra eu ter gravado todas as nossas conversas, não só na memória, mas também em um gravador, para que o tempo não levasse toda a tua voz de mim. E tuas risadas? Bem, ninguém no mundo sorri tão lindo. A última cena não me sai da cabeça, mas as que marcam mais são as de antes. Quando você se fingia dormir, só pra não acabar com nossa brincadeira de espiar. Ou quando guardava aquele doce pra mim, na primeira porta da dispensa. Tua casa não é mais tua casa, teus filhos estão tão desunidos. Teus netos, bem, já não se conhecem mais como primos. E tu sem estares aqui, pra colocar ordem em toda essa bagunça. Queria te sentir um pouco mais perto. Queria te ouvir um pouco mais, te abraçar. Sonhei contigo, te abracei tão forte. Será que era você? Teu cheiro. Saudade do teu cheiro. Dias e mais dias. E nada é igual sem você aqui.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Dia de cão
Sofia tinha um sistema paradoxal de se sentir para com o mundo. As vezes ela estava sozinha em seu canto, mas se sentia completamente acompanhada. Outras tantas ficava rodeada de gente, mas se sentia só. Hoje era um dia que Sofia se sentia só.
Os sons da rua pareciam estar em uma sintonia muito distante. Sofia se esforçou para cantar a música do rádio, prestar atenção na conversa da colega ou apenas conversar com alguém. Tudo para esquecer, abstrair que estava em um dia ruim. Nada adiantou. Tudo permaneceu assim, como acordou. E o sol já começava a se pôr. O desespero bateu mais forte, pois é na melancolia da noite que os sentimentos se aguçam - bons ou ruins.
Chegou em casa, se trancou no quarto. Não precisava, estava sozinha em casa. Mas girou a chave apenas para ter um pouco mais de certeza que nada iria atrapalhar sua solidão. Viu a antiga pilha de vinis, pensou "Quando vou ter tempo de arrumar isso?". Tempo. Era isso que lhe faltava. Para si e para o mundo.
O telefone tocou, o celular descarregou de tanto chamar. Até o interfone desparou, mas Sofia não se movia. Seja lá quem fosse, seria incapaz de entender sua solidão crônica, aquilo que lhe fazia querer matar toda a humanidade - já que não faria difirença. Fechou os olhos, sentiu o sono chegar. E respirou fundo, pedindo que no outro dia a disposição chegasse.
Os sons da rua pareciam estar em uma sintonia muito distante. Sofia se esforçou para cantar a música do rádio, prestar atenção na conversa da colega ou apenas conversar com alguém. Tudo para esquecer, abstrair que estava em um dia ruim. Nada adiantou. Tudo permaneceu assim, como acordou. E o sol já começava a se pôr. O desespero bateu mais forte, pois é na melancolia da noite que os sentimentos se aguçam - bons ou ruins.
Chegou em casa, se trancou no quarto. Não precisava, estava sozinha em casa. Mas girou a chave apenas para ter um pouco mais de certeza que nada iria atrapalhar sua solidão. Viu a antiga pilha de vinis, pensou "Quando vou ter tempo de arrumar isso?". Tempo. Era isso que lhe faltava. Para si e para o mundo.
O telefone tocou, o celular descarregou de tanto chamar. Até o interfone desparou, mas Sofia não se movia. Seja lá quem fosse, seria incapaz de entender sua solidão crônica, aquilo que lhe fazia querer matar toda a humanidade - já que não faria difirença. Fechou os olhos, sentiu o sono chegar. E respirou fundo, pedindo que no outro dia a disposição chegasse.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
SOFIA
O mundo parou. Essa era a sensação. Nenhuma música nova a viciava, nenhum programa parecia interessante, nenhuma estréia boa nos cinemas. Tudo bem, era só um daqueles períodos amarelos, onde tudo parecia estar estagnado. Fazer o quê? Esperar que tudo mudasse, afinal, nada permanece da mesma forma por muito tempo. Pensou em largar o emprego. Pensou em pintar o cabelo. Pensou em fugir da cidade, em sumir de si. Que saudade. Saudade de quê? De tudo. Tudo o quê? Sabe lá de quê...
As vezes era necessário buscar ar.
As vezes era necessário buscar ar.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
sofia
- Ah, vou ao cinema com o Fred, se quiser vir...
Não. Sofia desligou o décimo quinto telefonema desesperado para sair de casa. Não, ela não queria sair com a amiga e o Fred, não queria segurar vela de novo. Desistiu. Ficar em casa, essa é a questão. Ligou a TV, estava naquele canal de propagandas, onde uma loira gostosa fazia demonstrações de como ter uma barriga sequinha em três dias. Três dias... Sofia tentava ter uma barriga sequinha desde... desde que ela se lembrava.
A vida inteira servindo a todos, sendo tão amiga, compreensiva e sorridente. E aí bastou Sofia surtar (por um feriadão, vale salientar) que todos pareceram sumir. Estava tudo errado, ela não queria ficar ali sozinha, se tivesse alguém que merecia sumir, esse alguém era ela. Por mérito, merecimento. Nem isso. Estava condenada ao programa do abdomen perfeito, ao último gole de vodka que sobrava numa velha garrafa. Mais que isso, Sofia estava condenada a mais uma dor de amor. De novo? Sim, de novo. Mas esse filme ela já sabia de trás para frente. Ia doer agora, ia doer semana que vem. Depois ia começar a melhorar e salve as vezes que encontrasse o desgraçado sorridente, acompanhado de uma vigarista, quase não haveria recaída. Mas o agora é que importava. Importava a dor demasiada de Sofia. Importava o barulho na rua, mostrando que todos tinham uma vida mais importante e feliz que a dela. Importava a tábua de frios em cima da mesa, esperando um jantar a dois. O que mais importava? Nada. Aquela dor familiar já estava camuflado no cansaço da repetição de se decepcionar. E, queridos, quando Sofia se acostumava com uma coisa, ela geralmente desprezava. Então desprezou a dor. Acordou no meio da madrugada no sofá, com a tv fora do ar e uma luz amarelada na casa. Mas antes mesmo de abrir os olhos, Sofia lembrou que estava triste. E por estar triste, merecia mais um pouco de sofá. A tv chiava, o coração doía. E Sofia fazia um esforço tremendo para , novamente, deixar de amar.
Não. Sofia desligou o décimo quinto telefonema desesperado para sair de casa. Não, ela não queria sair com a amiga e o Fred, não queria segurar vela de novo. Desistiu. Ficar em casa, essa é a questão. Ligou a TV, estava naquele canal de propagandas, onde uma loira gostosa fazia demonstrações de como ter uma barriga sequinha em três dias. Três dias... Sofia tentava ter uma barriga sequinha desde... desde que ela se lembrava.
A vida inteira servindo a todos, sendo tão amiga, compreensiva e sorridente. E aí bastou Sofia surtar (por um feriadão, vale salientar) que todos pareceram sumir. Estava tudo errado, ela não queria ficar ali sozinha, se tivesse alguém que merecia sumir, esse alguém era ela. Por mérito, merecimento. Nem isso. Estava condenada ao programa do abdomen perfeito, ao último gole de vodka que sobrava numa velha garrafa. Mais que isso, Sofia estava condenada a mais uma dor de amor. De novo? Sim, de novo. Mas esse filme ela já sabia de trás para frente. Ia doer agora, ia doer semana que vem. Depois ia começar a melhorar e salve as vezes que encontrasse o desgraçado sorridente, acompanhado de uma vigarista, quase não haveria recaída. Mas o agora é que importava. Importava a dor demasiada de Sofia. Importava o barulho na rua, mostrando que todos tinham uma vida mais importante e feliz que a dela. Importava a tábua de frios em cima da mesa, esperando um jantar a dois. O que mais importava? Nada. Aquela dor familiar já estava camuflado no cansaço da repetição de se decepcionar. E, queridos, quando Sofia se acostumava com uma coisa, ela geralmente desprezava. Então desprezou a dor. Acordou no meio da madrugada no sofá, com a tv fora do ar e uma luz amarelada na casa. Mas antes mesmo de abrir os olhos, Sofia lembrou que estava triste. E por estar triste, merecia mais um pouco de sofá. A tv chiava, o coração doía. E Sofia fazia um esforço tremendo para , novamente, deixar de amar.
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